Lewis Hamilton X Brad Pitt

F-1 recebe cinema para superprodução que busca atrair público mais velho com o “melhor filme de corridas de todos os tempos”, escreve Mario Andrada

Lewis Hamilton e Brad Pitt
Articulista afirma que ainda não se sabe em qual carro Brad vai andar, mas é fato que ele tem um companheiro de filme capaz de lhe ensinar alguns truques; na imagem, Lewis Hamilton e Brad Pitt
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A Fórmula 1 vai atrás do Oscar. Depois de conquistar a juventude via streaming com a série “Drive to Survive” produzida e veiculada pela Netflix, a F-1 entende que um público mais velho pode ser conectado com um filme. E com sua mania de perfeição a categoria mais importante do automobilismo sonha com uma estatueta da Academia.

“Será o melhor filme de automobilismo da história”, diz o heptacampeão Lewis Hamilton, que será coadjuvante e consultor na produção. Já assinou. O protagonismo será de Brad Pitt. O ator norte-americano fará o papel de um ex-campeão que volta às corridas para ser mentor de um jovem talento. Parte da equipe de produção já desembarcou em Silverstone onde ficará instalada para respirar o ar das corridas e ouvir as histórias de muitas equipes e muitos profissionais que trabalham por lá.

O comando da F-1 alertou as equipes de competição que as equipes de filmagem irão trabalhar em várias etapas do mundial este ano. Avisou também que eles terão amplo acesso e que alguns horários e rituais das corridas serão sacrificados para assegurar as melhores imagens. Uma das cenas mais icônicas do filme será gravada no GP da Inglaterra, em 9 de julho. Pitt vai liderar a volta de apresentação da 11ª etapa do campeonato. Ainda não se sabe em qual carro Brad vai andar, mas é fato que ele tem um companheiro de filme capaz de lhe ensinar alguns truques. “O projeto é bem ‘cool’ e passar algum tempo com Brad tem sido épico”, disse Lewis.

Desta vez a grande produção da Fórmula 1 traz o selo da Amazon e o filme deve chegar ao circuito comercial, em busca do Oscar, em 2024. A chance de uma consagração hollywoodiana com o prêmio de efeitos especiais, música ou fotografia não é desprezível. Todos os integrantes da produção têm vasta experiência no ramo. Muitos deles trabalharam no último blockbuster de Tom Cruise, “Top Gun Maverick”. O diretor será Joseph Kosinski que também dirigiu Cruise em “Top Gun”, enquanto a produção fica com Jerry Bruckheimer que produziu os 2 “Top Gun” e ainda “Days of Tunder”, um filme sobre a Nascar, liga americana de Stock Cars, com Cruise protagonista no papel de um piloto.

Foi o CEO da F-1, Stefano Domenicalli, quem contou que o filme se destina a buscar um “novo público”. “Trata-se de uma nova maneira de mostrar que queremos fazer algo diferente”, disse ele numa palestra a um grupo de investidores.

Hamilton não mostrou qualquer modéstia quando sugeriu que a nova produção, ainda sem nome, será o melhor filme de todos os tempos. Ele próprio sabe como é difícil conquistar este tipo de título. Mesmo com 7 campeonatos mundiais e a liderança no ranking de vitórias (103) e pole-positions (103) muita gente ainda acha que ele é pior do que Max Verstappen, que não aparece no retrovisor de Hamilton nas estatísticas. Ser o melhor de todos os tempos em alguma coisa não é algo que se conquista. Trata-se de um presente do destino.

Será difícil Hamilton convencer os mais velhos sobre essa teoria de que o melhor filme de corridas será o próximo. Quem viveu mais, assistiu Grand Prix, produção de 1964 dirigida por John Fankenheimer, com James Garner, Yves Montand, Françoise Hardi e Toshiro Mifune entre outros.

Assistiu também “A week end of a Champion”, um documentário de Romam Polanski que acompanha o tricampeão Jackie Stewart durante o final de semana do GP de Mônaco.

Na linha dos documentários inclusive existem produções para todas as torcidas. Tem o filme do Ayrton Senna, da Ferrari, do Michael Schumacher, do Juan Manuel Fangio, do Bruce McLaren, da Equipe Matra, de Jochen Rindt. Existe até um filme de Al Pacino onde o brasileiro José Carlos Pace trabalhou como doublé de corpo do ator. Trata-se de “Um momento uma vida” (Bobby Deerfield), dirigido por Sidney Pollack. Durante algumas corridas de 1976, Pace corria com o nome do personagem e a bandeira norte-americana no carro para captura de imagens durante algumas etapas do mundial. Os fanáticos e os saudosos podem encontrar a lista das melhores obras, na opinião da revista britânica Autosport, aqui.

São todos filmes incríveis, mas só “Grand Prix” trouxe Adolfo Celi no papel de Enzo Ferrari.

Em um tempo mais presente, o grande filme de corridas foi “Rush”, de 2013, dirigido por Ron Howard que conta a história da rivalidade entre os campeões James Hunt e Niki Lauda.

Enquanto a ficção de Hollywood não traz o protagonismo de volta para a vida de Lewis, o inglês enfrenta a realidade de um papel secundário no GP do Azerbaijão, 4ª etapa do campeonato deste ano, que será realizada neste domingo (30.abr.2023) na pista urbana de Baku. Max Verstappen ocupa o papel de Brad Pitt na vida real. Ele será o protagonista da corrida e do campeonato de 2023. Mesmo numa pista pródiga em surpresas nem o mais criativo roteirista do cinema seria capaz de escrever um destino melhor para Hamilton do que comer poeira do holandês a bordo de uma “cadeira elétrica”, como são chamados no automobilismo os carros, lentos, feios e imprevisíveis como a Mercedes do inglês.

autores
Mario Andrada

Mario Andrada

Mario Andrada, 66 anos, é jornalista. Na "Folha de S.Paulo", foi repórter, editor de Esportes e correspondente em Paris. No "Jornal do Brasil", foi correspondente em Londres e Miami. Foi editor-executivo da "Reuters" para a América Latina, diretor de Comunicação para os mercados emergentes das Américas da Nike e diretor-executivo de Comunicação e Engajamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Rio 2016. É sócio-fundador da Andrada.comms.

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