Doutrinados na Alemanha, japoneses se expandem após “Kagawa Mania”
Entre os 23 jogadores convocados por Alberto Zaccheroni para a Copa das Confederações, a seleção japonesa tem nove que atuam-no próprio Japão e oito distribuídos no Campeonato Alemão em um total de 11 japoneses. O jogador que explica a exótica conexão Japão-Alemanha, porém, sequer mais atua no futebol germânico. Shinji Kagawa é do Manchester United e a principal ameaça para o Brasil na abertura do torneio, sábado, em Brasília.
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Bicampeão alemão pelo Borussia Dortmund, Kagawa chegou da Ásia à Europa quando os japoneses ainda eram artigo raro. O lateral Uchida, pelo Schalke, e o volante Hasebe, no Wolfsburg, eram os representantes desse grupo. O sucesso do jogador mais efetivo do Dortmund abriu os olhos dos alemães: disciplinados taticamente, incansáveis e em clara evolução técnica, se transformaram em uma real opção de mercado. Por um bom preço.
De futebol importador, nos anos 90, o Campeonato Japonês há tempos assumiu o caráter de formador, e sua matéria prima é barata para os europeus. Estrela ascendente na seleção, o meia Kiyotake chegou ao Nuremberg há um ano por pouco mais de R$ 2 milhões. Emplacou quatro gols e, com 11 assistências, foi um dos líderes no quesito. O valor estimado dele já passou de R$ 10 milhões. Mas nada, provavelmente, teria ocorrido não fosse Kagawa.
Sempre titular do Dortmund, jogou dois anos na Alemanha e em ambos foi campeão e eleito para a equipe ideal da temporada pela revista Kicker. O clube só se arrependeu de ter feito um contrato de apenas três anos, o que forçou a venda por um preço abaixo do mercado em 2012. Mesmo assim, comprou por R$ 800 mil e vendeu por R$ 36 milhões para o Manchester United.
Ainda que sem ele, a Alemanha tem outros jogadores japoneses em destaque. O lateral direito Uchida, por exemplo, é referência do Schalke e foi eleito para a seleção da temporada pela Bundesliga na última temporada. Superou ninguém menos que Phillip Lahm, do Bayern de Munique. “Temos nos desenvolvido muito”, disse Uchida, em Gama-DF, na quinta-feira. “No Alemão também há brasileiros em ação e atuar ao lado de todos esses jogadores é um exercício importante para nós”, declarou.
Evidentemente, a presença maciça de asiáticos – afinal também há quatro sul-coreanos na primeira divisão – também abre possibilidades comerciais para as equipes alemãs. O site oficial da Bundesliga, por exemplo, tem versões no idioma germânico, no polonês e mais recentemente em japonês. Frutos da Kagawa Mania que hoje já está em Manchester.
O novo clube do mais popular jogador da seleção japonesa, em um ano, assinou uma série de contratos com grupos asiáticos. Kagone (sucos), Yanmar (engenharia), Fuji TV (emissora) e Shinsei Group (cartão de crédito), por exemplo.