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Bruno Andrade

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Primeiramente, respeito com a história e o contexto de Daniel Alves

Daniel Alves vai participar na sua terceira Copa do Mundo (2010, 2014 e 2022) - Lucas Figueiredo/CBF
Daniel Alves vai participar na sua terceira Copa do Mundo (2010, 2014 e 2022) Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Colunista do UOL

07/11/2022 19h00

A (polêmica) presença de Daniel Alves na lista de 26 convocados não caiu do céu. Não foi única e exclusivamente um prêmio por serviços prestados ao futebol brasileiro e mundial. Muito menos somente uma antiga promessa cumprida por Tite de levá-lo - em condições - para representar novamente o Brasil numa Copa.

Sim, a convocação é bem questionável. Vale a discussão. Porém, longe de ser absurda, insultuosa ou criminosa contra a seleção que vai buscar o tão sonhado hexacampeonato. Antes de qualquer crítica mais emocionada, o contexto e os bastidores devem ser analisados de forma minuciosa. Sem rancor. Acima de tudo, com respeito. Sempre com o bom e velho respeito.

Não, não sou pago ou influenciado por terceiros para ser advogado de jogador da bola. Tampouco partilho dos ideais políticos de Dani. Pelo contrário. Temos visões bem, bem diferentes daquilo que queremos para o nosso país. Ambos moramos fora. Ele no México, eu em Portugal. Um optou por Bolsonaro, outro por Lula.

O maior vencedor da história do esporte mais apaixonante de todos, com 43 conquistas oficiais, não apertou o 13 nas urnas, mas vai vestir a 13 no Qatar. Pela liderança. Pela experiência. Pela resiliência. Pelo impacto no adversário. Pela qualidade técnica e visão tática que ainda lhe restam, mesmo, obviamente, que distante do auge físico. Não menos importante, pela falta de opções mais gritantes na posição.

Dentro da seleção (muito bem) comandada por Tite, que, por tudo aquilo que demonstrou na vitoriosa campanha nas Eliminatórias, poderia neste caso específico ter o benefício da dúvida a seu favor, o agora lateral do Pumas sempre foi útil e, especialmente, fiável - acabou por ser eleito, inclusive, o melhor da Copa América de 2019, quando, pasmem, tinha 36 anos.

Perto de completar 40 anos, o ídolo indiscutível do Barcelona trabalhou tanto quanto os outros merecidos 25 escolhidos. Sem exceção. Assim como aqueles que ficaram fora, como Emerson Royal, Rodinei, Vanderson e Marcos Rocha, batalhou com as armas que tinha (jogos e treinos) para ficar à disposição. Ou alguém acredita que houve opção por sombra e água fresca enquanto se recuperava de lesão e esperava pelo dia 7 de novembro?

Com currículo ímpar e lenha para queimar numa competição de apenas sete jogos, Daniel Alves vai participar na sua terceira Copa do Mundo. Inicialmente, para ser reserva imediato de Danilo, que, talvez alguns não saibam, tem atuado muitas vezes como zagueiro pela esquerda na Juventus, e também concorrente, quem sabe, de Éder Militão, que não joga como lateral desde os tempos do Porto.