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Marrocos faz história e chega às semifinais da Copa do Mundo

Walid Regragui, técnico do Marrocos, festeja com a equipe a vitória sobre Portugal nas quartas de final da Copa do Mundo FIFA, em Doha, capital do Catar, em 10 de dezembro de 2022 [Justin Setterfield/Getty Images]
Walid Regragui, técnico do Marrocos, festeja com a equipe a vitória sobre Portugal nas quartas de final da Copa do Mundo FIFA, em Doha, capital do Catar, em 10 de dezembro de 2022 [Justin Setterfield/Getty Images]

Na noite deste sábado, 10 de dezembro de 2022, a seleção de futebol do Marrocos fez história como primeira nação árabe e africana a chegar à semifinais de uma Copa do Mundo, no torneio realizado no Catar, ao vencer Portugal de Cristiano Ronaldo pelo placar cirúrgico de 1×0.

Youssef En-Nesyri saltou alto e pontuou de cabeça, no primeiro tempo da partida pelas quartas de final, no Estádio Al-Thumama. No restante da disputa, a seleção marroquina neutralizou com eficácia todos os avanços da forte equipe europeia.

O Marrocos enfrentará a França, uma das favoritas do torneio, que conquistou o bicampeonato há quatros anos, na Copa do Mundo da Rússia. A disputa por uma vaga na final será na próxima quarta-feira (14), no Estádio Al-Bayt, a partir das 16 horas de Brasília.

Do outro lado da chave, Argentina e Croácia voltam a se enfrentar, na terça-feira (13), também às 16 horas. Em 2018, Luka Modric e seus companheiros venceram os sul-americanos ainda na fase de grupos e chegaram a seu primeiro vice-campeonato mundial.

LEIA: A Copa do Mundo e a visão do Ocidente sobre o Oriente

Para conquistar a vaga inédita nas semifinais, o Marrocos venceu a Bélgica, na fase de grupos, e a Espanha, nas oitavas de final, após empate no tempo normal, prorrogação e defesas heroicas nos pênaltis do goleiro Yassine Bounou.

A sequência bem-sucedida foi comemorada em toda a África, sobretudo pelo valor simbólico de superar países que colonizaram o continente. A Espanha manteve um protetorado no Marrocos até 1956. Comunidades árabes e islâmicas celebraram o triunfo junto dos atletas marroquinos e suas famílias, que levaram a bandeira palestina às arquibancadas e aos campos do Catar.

A equipa marroquina, do treinador Walid Regragui, transcendeu desvantagens em meio a uma onda de lesões, ao perder o zagueiro Nayef Aguerd pouco antes da partida e o capitão Romain Saiss no início do segundo tempo. O Marrocos é a zaga menos vazada do torneio, com somente um gol sofrido.

Portugal lamentou a “zebra”, em meio a um decepcionante canto do cisne da estrela do futebol mundial, Cristiano Ronaldo, de 37 anos, próximo de sua aposentadoria.

O Marrocos contou novamente com a vasta maioria da torcida, dentre os 44.198 fãs do esporte que lotaram o Al-Thumama.

Portugal manteve a posse de bola e sucessivos ataques; no entanto, o goleiro Bounou voltou a brilhar ao defender uma cabeçada de João Felix na zona do pênalti, aos quatro minutos de jogo. A equipe norte-africana, conhecida como Leões de Atlas, não deixou se abater e insistiu em sua estratégia de contra-ataque até pontuar com En-Nesyri, aos 42 minutos de jogo.

A frustração portuguesa era evidente, com uma enxurrada de reclamações ao árbitro argentino Facundo Tello, no fim do primeiro tempo, por supostos pênaltis não marcados. O zagueiro luso-brasileiro Pepe reclamou bastante da arbitragem após a eliminação.

O Marrocos chegou perto do segundo gol aos quatro minutos do tempo seguinte, com um passe de Jawad el-Yamiq a um chute livre de Hakim Ziyech, defendido pelo goleiro Diego Costa.

Cristiano Ronaldo entrou na partida dois minutos depois, sob vaias incomuns em sua carreira, e deu novo ânimo aos portugueses. Gonçalo Ramos, que fizera três gols na vitória por 6×1 contra a Suíça, nas quartas de final, não achou espaço, salvo um tiro direto aos 58 minutos de jogo.

Com sete minutos restantes, Bounou voltou a defender um ataque de João Félix. Walid Cheddira recebeu dois cartões amarelos em sequência e foi expulso da partida, mas sua seleção manteve o triunfo histórico, com grande festa da torcida, tanto em campo quanto no continente africano e no Oriente Médio.

Após a partida, o treinador Regragui descreveu a equipe marroquina como “o Rocky [Balboa] da Copa do Mundo”, em alusão ao icônico personagem do cinema mundial, um boxeador famoso por vencer oponentes em situação favorável, interpretado por Sylvester Stallone.

“Demos orgulho a nosso povo e nosso continente”, reiterou o técnico, em coletiva de imprensa. “Quando você vê Rocky, você torce para ele e penso que somos o Rocky desta Copa do Mundo! Acho que o mundo está com o Marrocos”.

Regragui, de 47 anos, insistiu que sua seleção mostrou a todos que é possível a uma seleção da África chegar às semifinais e disputar competitivamente a Copa do Mundo.

LEIA: A vitória do Marrocos e a bandeira palestina

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