Danny Rose England Belgium World Cup

Copa do Mundo ‘anunciou’: Tottenham na semifinal da Champions não é surpresa

Quando olhamos para as semifinais da Champions League, não há nenhuma surpresa em ver Barcelona e Liverpool: o primeiro é o time de Messi e Suárez, o segundo é o atual vice-campeão e conta com a trinca Mané-Salah-Firmino (além de um inspirado Van Dijk). O Ajax pode ser considerado a grande surpresa, mas o fator místico representado pelo chamado ‘peso da camisa’ parecia nos fazer acreditar um pouco mais que os holandeses poderiam voltar a figurar entre os quatro melhores do continente – mesmo passando sobre Real Madrid e Juventus.

Com o Tottenham a história foi um pouco diferente, apesar do grande trabalho feito por Mauricio Pochettino nos últimos anos. Os Spurs enfrentaram o poderoso Manchester City, um bicho papão dentro do futebol inglês e que tinha o favoritismo para avançar. A disputa foi épica e entrou para a história da Champions League: pelo jogo em si e pela influência positiva do VAR, validando um gol dos londrinos e anulando outro dos mancunianos. A derrota por 4 a 3 serviu para levar a equipe menos acreditada adiante na disputa. Cortesia da vitória por 1 a 0 na ida.

Foi o retorno do Tottenham às semifinais do principal torneio europeu de clubes após 57 anos. A última e única vez havia sido em 1962, quando a equipe que havia sido campeã inglesa foi parada somente pelo mítico Benfica de Eusébio. Uma época em que os Spurs viveram um de seus melhores momentos. Tanto, que Bobby Moore, capitão da seleção inglesa que levantaria o título mundial em 1966, causou uma grande saia-justa ao manifestar sua vontade de deixar o West Ham para defender o rival londrino com a alegação de que ali teria chances reais de ser campeão nacional. No final das contas, jamais atuou pelo Tottenham.

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O emblema londrino obviamente é o menos habituado a semifinais europeias em meio aos gigantes Barcelona, Liverpool e Ajax. Os holandeses têm uma camisa mais pesada historicamente do que a do Tottenham, mas no futebol atual estão longe do orçamento recebido pelas equipes inglesas e de outras praças europeias. Teve que aliar a sua tradição a um dos trabalhos de base mais espetaculares do mundo. Na comparação das ‘zebras’, que duelarão por um lugar na final, o time treinado por Pochettino leva vantagem no poder aquisitivo, mas também aparece com destaque na prospecção de talentos.

Danny Rose England Belgium World CupDanny Rose, um dos oito jogadores do Tottenham divididos entre Inglaterra e Bélgica no Mundial (Foto: Getty Images)

E é exatamente quando olhamos os feitos recentes dos quais participaram alguns dos jogadores do Tottenham que notamos que não é por acaso vê-los tão longe na Champions League. Considerando os países semifinalistas da Copa do Mundo de 2018, o clube londrino foi quem mais cedeu atletas no somatório entre Inglaterra (5 jogadores), Bélgica (3) e França (1). Foram nove nomes dentre as quatro melhores seleções  - Liverpool e Barça cederam quatro.

Seleções Copa 2018Convocados do Tottenham
InglaterraHary Kane (atacante), Dele Alli (meia-atacante), Eric Dier (defensor), Trippier (lateral), Danny Rose (lateral)
BélgicaAlderweirald (zagueiro), Vertonghen (zagueiro), Moussa Dembele (meio-campo, negociado em janeiro)
FrançaLloris (goleiro)

Base da seleção inglesa, onde empresta talentos como Harry Kane (que não jogou contra o City e, lesionado, está fora do restante da temporada) o Tottenham soube trabalhar quase que silenciosamente em meio ao cenário de contratações cinematográficas e  soube montar um time com atletas tão jovens quanto cada vez mais experimentados nos maiores torneios do mundo. Até onde os Spurs podem chegar na Champions League é uma incógnita. Eles não são favoritos ao título, mas a presença nas semifinais está longe de ser uma surpresa. Quem acompanhou a Copa do Mundo com atenção sabe disso.

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