Daniela Alves destaca Pan de 2007: 'Mostrou que o futebol feminino existia'

Marcas na entrada e na saída. Foi o que deixou a ex-meia Daniela Alves, que anotou o primeiro e o último gol da Seleção Brasileira feminina na caminhada vitoriosa nos Jogos Pan-Americanos de 2007. A trajetória do ouro naquela edição, realizada no Rio de Janeiro, começou com uma vitória sobre o Uruguai e terminou no Maracanã, com triunfo brasileira por 5 a 0 sobre os Estados Unidos.

"Marcar um gol numa partida já é emocionante. Mas marcar um gol no Maracanã, palco de vários craques e ídolos do povo brasileiro foi uma sensação única", destaca Daniela em entrevista ao SuperFC, que atualmente comando o time Sub-18 do Corinthians.

"Ainda mais, marcar um gol num estádio lotado só para ver a sua partida. Não tinha partida masculina antes ou depois da nossa. Era só o nosso jogo naquela quinta-feira ao meio-dia. O público compareceu, fez um belo espetáculo. Então fechar o Pan com um gol para aquele público foi uma sensação única", relembra.

A Seleção Brasileira vinha de uma prata nos Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, tendo perdido justamente para os EUA. O reencontro com a equipe estadunidense na final de 2007 refletiu uma partida de completo domínio do Brasil contra uma forte geração de promessas dos EUA, que optaram por levar a equipe Sub-20. Também em 2007, a Seleção Brasileira ficou com o vice do Mundial, tendo disputado a final com a Alemanha e eliminado os EUA na semi.

"Aquela conquista [Pan 2007] serviu para mostrar para o Brasil, primeiramente, e aos dirigentes e comandantes de clubes que o futebol feminino existia. Que permanecia após a Olimpíada de 2004. Também mostrar para o nosso povo que o futebol era alegre e cativante", conta.

"Essa conquista serviu para aproximar o futebol feminino do povo brasileiro. E a resposta foi dada durante o ano, no Mundial, e na Olimpíada do ano seguinte", aponta Daniela, lembrando a prata do Brasil na Olimpíada de 2008, em Pequim, novamente para os EUA.

Reprise marcante

A estreia do Brasil no Pan de 2007 foi diante do Uruguai. A vitória brasileira por 4 a 0 teve dois gols de Daniela, a primeira mulher a marcar um gol na história do Engenhão. "Um momento muito marcante para mim foi ter sido a primeira mulher a marcar um gol no Engenhão. Isso foi muito especial e está na história. Também, ver o crescimento da nossa equipe jogo a jogo e o público vendo isso, lotando cada vez mais o estádio", relembra.

Daniela marcou em cinco dos seis jogos do Brasil naquela edição do Pan. Com seis gols marcados, ficou atrás apenas de Marta, que fez 12, e Cristiane, que anotou oito, na artilharia da Seleção. A final contra os EUA, cujo quinto e último gol foi marcado por Daniela, será reprisado neste domingo (10), às 16h, pela Rede Globo. Ela terá a chance de assistir junto ao filho, Denny, que nasceu em 2014.

"Eu poderia estar contando pro meu filho, mas ele vai ter a oportunidade de assistir comigo. Isso se torna ainda mais especial por ter marcado gol e hoje poder rever junto com ele, compartilhar essa alegria de ter feito gol", conta Daniela, que se agora inspira o próprio filho, já inspirou outras muitas crianças.

"Uma situação que ficou muito marcada na minha memória foi ver muitas crianças, meninas e meninos, sabendo nosso nome e querendo ser a gente. Elas chamavam a gente, sabiam o número da nossa camisa e falavam que, quando crescessem, queriam ser igual a gente, igual a mim. Isso ficou muito marcante e é tocante, porque a criança é pura. Ela fala do coração. Então conseguimos tocar todos, inclusive as crianças. Geralmente, os ídolos são homens, e naquela época diziam que queriam ser como a gente", relembra.