Dos campos de refugiados na Uganda para a Copa na Rússia: a história do ‘dinamarquês’ Pione Sisto

Conheça a bonita trajetória do atacante da Dinamarca na Copa do Mundo de 2018

Pione Sisto recebeu homenagem de seu pai em ritual de sorte após convocação para a seleção dinamarquesa
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A história de Pione Sisto Ifolo Emirmija é mais uma prova de que nada é impossível. O atacante que vestirá a camisa 23 da Dinamarca na Copa do Mundo na Rússia nasceu em 1995, quando seus pais, nascidos no Sudão do Sul, tinham fugido para Kampala, capital de Uganda, devido a guerra civil que durou mais de 20 anos em seu país natal. E com apenas dois meses, Sisto e sua família conseguiram refúgio na Dinamarca, onde começaria a realização de um sonho.

O início de vida no novo país não foi nada fácil. Uma família negra, com cultura e tradições completamente diferentes, teria que se adaptar e superar as dificuldades. Sisto encontrou no futebol a forma de vencer qualquer preconceito. O garoto passava todo o tempo jogando bola, fosse nas ruas, com os vizinhos, ou mesmo na escola, pelos corredores e pátios. Com sete anos já chamava atenção dos olheiros de diversos clubes dinamarqueses, e começou a jogar pelo pequeno Tjorring. Depois, em 2010, aos 15 anos, foi contratado para a base do Midtjylland.

Sua habilidade, velocidade e facilidade de deixar os marcadores para trás impressionavam desde cedo. Assim, juntado ao bom trabalho de base que desenvolve o Midtjylland, Sisto rapidamente fez sua estreia pelo time profissional, aos 17 anos. O sucesso foi tanto, que em 2014, somente com 19 anos, ele foi eleito o Jogador Dinamarquês do Ano. O novo garoto-prodígio começou então a chamar atenção dos principais clubes europeus, e a Federação Dinamarquesa foi correr por sua cidadania.

- Comecei a jogar futebol aos sete anos e sempre me senti feliz jogando, especialmente no gramado, mas também gosto de futebol de rua. Eu posso jogar futebol por horas sem ficar cansado - explicou o africano aos veículos de imprensa dinamarqueses em 2015.

Após uma longa demora de quase dois anos até conseguir sua regularização e passaporte como cidadão dinamarquês, Sisto foi convocado no final do ano de 2014 para defender a seleção sub-21 da Dinamarca, país que representou no Campeonato Europeu da categoria em 2015. Neste mesmo ano, foi chamado também para defender a seleção principal. No dia de sua primeira convocação para a seleção de base, o jovem atacante recebeu uma homenagem de seus pais, que invadiram a coletiva de imprensa e fizeram um ritual de boa sorte, típico da região onde nasceram, para que Sisto não esquecesse suas origens. Assista abaixo. 

- Eu me sinto dinamarquês, falo dinamarquês, mas foi muito difícil para mim me reconhecer como tal. O futebol me deu felicidade em momentos em que a situação era muito difícil - disse o abusado avante de apenas 1,71m de altura. Desde o final de 2016, Sisto está sempre presente nas listas da Dinamarca, onde marcou seu primeiro gol em amistoso contra o Panamá em 22 de março de 2018.

Foi também em 2016 que o atacante acertou sua ida do Midtjylland para o espanhol Celta de Vigo, na transferência mais cara da história do clube, após ver seu nome ganhar fama pela Europa ao marcar dois gols nos dois duelos contra o Manchester United pela Liga Europa.

Mesmo com a fama cada vez maior, Sinto mostra que não esquece suas origens e visitou pela primeira vez o Sudão do Sul, terra de seus país, há cinco anos. - Foi uma surpresa para mim quando eu estive lá. Eu tinha visto imagens, mas era algo completamente diferente. O modo de vida e os poucos recursos que têm... - declarou após conhecer o país.

Fã de Messi, ele nunca escondeu seu sonho de um dia atuar ao lado do craque argentino pelo Barcelona, o que se depender de sua força de vontade, dedicação, talento e alegria, não é difícil de acontecer. - Eu nunca vi um jogador tão apaixonado na minha vida, ele treina como um louco, às vezes eu tive que dizer a ele para fazer uma pausa - declarou seu ex-treinador Glen Riddersholm.

Para a Copa na Rússia, Pione Sisto deve ser titular no ataque dinamarquês, já que vem sendo utilizado entre os 11 iniciais nos últimos amistosos de preparação da equipe comandada pelo técnico norueguês Age Hareide. A Dinamarca está no grupo C do Mundial, ao lado de França, Austrália e Peru, contra quem estreia neste próximo sábado, dia 16, às 13h (de Brasília).

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