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Transgressora, Yane Marques quer mais mulheres no esporte

Medalhista do pentatlo moderno em Londres-2012 relembra conquista inédita em entrevista exclusiva ao Papo de Mina

23 set 2022 - 05h00
(atualizado às 13h33)
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“Meu deus, o que é pentatlo? Deve ser nadar, correr, pedalar e mais dois, né?” Esse foi o questionamento de Yane Marques, aos 18 anos, quando foi recrutada por Alexandre França para treinar e representar a recém-fundada federação de pentatlo moderno em Recife.

Hoje, quase 20 anos depois, a ex-atleta e especialista em Gestão Esportiva do Comitê Olímpico do Brasil (COB) relembra com carinho deste início no esporte que ela ajudou a difundir, e comemora uma década da maior conquista da sua carreira: a medalha de bronze na Olímpiada de Londres, em 2012.

Yane Marques foi a primeira mulher na América Latina a ganhar medalha olímpica no pentatlo moderno
Yane Marques foi a primeira mulher na América Latina a ganhar medalha olímpica no pentatlo moderno
Foto: Divulgação/COB

Apesar de começar tardiamente no esporte, Yane trazia a experiência da natação, que praticava desde os 12, e conta que se adaptou com facilidade. “A diversidade das modalidades faz com que você não viva na rotina de fazer sempre a mesma coisa. No final de 2003 fiz a troca de esporte e fui aprendendo, evoluindo e a carreira durou um tempão.”

Duradoura e vitoriosa, a dedicação da recifense ao pentatlo foi fundamental para que ela escrevesse seu nome na história do esporte, como a primeira mulher na América Latina a ganhar medalha olímpica na modalidade.

“Fui agraciada pela situação, pelo momento da história, e tendo essa oportunidade agarrei com todas as minhas forças e não deixei escapar nada”, brinca. Focada, e encarando o pentatlo de uma maneira profissional desde o começo, a ex-atleta destaca a importância da saúde mental em toda a sua trajetória - metade corpo, metade cabeça, segundo ela, que sempre trabalhou em conjunto com a psicóloga.

Ser mulher, nordestina, sertaneja, de uma pequena a 400km da capital de Pernambuco que conseguiu chegar onde chegou enche Yane de orgulho, e a faz incentivar outras mulheres a acreditarem em si. “Tô aqui, sou a prova viva. Nós conseguimos”, comemora.

A medalhista ainda reforça: “faço parte dessa linha tênue, dessa transição de mulheres que não podiam, não tinham oportunidade, que não vivenciaram e que a partir de agora estão sendo oportunizadas estão aproveitando isso”. “Uma vez dada a oportunidade para nós, mulheres, aí a guerra é nossa”, destaca.

Desbravadora de uma modalidade essencialmente masculina, Yane sabe que a medalha de dez anos atrás tem um significado enorme não apenas para o segmento do esporte feminino, mas também pela oportunidade de mostrar para o Brasil que existem atletas fazendo pentatlo. 

Yane Marques: levar esporte a mais mulheres é nossa missão:
Papo de Mina
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