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Daynara: vaga no Mundial após seis meses de suspensão por doping

Daynara de Paula, durante prova do Troféu Maria Lenk - Satiro Sodré/CBDA
Daynara de Paula, durante prova do Troféu Maria Lenk Imagem: Satiro Sodré/CBDA

Guilherme Coimbra

No Rio de Janeiro

06/05/2011 07h01

Daynara de Paula era toda sorriso na piscina do Júlio Delamare. Nesta quinta, a atleta do Minas venceu a prova dos 100m borboleta com o tempo de 58s78, apenas dois décimos do índice para o Mundial do Xangai, que ela já tinha alcançado há três semanas, na Tentativa organizada pela CBDA.

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  • Satiro Sodré/CBDA

    O baixo desempenho da natação feminina brasileira é a marca até agora do Troféu Maria Lenk, o Campeonato Brasileiro Absoluto, que termina no domingo. A competição é última oportunidade de classificação para o Mundial de Xangai, em julho. Até agora, a seleção brasileira tem apenas duas atletas com vaga no feminino em provas individuais, contra 11 homens.

    Por enquanto, Fabíola Molina e Daynara de Paula são as únicas classificadas. As duas já chegaram ao Júlio de Lamare com índice para o Mundial. Fabíola, nos 100m costas e Daynara, nos 100m borboleta. Apesar de continuarem sozinhas no grupo para a China, as duas defendem as colegas.

    “Acho um erro criticar a natação feminina só por causa dos poucos índices para Xangai”, defende Daynara. “É só um mau período, do qual todo o mundo vai sair muito mais forte. A natação brasileira vai ser muito bem representada no Pan, nos Jogos Mundiais Militares e tenho certeza de que no ano que vem muitas de nós vamos fazer índice para Londres.”

As duas conquistas fizeram a nadadora de 21 anos esquecer o gosto amargo que experimentou no ano passado. “Estou sentindo o melhor sabor do mundo”, desabafou. “É como juntar tudo o que eu mais gosto num mesmo sabor.”

Daynara foi suspensa por seis meses em 2010. Uma semana antes do Troféu Maria Lenk do ano passado, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) divulgou que a nadadora tinha apresentado resultado adverso num controle de dopagem dos Jogos Sul-americanos de Medellín, disputado em março. O exame acusou furosemida, diurético proibido por poder mascarar a presença de substâncias dopantes.

A atleta do Minas poderia ter pego até dois anos de suspensão, o que a tiraria da Olimpíada de Londres. O julgamento ocorreu em agosto de 2010, em Lausanne, sede da Federação Internacional de Natação (Fina). A estratégia do advogado Cristiano Caús, especialista em casos como esse, foi sustentar que uma farmácia de Belo Horizonte havia incluído a substância em uma fórmula que deveria conter apenas cafeína, chá verde, guaraná e taurina.

A alegação foi aceita. A Fina poderia ter anulado a pena de Daynara, mas decidiu reduzi-la a seis meses, porque considerou que a atleta fora negligente. A duração da punição, porém, ficou no limite para que a atleta pudesse disputar os Jogos Olímpicos de Londres. Um dia a mais e ela cairia na “Regra Osaka” do COI, que proíbe que qualquer atleta suspenso por doping por mais de seis meses dispute a edição dos Jogos Olímpicos que segue à punição.

“Aprendi muito durante a suspensão”, conta Daynara. “Eu já dava valor ao meu clube e aos meus familiares e agora dou muito mais. Sei em quem confiar. Acho que amadureci bastante nesse processo. Como não podia competir, eu me dediquei exclusivamente a treinar e consegui melhorar bastante os meus tempos.”

Daynara destacou o apoio dos patrocinadores, que jamais a abandonaram durante a suspensão “Todos me apoiaram muito”, contou. “O Minas foi exemplar comigo, assim como todos os meus patrocinadores individuais. Hoje é como se fossem a minha família.”

Ao sair da piscina, a Daynara ressaltou que o trabalho não pode parar depois da conquista do índice. “Nesta final, dei algumas vaciladas, mas consegui o resultado”, admitiu. “Ainda preciso melhorar o meu tempo para Xangai.”

Há dois anos, no Mundial de Roma, Daynara de Paula conquistou o resultado mais expressivo da sua carreira, ao chegar à final dos 50m borboleta e terminar a prova em oitavo.

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Disputada no Júlio Delamare, a competição está sendo disputada ao lado das obras do Maracanã. E o som de construção chega a atrapalhar os atletas.O técnico Albertinho, de Cielo, foi um dos que não gostou do resultado dos blocos usados: "Seria melhor tem ao menos um protótipo do bloco aqui".Enqquanto os atletas nadam no Delamare, o Parque Aquático Maria Lenk não é usado em competições. E o COB gasta R$ 4 milhões por ano com manutenção.
  • Fotos de Satiro Sodré/CBDA, Facebook/CBDA e Júlio César Guimarães/UOL