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CURIOSIDADE

Goleiro Faryd Mondragón pode bater recorde de Roger Milla; Luke Shaw é o mais novo da Copa

Arqueiro colombiano estreou em Mundiais quando o lateral inglês não era nem nascido

postado em 13/06/2014 11:03

REUTERS/Enrique Marcarian

Quando Faryd Mondragón desembarcou com a delegação colombiana nos Estados Unidos, em 1994, Luke Shaw ainda não era nem nascido. Na ocasião o goleiro, então reserva, viveu suas primeiras experiências em Copas, mas viu os companheiros eliminados ainda na primeira fase. A seleção da Colômbia se despediu vencendo a Suíça por 2 a 0, no Stanford University Stadium, em San Francisco. A mais de 8.600 km dali, a família Hoare Shaw ainda não esperava engravidar do bebê que, no futuro, defenderia a Inglaterra como o jogador mais jovem da Copa do Mundo de 2014.

Dezesseis anos depois daquele Mundial, o veterano chega à 20ª edição podendo tornar-se o jogador mais velho a atuar em Copas. Mas para isso precisa ganhar a vaga do titular David Ospina. O recorde atual é de Roger Milla, que curiosamente alcançou a marca no torneio de 94. Quando a Colômbia estrear neste sábado, Mondragón estará a uma semana de completar 43 anos, 11 meses mais velho do que o lendário camaronês. Ele ainda pode ser o primeiro a disputar dois torneios separados por 20 anos. “A cada dia que passa, digo minha idade ainda com mais orgulho. É um sonho para mim. Espero corresponder da melhor maneira”, celebra o goleiro em entrevista ao site Público.
Mondragón foi relacionado pela primeira vez para uma partida de Copa do Mundo 389 dias antes de Luke Shaw nascer. Durante o ano de 1995, enquanto o então bebê inglês aprendia a chupar o dedo no berço, o goleiro colombiano fazia boas atuações pelo Independiente, o sexto clube de sua carreira e no qual ganhou notoriedade internacional ao vencer a Supercopa Libertadores.

Em 1998 o goleiro debutou em Copas ao atuar no torneio disputado na França. Foi titular nas três partidas, mas não conseguiu impedir nova eliminação da Colômbia na primeira fase. Uma das derrotas amargadas por Mondragón e seus compatriotas curiosamente foi contra a Inglaterra, mas é provável que Luke Shaw não tenha comemorado o resultado, já que aos três anos provavelmente ainda não entendia muito bem o futebol.

Com exceção de breve passagem pelo Zaragoza, o arqueiro colombiano jogou na Argentina até 2000, passou pelo Mainz e chegou ao Galatasaray no ano seguinte. Mais ou menos quando Luke Shaw fazia os primeiros amigos na escola. Mas a maior glória do futebol da Colômbia foi conquistada sem Mondragón, quando a seleção venceu a Copa América de 2001 jogando em casa e ele não foi convocado. O goleiro também foi ausência na Copa do Mundo disputada na Coreia do Sul e Japão, talvez a primeira da qual Shaw tenha lembranças. Isto porque a Colômbia não conseguiu se classificar.

Alheio ao fracasso colombiano nas Eliminatórias, o já promissor lateral inglês assinou seu primeiro contrato com as categorias de base do Southampton em 2003, em acordo de apenas seis semanas. Do outro lado da Europa, Mondragón deixava a Copa de lado para ser um dos principais destaques dos Leões de Instambul, consagrando-se inclusive bicampeão turco antes do Mundial da Alemanha.

Enquanto as habilidades de Shaw impressionavam o professor de educação física do colégio, a Colômbia novamente sofria nas Eliminatórias para a Copa. La Tricolor amargou novamente a sexta colocação, perdendo mais uma vez a vaga na repescagem para o Uruguai, e não esteve na principal competição de futebol em 2006. Então com 35 anos e fora do auge, o já experiente goleiro poderia pensar seriamente que nunca mais teria oportunidade de atuar em Mundiais.

A desilusão aumentou com novo fracasso de sua seleção. Na briga por vaga na primeira Copa a ser disputada no continente africano, Mondragón e a Colômbia ficaram novamente de fora após mais uma má campanha nas Eliminatórias. Após três participações consecutivas nos anos 90, La Tricolor acumulou três ausências na década seguinte.

Depois de três temporadas no Colônia, da Alemanha, o goleiro caiu de rendimento e acabou negociado em 2011. Foi defender a meta do então recém-fundado Philadelphia Union, nos Estados Unidos, para disputar a Major League Soccer. No mesmo ano, Luke Shaw vestiu a camisa da seleção inglesa pela primeira vez, atuou no Campeonato Europeu sub-17 e chegou a marcar um gol. Mas ainda assim amargou eliminação na primeira fase da competição, exatamente como aconteceria no ano seguinte.

Mas a segunda frustração na divisão de base do English Team foi ofuscada pela estreia de Luke Shaw entre os profissionais do Southampton, em partida contra o Milwall, pela Copa da Inglaterra. A estrela do garoto ascendeu ao longo do ano até o debute na Premier League em novembro. A primeira temporada do Southampton após voltar à primeira divisão foi conturbada. Ainda assim, mesmo comandado por três técnicos diferentes, o lateral se consolidou como boa opção para o setor e ajudou a equipe a se manter na elite.

A campanha modesta do Philadelphia Union na MLS resultou na saída de Mondragón, que optou por retornar ao Deportivo Cali. Vestindo as cores de seu clube de origem, ele seguiu sendo titular mesmo com 40 anos. Mas toda a experiência não foi suficiente para fazer os verdiblancos voltarem a conquistar o Campeonato Colombiano. A equipe chegou perto de vencer o Clausura do ano passado, mas uma saída estabanada do goleiro na final culminou no segundo e derradeiro gol do Nacional de Medellin, que adiou o sonho do nono título nacional.

Mas se o jogador mais velho desta Copa do Mundo está em franco declínio, o mais jovem do torneio vive clara ascensão. Luke Shaw firmou novo contrato de cinco temporadas com o Southampton, bem no dia de seu aniversário de 18 anos, e de lá para cá só cresceu de produção. As boas atuações pelo clube do sul inglês renderam a primeira convocação à seleção principal em março.

O desempenho na metade final do amistoso contra a Dinamarca foi discreto, mas convenceu o técnico Roy Hodgson a preterir o experiente Ashley Cole e incluí-lo na lista definitiva para o Mundial. Em entrevista à BBC, o convocado garante que o concorrente batido é um exemplo. “Eu era torcedor do Chelsea quando pequeno, frequentemente ia aos jogos e Cole era um dos que eu idolatrava”, lembra. “É estranho substituir alguém que idolatrei. Há alguns anos eu o assistia na TV”, finaliza.

 

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