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Especialista em adversários, alvo de protesto e demissão: a sina de Dalic antes de levar a Croácia à decisão

Há dez meses, Zlatko Dalic estava desempregado após deixar o Al Ain, dos Emirados Árabes, onde viu protesto inusitado da torcida, mas tinha a admiração dos comandados

14 jul 2018 - 08h18
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Parece até mentira, mas um dos treinadores da final da Copa do Mundo, que será realizada neste domingo, em Moscou, estava desempregado em julho do ano passado e havia saído pela porta dos fundos de seu último clube em janeiro, onde enfrentou protestos da torcida. Trata-se do caso do bósnio, naturalizado croata, Zlatko Dalic, responsável por comandar o maior feito da seleção da Croácia na competição mundial.

Zlatko Dalic ficou desempregado por oito meses após sair do Al Ain e antes de assumir a Croácia (Foto: AFP)
Zlatko Dalic ficou desempregado por oito meses após sair do Al Ain e antes de assumir a Croácia (Foto: AFP)
Foto: Lance!

Após quase três anos dirigindo o Al Ain, dos Emirados Árabes, e três títulos conquistados, a relação começou a se desgastar e os resultados começaram a desaparecer. Apesar de ter levado o clube a disputar uma final de Liga dos Campeões da Ásia, em 2016, após 11 anos, não deu para levantar a taça diante do Jeonbuk, da Coreia do Sul, e somente os feitos históricos já não eram suficientes para mantê-lo no cargo.

As críticas em relação às suas decisões aumentaram e a pressão ficou tão grande a ponto de um fã do Al Ain protestar de uma forma inusitada. O torcedor levou ao estádio um cartaz representando uma passagem aérea somente de ida para a Croácia em nome de Dalic. A ideia viralizou e, coincidentemente ou não, em janeiro de 2017 ele deixou o clube após uma derrota em casa para o Al Jazira, por 3 a 1, considerado um clássico local.

O brasileiro Caio Lucas, revelado na base do São Paulo, atua no Al Ain desde 2016 e foi contratado junto ao Kashima Antlers a pedido de Dalic. O meia, inclusive, esteve em campo como titular na final da Liga dos Campeões da Ásia daquele ano e, ao LANCE!, explicou como estava o ambiente na reta final da passagem do croata pelo clube.

- A saída do Al Ain foi conturbada. As pessoas estavam pedindo a demissão dele, apesar de ter feito um bom campeonato, de ter conquistado grandes vitórias. Mas nos últimos jogos a gente não vinha conseguindo os resultados e a torcida aqui também é muito de resultado e acabou pressionando pela saída - declarou o jogador.

Embora não tenha ficado claro, à época, se foi uma demissão por parte do clube, ou um desejo do próprio treinador, a declaração de Dalic, após a partida que gerou o desligamento, deu pistas do que estava acontecendo.

- Eu fiz o melhor. Eu não quero que as pessoas cheguem, gritem e xinguem a mim ou ao meu clube. Falei com o meu supervisor que eu estou pronto para sair. Estou muito orgulhoso dos meus três anos por aqui. Acho que é chegada a hora. Eu não quero pegar nada de ninguém. Preciso descansar - afirmou o ex-comandante do Al Ain.

A partir de então Dalic passava a ser um desempregado. Até que em outubro do ano passado, após uma série de maus resultados no comando da seleção da Croácia, que colocaram em dúvida a classificação para a Copa do Mundo, o técnico Ante Cacic foi demitido do cargo pela federação local. Em seu lugar, dois dias depois, Dalic estreou com uma vitória crucial por 2 a 0 sobre a Ucrânia.

O resultado colocou a Croácia na repescagem contra a Grécia. Naquele momento, Dalic afirmou que só continuaria na seleção se conseguisse a classificação para o Mundial na Rússia. E a confirmação de sua contratação definitiva veio logo na partida de ida do confronto com uma goleada por 4 a 1 sobre os gregos, em Zagreb.

Em dez meses de trabalho, Dalic tirou a Croácia de um possível fracasso nas Eliminatórias europeias e colocou a seleção em uma inédita final de Copa do Mundo, diante da França. A ascensão meteórica surpreende até mesmo quem atuou sob o seu comando também há pouco tempo.

- O sucesso dele está sendo muito rápido, fico muito feliz. Em menos de um ano de Croácia ele chega em uma final de Copa do Mundo, torço muito por ele. Realmente não imaginava que a Croácia chegaria na final, mas vem surpreendendo todo mundo e tenho certeza que vão fazer mais um grande jogo na decisão - afirmou Caio Lucas.

Desde que assumiu a seleção croata, Dalic foi derrotado apenas duas vezes, ambas por 2 a 0, diante do Peru e do Brasil, em amistosos na fase de preparação para a Copa, que mostraram não influenciar quando a competição teve início. Entre outros feitos, uma vitória fantástica por 3 a 0 sobre a Argentina, e uma virada épica sobre a Inglaterra na semifinal, mostraram que a vaga na decisão não foi por acaso.

Em recente entrevista ao jornal inglês Daily Mail, Darren Read, auxiliar de Zlatko Dalic no Al Ain, destacou como a principal qualidade do treinador a preparação em torno do estudo perfeito de cada adversário, desde a defesa até o ataque. Caio Lucas, seu comandado no clube dos Emirados Árabes, citou exatamente o mesmo diferencial para qualificar Dalic e agradecer pelo tempo de trabalho juntos.

- Foi um tempo de trabalho muito bom, agradeço por ter tido a oportunidade de trabalhar com ele. É um treinador de grande experiência e creio que o diferencial seja o fato de ele estudar muito o adversário, de procurar saber não só de atacante, de meia, mas de toda a equipe que iríamos enfrentar - afirmou o meia brasileiro ao LANCE!.

Neste domingo, às 12h (horário de Brasília), quando Zlatko Dalic entrar em campo, já estará na história do futebol da Croácia como o primeiro treinador a chegar em uma decisão de Copa, e ficará a um passo de se tornar um herói nacional inusitado, de uma pátria independente há menos de 30 anos, tão recente e meteórica quanto seu trabalho na seleção.

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