O Mundial de Clubes da FIFA 2021 foi adiado para fevereiro de 2022 devido a pandemia de Covid-19 e terá como sede os Emirados Árabes Unidos (EAU). Em todas as edições a equipe campeã do país sede é convidada e terá o privilégio de disputar a partida em casa ao lado de sua torcida, o que pode nos fazer pensar sobre uma velha máxima da Geografia: no futebol, território também é poder?

Território para a Geografia

O Território é uma das principais categorias de análise da Geografia, entendido como um conceito-chave dessa ciência. Para Ratzel (1844-1904), precusor do conceito de território na Geografia moderna, o território representa uma determinada porção da superfície terrestre definido pela posse e delimitado através das relações de poder que ali se desenvolvem. Em outras palavras, território é poder.

E nos EAU o Al-Jazira terá o território como poder?

O Al-Jazira Sport & Cultural Club ou simplesmente Al-Jazira Club é um time de futebol sediado na cidade de Abu Dhabi (EAU), com fundação no ano de 1974, e terá o direito de participar do certame por ser o atual campeão da UAE Pro League (Liga dos Emirados Árabes Unidos), onde ocorrerá o mundial.

O time é tri-campeão da liga local (2011, 2017 e 2021) e disputará pela segunda vez o Mundial de Clubes da Fifa. Apesar de jogar em “casa”, a depender de sua modesta torcida, o clube pode não conseguir usar o território como forma de poder ou vantagem na competição contra gigantes como Palmeiras ou Chelsea.

Mapa com as 7 equipes participantes do Mundial de Clubes FIFA 2021.

O “orgulho de Abu Dhabi”, como é conhecida a equipe, tem como dono o Sheik Mansour, que também é o atual proprietário do Manchester City (Inglaterra). O time buscará chegar a uma inédita final, repetindo o que times como Kashima Antlers (Japão) e Al-Ain (EAU) já conseguiram representando o futebol asiático.

Estádio, território, neocolonialismo e globalização

O que mais se espera em uma final do Mundial de Clubes é ver um clube sul-americano disputar o título com um time europeu. Isso porque o time sul-americano e o time europeu classificados para o torneio possuem uma grande vantagem em relação aos demais: o início direto na semifinal.

Os times da América do Norte, Ásia, África e Oceania disputam entre si partidas uma rodada antes e caso avancem, estarão mais desgastados que os adversários sul-americanos e europeus. Isso se dá por questões políticas. A FIFA para obter apoio das federações sul-americana Conmebol e europeia Uefa na criação do Mundial de Clubes, deu essa vantagem aos vencedores da Copa Libertadores e da Liga dos Campeões.

Mesmo com o neocolonialismo presente no Mundial de Clubes, times como o Mazembe da República Democrática do Congo, Raja Casablanca do Marrocos e Al Ain do Emirados Árabes Unidos conseguiram surpreender e conquistar o vice-campeonato.

Estes times africanos e asiáticos foram derrotados na final por potências europeias como Real Madrid da Espanha, Bayern de Munique da Alemanha e Inter de Milão da Itália, que são grandes multinacionais do futebol mundial, com elencos milionários e influência global, conquistando até mesmo a torcida de seus adversários.

Como já dito, uma das concepções de território é a relação de poder que se exerce sobre determinada porção da superfície terrestre. Agora, imagine que durante uma partida de futebol algumas relações de poder são estabelecidas em campo: a equipe de arbitragem em relação aos atletas e até mesmo desses com a torcida presente no estádio.

Dependendo do clima das arquibancadas, o fator “casa” (território), pode ser determinante no resultado final. Entretanto, grandes marcas já estabelecidas e globais como a equipe inglesa do Chelsea, um clube de futebol com poder de influência no mundo globalizado, podem atrair o público ao seu favor, mesmo que não tenha sido o caso na final do Mundial contra o Corinthians no Japão em 2012.

O futebol não é ciência! É magia!

Na final do Mundial de Clubes FIFA 2012, cerca de 30 mil torcedores corinthianos territorializaram o estádio Internacional de Yokohama no Japão, no que ficou conhecido como invasão corintihana. Com uma bela atuação da equipe do Corinthians em um partida extremamente disputada, o 12º jogador, a torcida, empurrou o time na vitória de 1 a 0 sobre o mundialmente conhecido Chelsea.

Cerca de 30 mil torcedores brasileiros do Corinthians tomaram as arquibancadas no Estádio Internacional de Yokohama no Japão, na final contra o Chelsea no Mundial de Clubes FIFA 2012.

Mesmo com um elenco de grandes estrelas do futebol mundial, incluindo brasileiros como Oscar e David Luiz, o time inglês do bilionário russo Roman Abramovich não resistiu ao fato da torcida corinthiana ter tornado o Japão sua casa. A maior comunidade japonesa fora do Japão está no Brasil, mas em 2012, parecia que a situação tinha se invertido.

Mas diferente da Geografia, no futebol, nem sempre território é poder. São vários os exemplos de times que perderam partidas importantíssimas em seu próprio território em verdadeiras batalhas de Davi contra Golias. O Corinthians foi a última equipe brasileira a vencer o Mundial de Clubes, resta saber se na edição de 2021 o Palmeiras irá repetir a fórmula e irá territorializar Abu Dhabi na busca de seu inédito título mundial, ou se algum time africano ou asiático poderá surpreender e conquistar seu inédito título.

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