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Pronta para viver.Terrenos a partir de 3 mil m 2 . www.quintadabaroneza.com.brwww.brasileconomico.com.brmobile.brasileconomico.com.brSEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 1°, 2 E 3 DE OUTUBRO, 2010 | ANO 2 | Nº 279 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00Especial Economia e ascensão dabaixa renda turbinam o desempenhodos consórcios no <strong>Brasil</strong>. ➥ PB1Imóveis Setin planeja diversificarregiões de atuação e avaliamercado e hotéis. ➥ P21Empresas Cab Ambiental estudadessalinizar água salobra paraatender à demanda do litoral. ➥ P22Dilma e Serra evitam confronto nofim da campanha à PresidênciaVanderlei Almeida/AFPO clima morno foi a tônicado último debate da disputapresidencial, ontem, naTV Globo. A troca de ideiasentre os candidatos ficoulimitada a discussões técnicaspontuais. Pouco se viu deconfronto entre Dilma, Serrae Marina, que lutam paraencerrar — ou prolongar —a corrida eleitoral para alémdo próximo domingo. ➥ P4Para votar no domingo,o eleitor precisará apenasde um documento com foto.O STF derrubou ontema exigência de dois documentos,inclusive o título, na votação. ➥ P15INDICADORES 30.9.2010TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA▼▼▼▲▼Dólar Ptax (R$/US$)Dólar comercial (R$/US$)Euro (R$/€)Euro (US$/€)Peso argentino (R$/$)1,69341,69002,30911,36360,42761,69421,69202,31041,36370,4280■JUROSSelic (a.a.)BOLSASMETA10,75%VAR. %EFETIVA10,66%ÍNDICES▲▼▼▼▼▼Bovespa - São PauloDow Jones - Nova YorkNasdaq - Nova YorkS&P 500 - Nova YorkFTSE 100 - LondresHang Seng - Hong Kong0,29-0,44-0,33-0,31-0,37-0,0969.429,7810.788,052.368,621.141,205.548,6222.358,17Economia do governo puxariainflação para baixo em 2011Diretor de Política Econômica do Banco Central admite quea meta fiscal não será cumprida integralmente e acreditaque isso pode influenciar os índices inflacionários. ➥ P30Philip Morris trava embatejurídico com UruguaiFabricante considera desmedida a legislação antifumodo país, uma das mais rigorosas do mundo. Maisde 40 nações apoiam o Uruguai na disputa. ➥ P18O premiado chefSimon Lau falasobre arte e sucessoDólar comercialretorna aos níveispré-crise financeiraA forte entrada de recursos estrangeiros no país,principalmente em virtude da oferta de ações daPetrobras, levou a moeda americana a cair abaixodo patamar de R$ 1,70 em setembro. ➥ P34


2 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010NESTA EDIÇÃOEm altaMurillo ConstantinoVladimir WeissPatrus agrava crise no PT mineiroO ex-ministro do Desenvolvimento Social acusa aliança entreFernando Pimentel (PT) e Aécio Neves (PSDB) para elegerMarcio Lacerda (PSB) prefeito de Belo Horizonte como acausa de eventual derrota de Hélio Costa ao governo. ➥ P16Nordestinos pedem horário de verãoConselho Baiano de Turismo (CBT) solicitou ao governo doestado que o horário de verão, que começa dia 17 próximo,seja adotado também no Nordeste. A justificativa é a de quecom mais tempo de sol também haverá mais turismo. ➥ P28Cab Ambiental propõedessalinizar água no litoralA Companhia de Águas do <strong>Brasil</strong>, do GrupoGalvão vê o uso dessa tecnologia comoalternativa para acabar com os frequentesracionamentos de água nas cidadeslitorâneas durante o verão. A questãoprincipal a ser resolvida, de acordo comGiuliano Dragone, diretor técnicooperacional da companhia, é ver em queperfil de contrato o uso da tecnologia éviável. Ele diz que quanto mais curto for,mais atrativo será, pois os equipamentosde dessalinização são móveis e poderão serlevados a outras localidades. Barcelona é umdos exemplos do uso de água dessalinizadamais conhecidos no exterior. ➥ P23Fusões e aquisições atraem<strong>empresas</strong> de consultoriaAntes restrita aos grandes bancos deinvestimento e <strong>empresas</strong> com alto graude especialização, a estruturação dessesnegócios também começou a atrair<strong>empresas</strong> de consultoria. Um exemploé a LCA, mais conhecida pelas áreasde pesquisa de mercado e análisemacroeconômica, e que, recentemente,apareceu, pela primeira vez, no ranking deestruturadores de operações da Anbima.A consultoria assessorou a Funcef, fundode pensão dos funcionários da Caixa, naaquisição de 5% da Energia Sustentável do<strong>Brasil</strong>, empresa constituída especialmentepara permitir investimentos na hidrelétricade Jirau, do Complexo do Madeira. ➥ P33Marcela BeltraoUruguai e Philip Morris em guerraFabricante de cigarros americana, mas com sede na Suiça,pede indenização ao governo de José Mojica por se sentirlesada pela legislação uruguaia de controle do tabaco, entreas mais rigorosas do mundo. No país, as mensagens antitabaco,ocupam 80% das capas dos maços de cigarro. ➥ P18“O eleitor é cúmplice da corrupção”Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope chegou a essaconclusão com base em estudos realizados pelo institutode pesquisas. E se baseia nela para colocar em dúvidaa eficácia do discurso da ética junto ao eleitorado. ➥ P13Teles e saneamento nos planos de BittarEm campanha para o quarto mandato consecutivo, odeputado federal Jorge Bittar (PT-RJ) prepara proposta demudanças na Lei Geral de Telecomunicações e regulaçãode Parcerias Público-Privadas (PPPs) em saneamento. ➥ P14ReproduçãoBC alerta sobre gasto público elevadoCarlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica do BancoCentral, diz que expectativas para o IPCA, que baliza o sistemade metas, de 2011, seriam menores, se a meta de superávitprimário de 2010 fosse cumprida integralmente. ➥ P30Global Master cria antena solarDivulgaçãoEmpresa instalada em Petrópolis (RJ) desenvolve oconcentrador solar parabólico, semelhante a uma antenaque utiliza o calor do sol para gerar energia térmica. Oequipamento deverá ser utilizado mais por industrias. ➥ P26Dólar encerra o mês cotado a R$ 1,692É o menor patamar desde 3 de setembro de 2008, poucoantes da eclosão da crise financeira global, quando foicotado a R$ 1,677. A moeda norte-americana recuou 3,52%em setembro, liderando as perdas do mês, enquanto a bolsade valores liderou os ganhos, com alta de 6,58%. ➥ P34Google Street mostra locais públicosPrêmio FCW sobe para R$ 300 milBlackRock e Citi se uneme lançam fundo de índicesOs investimentos serão canalizadosexclusivamente para cotas do iSharesSmall Caps, fundo referenciado no índicede ações da BM&FBovespa composto porpapéis de baixa capitalização. É a primeiracarteira de ETFs (Exchange Traded Funds)da família iShares, composta por outroscinco fundos de índices. “O fundo seráofertado para todos os clientes, do varejoà alta renda”, afirma Eduardo Forestieri,superintendente de investimentos do Citi.O investimento mínimo inicial é de R$ 5mil, com aportes adicionais a partir deR$ 1 mil. Na quarta-feira, a bolsa brasileiraregistrou recorde de negociação de fundosde índices, com 4.737 transações. ➥ P32Disponível para grandes cidades americanas e europeias,o serviço incluiu, ontem, 51 cidades em São Paulo, Rio e MinasGerais. A expectativa é aumentar em 30% o tráfego no siteno Google Maps, por onde o recursos é acessado. ➥ P24A FRASE“Avizinham-se temposestupendos para o <strong>Brasil</strong>”Stephen Schwarzman, presidente e cofundador do Blackstone, maior fundode participações minoritárias em <strong>empresas</strong>, ontem, em São Paulo,ao confirmar a compra de 40% do capital do Pátria Investimentos porUS$ 200 milhões, que serão pagos em dinhneiro e ações. .Chamado de Nobel nacional por Américo Fialdini Jr. e JoséMoscogliatto Caricatti, presidente da diretoria executiva esuperintendente da Fundação Conrado Wessel, o prêmio deincentivo à ciência e à cultura está em sua 9ª edição. ➥ P36Ramin Talaie/Bloomberg


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 5LEIA MAISCom perto de 70% dapreferência do eleitorado,as candidatas à presidênciaDilma Rousseff e Marinada Silva ajudam a consolidaro papel da mulher na política.Enquanto o candidato Pliniode Arruda Sampaio usou daironia para chamar atenção,José Serra acumulou críticasem relação à coordenaçãode sua campanha eleitoral.Questões ambientaisestão presentes nosdiscursos de todos ospresidenciáveis e posição sobreCódigo Florestal é anexada aprogramas de cada candidato.último debate da campanhainfraestrutura, transportes e Previdência. Confrontos se limitaram a agulhadas, com pouco poder de fogoFernando Souza/O DiaNorte-Sul, além de outras linhastal como a Transnordestina.Serra perguntou a Plínio sobreo metrô. “O governo federal nãofez nada nessa área diretamente”,disse, antes de perguntarcomo ele via a questão. Plínio reconheceua importância do tema,mas relembrou a necessidade devalorizar o transporte intermunicipale disse que a ênfase emrodovias estava prejudicando outrosmodais. “É caro, poluente eperigoso. Tem que fazer metrô,mas não só metrô. Tem que fazerferrovia e hidrovia”.Sobre política propriamentedita, pouco se comentou. Plínioperguntou a Dilma se ela tinhavergonha de ser do partido. “Nãovejo ninguém falando quem temAS PROMESSAS DOSCANDIDATOSOs presidenciáveis não foramnada tímidos na hora de mostrarsuas propostasDilma Rousseff (PT)Fazer a reforma política atravésde uma Constituinte exclusivaPromover a reforma tributária e completara desoneração de bens de capitalAbertura de capital da Infraero, coma manutenção do controle estatal na empresa.Expandir a capacidade dos aeroportosbrasileiros e promover sua interiorização,criando terminais regionaisCriar o “ProMédio”, o ProUni voltado aosestudantes do ensino médioFortalecer a segurança nas fronteiras,combater o crime organizado e melhoraro sistema penitenciário. É contra a criaçãodo Ministério da Segurança PúblicaJosé Serra (PSDB)Quer enviar ao Congresso no primeiro anode governo um projeto de reforma políticaEssa reforma traria mudanças no sistemaeleitoral na direção do voto distritale ainda a possibilidade de adoção de votospor lista partidáriaCriar o Ministério da Segurança PúblicaCriar o 13º salário para o Bolsa FamíliaConceder à iniciativa privada a exploração deimportantes aeroportos, como o de Viracopos,em Campinas (SP)Marina Silva (PV)Criação de uma Assembleia Constituinte paraa realização das reformas política e tributáriaPropor a criação de uma Organização MundialAmbiental, que consolide as regrasinternacionais voltadas à sustentabilidadePlínio de Arruda (PSOL)Auditar a dívida pública, suspendendo opagamento de juros até o fim do processoReestatizar a Vale e a Embraer, além de mantero controle estatal pleno sobre a Petrobras. Écontra uma possível privatização dos Correiosorgulho de ser do PSDB, ou doPT”. A candidata petista riu e disseque tinha muito orgulho do PT,que “tem índices consideráveis deaprovação entre a população”. Edisse que, devido ao tamanho e ascaracterísticas do <strong>Brasil</strong>, defendiaum governo de coligação, como aque existe entre PT, PMDB ePCdoB. “Vai permitir que continuemosas transformações dopaís”. Dilma garantiu que todas asdoações à sua coligação são legalizadas.Ao ouvir risos da plateia, finalizou:“lamento as risadas vindasde quem adota outras práticas”.Pouco para esquentar o últimodebate da campanha. ■ MarceloCabral, Paulo Justus, PedroVenceslau, Daniel Haidar, RicardoRego Monteiro e Carla JimenezÀ FLOR DA PELE1.Dilma começou nervosa,mas soube improvisarA candidata do PT, DilmaRousseff, começou o debatenervosa, mas soube improvisarem momentos de tensão,como quando provocou risos daplatéia ao anunciar que registraas doações no Tribunal SuperiorEleitoral. Tão logo ouviua manifestação da plateia,a petista emendou dizendo que“infelizmente lamenta a reaçãodas pessoas que têm outraspráticas”, e conseguiu obteraplausos de seus seguidores.Apesar do nervosismo inicial,a candidata gaguejou menosconseguiu mostrar sorrisos maisnaturais na sequência do debate.3.Marina Silva foi incisiva econtrolou melhor o tempoDiferentemente de outrosdebates, a candidata do PV,Marina Silva, soube dosar bemo tempo nas respostas e buscouse expressar com palavras maissimples. A presidenciável teveuma postura incisiva com oscandidatos adversários. Buscouse distanciar tanto de José Serraquanto de Dilma Rousseff,criticando os 16 anos de de PSDBe PT na Presidência. Tal comono debate da Record, Marinacomeçou o debate com um xaleverde e óculos, que abandonouainda no primeiro bloco.ANALISE2.Serra seguiu a linha“paz e amor”O candidato tucano, José Serra,evitou falar o nome de Lula,dirigindo-se à atual administraçãoapenas como governo federal.O candidato também mantevea linha “paz e amor” adotadano debate da Record, evitandocríticas duras a Dilma Rousseff.Como em debates anteriores,Serra procurou ligar seu nomea conquistas nacionais comoa Emenda 29 que trouxe recursosà saúde pública. O presidenciáveltambém enfatizou as conquistasque obteve à frente do governode São Paulo. Serra, no entanto,usou por vezes um vocabuláriodifícil ao grande público.4.Plínio manteve o espíritode franco atiradorTal como nos debates anteriores,o candidato do Psol, Plínio deArruda Sampaio, manteve ascríticas francas. Os adversários,no entanto, souberam exploraras perguntas do candidato doPsol em proveito próprio. Comoem outros debates, o candidatotambém se atrapalhou algumasvezes. No primeiro bloco, perdeutempo demais para consultar seumaterial e não conseguiu fazer apergunta para Serra. O candidatotambém aproveitou, como emoutras ocasiões, para pedir votospara os deputados do seu partido.ENTRE BLOCOS● O deputado federal ChicoAlencar (Psol-RJ), disse queo presidenciável de seu partido,Plínio de Arruda Sampaio,não seria um ‘enfant terrible’do debate, mas o candidatoquestionador com propostapartidária. “O Plinio cumpriuseu papel de fazer campanhacom verdades inconvenientes.”● Geraldo Alckmin, elogiadopelo Serra por sua lealdade,deu um tempo na suacampanha para acompanharo debate do presidenciáveltucano no Rio. Hoje ele estaráde volta a São Paulo paraum ato de campanha na zonaoeste da capital.● A presença do senadorSergio Guerra, presidentedo PSDB, era dúvida nodebate, mas decidiu ir deúltima hora acompanharo candidato José Serra.Ele contou que não houvenenhuma preparação intensivapara o debate e que Serraapenas dormiu cedo - raropara o candidato notívago.● Representantes da Coreiado Sul também acompanharamo debate da rede Globo.● A ascendência búlgarada candidata petista chamoua atenção da mídia da Bulgária,que inclusive mandou umaequipe de jornalismo parao debate de ontem. A eleiçãono <strong>Brasil</strong> tem sidoacompanhada atentamente.Pablo Valadares/AE“Ninguém foi tão bem nem tão mal.Não muda nada este debate.”Murillo de Aragão, cientista políticoEste debate não muda nada. As regras impedemque haja um conflito entre candidatos. E ninguémfoi tão bem nem tão mal. Marina Silva esteveum pouco mais saliente, porque está numaposição que pode chegar a tomar o segundolugar no Serra. Mas ninguém foi Weslian Roriz(mulher de Joaquim Roriz), a ponto de virar umacontecimento midiático. Dilma adota estratégiado lutador de box no décimo round, que nãoquer cometer erros para não provocar outra luta.José Serra tenta criar, recuperar experiência dopassado. Tenta trazer passado como constituinte,ministro, optou pelo paz e amor. E Lula nao foicitado. Só não entendo por que o Plínio faz partede debate. Ele levanta as bolas para dar cortadas.


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8 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010DESTAQUE ELEIÇÕESReproduçãoArquivo/AEHábito noctívago do candidato tucano foi mais um dos pontos que prejudicaram sua campanhaAplaudido por universitários, Plínio roubou a cena nos principais debatesSerra e Plínio terminam 1º turnocom ganhos opostos na campanhaTucano, que era dado como eleito, corre o risco de nem sequer chegar ao segundo turno. Plínio ganhou famaCláudia Bredariolicbredarioli@brasileconomico.combrELEIÇÕES2010Surpresas opostasresultam dascampanhas deJosé Serra (PSDB)e Plínio de ArrudaSampaio (PSOL)às vésperas doprimeiro turnodas eleições. Serra foi a surpresanegativa, já que o tucano eradado como eleito no primeiro semestre— segundo pesquisas deintenção de voto — e agora corre orisco de sequer chegar ao segundoturno. Plínio, ao contrário, galgouao posto de estrela pop, aos 80anos, ao longo dos últimos mesese sai da disputa com esperança deter resgatado a chama da políticaesquerdista no <strong>Brasil</strong>.Os erros da campanha tucanasão quase incontáveis, segundoos cientistas políticos consultadospelo BRASIL ECONÔMICO. “OSerra não conseguiu proporuma mudança, não achou umdiscurso para se contrapor àproposta continuísta petista”,pontua Gaudêncio Torquato.Antes do início oficial da campanha,porém, os tucanos esperavamganhar a eleição com vantagem.Em reportagem de capada revista Veja de abril desteano, o próprio candidato afirmavater se preparado a vida inteirapara ser presidente. Dada alargada para a campanha na TV,porém, o marqueteiro LuizGonzalez não acertou o tom nacomunicação com o eleitorbrasileiro. Recebeu críticas deboa parte da cúpula tucana eaté mesmo do ex-presidenteFernando Henrique Cardosoque, afastado, disse que “Serranão é Zé” (como o candidatoera tratado no horário político).“A linguagem do programa tucanoera velha e ortodoxa”, comentaTorquato.Equívocos nacampanha tucanaenvolveram focode discurso,programa políticoe escolha de vice.Mesmo maisconhecido, Plínionão conseguiuampliar seuquadro de eleitoresO programa de governo tucanoficou pronto às vésperas da eleição— só que não foi divulgado —e, até ser finalizado, o que mais seouvia da coordenação de campanhaera que as propostas estavamsendo construídas de maneira colaborativaao longo do processoeleitoral. O PSDB havia esbarradoainda no atraso para a definiçãode vice e o escolhido, Indio daCosta (DEM), atuou contra Serraem diversas ocasiões. O horáriode funcionamento noctívago docandidato também não auxiliou aequipe de campanha.“Os escândalos envolvendo ogoverno petista demoraram paraserem percebidos pelas pesquisas,mas trouxeram apenas umcerto desencantamento pelacandidatura de Dilma Rousseff enão beneficiaram os tucanos”,afirma o cientista político RubensFigueiredo. Além disso,conforme ele destaca, a campanhade Serra enfrenta comoprincipal concorrente neste pleitoum nível de satisfação muitoalto da população, bem maior doque o percebido nas eleições de2006, que já havia contribuídopara a reeleição de Lula.Uma luz à esquerdaPlínio, por sua vez, roubou boaparte da cena em vários dos debatesaos quais esteve presente,amealhou fãs entre os universitáriose ganhou a simpatia demuitos em prol da imagem doPSOL. Isso tudo não resultou,porém, em aumento de intençõesde votos e o candidato nãosaiu de 1% nas pesquisas. Ele,que se autointitula “católico decarteirinha”, arrumou até umaproposta de legalização da maconhae mostrou-se, nos últimosdias de campanha, satisfeitopor ter resgatado a possibilidadede fortalecimento daquase inexistente esquerda no<strong>Brasil</strong> de hoje. ■


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10 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010DESTAQUE ELEIÇÕESTempero verde estápresente no discursodos presidenciáveisPreocupação com o meio ambiente aparece em questõesabordadas por candidatos, e não apenas na plataforma de MarinaMartha San Juan Françamfranca@brasileconomico.com.brELEIÇÕES2010Os pontos ganhosnas últimas pesquisaspela candidataMarina Silva(PV) à presidênciatrazem a questãoambiental novamenteà linha defrente do cenário político. Nãoque esse tema estivesse alheioao debate. Em questões cruciaiscomo energia, agronegócio,pré-sal e até o aumento de consumoda população, a preocupaçãocom meio ambiente esustentabilidade, ou o “temperoverde”, como diz o coordenadorde políticas públicas do Greenpeace,Nilo D’Avila, ganha umdestaque que não esteve presentenas eleições anteriores.Faz diferença a posição doscandidatos em relação a questõescomo as mudanças no CódigoFlorestal e consequentementeas estratégias de desenvolvimentorumo à economiaverde. Tanto que os quatro principaiscandidatos responderamas perguntas de um questionáriode doze organizações socioambientalistascoligadas aoSOS Florestas sobre esse tema,em especial a anistia a quemdesmatou ilegalmente.Todos, de alguma forma, reconheceramque eventos catastróficos,como deslizamentos deencostas e inundações, registradosno país com expressivonúmero de vítimas, estão diretamenterelacionados à falta decobertura vegetal e à ocupaçãoirregular de áreas frágeis.Objetivo de ONGsé fazer com quea preocupação como meio ambienteseja levada emconta na lógicade planejamento detodas as áreas dopróximo governoProtocolo no TSEAs respostas dos candidatos foramencaminhadas ao presidentedo Tribunal Superior Eleitoral(TSE), Ricardo Lewandowski,com o pedido para quefossem anexadas aos programasde governo apresentado poreles. “Fizemos questão de protocolaras respostas para mostrarque elas são a expressão davontade do futuro governantedo país”, diz D’Avila.Para os quatro candidatos, éum pressuposto equivocado considerara proteção às florestascomo entrave ao agronegócio,como defendem os que apoiam osubstitutivo do deputado AldoRebelo que modifica a legislaçãoambiental, que deverá ser apreciadono plenário da Câmara e doSenado após as eleições. Todas asrespostas consideraram ser deverdos particulares manter florestasem suas propriedades, e não sódo Estado. A única voz discordantefoi a de Plínio de ArrudaSampaio (PSOL), para quem “odever de proteger o meio ambienteé do Estado, os imóveisparticulares seguem a lógica dolucro e não da preservação. Separa lucrar for preciso desmatar,a iniciativa privada o fará”.O debate sobre o Código Florestalque contrapôs ambientalistase ruralistas neste governo,deverá se acirrar no próximo.Mas, segundo as ONGs, oposicionamento dos candidatossobre esse tema é apenas “aponta do iceberg”. De acordocom Raul Telles do Valle, coordenadoradjunto do programade Política e Direito do InstitutoSocioambiental (ISA), é importanteque o próximo presidentecoloque o assunto dentro da lógicade planejamento de todasas áreas do governo. “É precisoincorporar a dimensão ambientalna estratégia de geração deenergia com menos impacto, nomodelo de ocupação da Amazônia,de incentivo ao desenvolvimentode novas tecnologiasagrícolas e de recuperaçãode paisagens”, diz. ■PROGRAMA AMBIENTAL● Ambientalistas encaminhamposição dos candidatos sobreCódigo Florestal ao TSE.● Medida visa anexar respostasaos programas dos candidatose comparar ações após eleição.TENDÊNCIA2.294 km 2foi a taxa de desmatamento daAmazônia entre agosto de 2009e julho deste ano. É a menorregistrada, mas ainda assim muitoalta para as metas brasileiras.DESAFIO47,84%foi a perda do cerrado desde1988, considerando área originalde 204 milhões de hectares.Segundo maior bioma brasileiro,ele corre risco de desaparecer.Código Florestal, que estabelece diretrizes paraconservação de reservas de mata nativa, assimcomo rios, será tema polêmico após as eleiçõesPropostas vão doAmbientalistas lançamplataforma com sugestõespara o próximo presidenteComo já é tradição, diversas organizaçõesambientalistas capitaneadaspela SOS Mata Atlânticae por membros da FrenteParlamentar Ambientalista lançaramnestas eleições a PlataformaAmbiental, para propordiretrizes para uma agenda decomprometimento dos candidatos.Entre outras coisas, aplataforma sugere que os candidatosse posicionem sobre ocumprimento das obrigaçõesassumidas pelo <strong>Brasil</strong> nos acordosinternacionais dos quais ésignatário, como a meta de reduçãodas emissões nacionais degases de efeito estufa entre36,1% e 38,9% até 2020, lançadapelo <strong>Brasil</strong> durante a ConferênciaMundial de MudançasClimáticas em Copenhague.A Plataforma Ambientalaborda a questão da Copa doMundo “verde como nossas florestas”,conforme prometeu opresidente Lula em Joanesburgo,na África do Sul, no lançamentodo logo da Copa de 2014.E sugere que o próximo presi-


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 11Armando Catunda/AE“Discordo daconivência como desmatamentoe da leniência eflexibilidade comos desmatadores.Temos um passivo quenão pode ser ignoradoe devemos viabilizaruma transição realistapara a regularidade.O <strong>Brasil</strong> podeexpandir suaprodução agrícolasem desmatarDilma Rousseff (PT)Somos contráriosà anistia paradesmatadores,embora devemosadmitir que até 2001a medida provisóriaque regulava amatéria aindapoderia ser alterada,indicando seressa data maisapropriada paraos termos derecuperação ambientalJosé Serra (PSDB)cumprimento dos acordos à Copa 2014Sou contráriaà anistia aosdesmatadores, poisgera impunidade.É uma injustiçaaos proprietáriosque corretamenteseguiram a lei.No lugar da anistia,deveriam sercriados meios paraque o produtorrecupere as áreasMarina Silva (PV)Presidente doCEBDS apontafalta de incentivoe regulação adequadapara levar adianteprogramas desustentabilidadedente da República deve “estabelecercritérios para que parâmetrosde sustentabilidade ambientalsejam obrigatoriamentelevados em conta na contrataçãode obras e serviços pelo poderpúblico, bem como em todasas compras públicas”.Agendas principaisSeguindo os moldes da Agenda21, programa de planejamentode soluções socioambientais assinadopelos países que participaramda ECO-92, a plataformaé composta por cinco agendasprincipais: água e saneamento,incentivos econômicos e fiscais,biodiversidade e florestas, mudançasclimáticas e institucional.O texto frisa a importânciade integrar as políticas públicasde saneamento e saúde, a continuidadedas obras e políticasvoltadas para a melhoria do saneamentoambiental e os incentivoseconômicos e fiscais aproprietários de terra paramanterem suas áreas preservadas.Outra questão levantada é aimplementação da recém-sancionadaPolítica Nacional deResíduos Sólidos, que proíbe lixõese estimula a coleta seletiva,e que depende de investimentose prioridade política.Também a presidente doConselho Empresarial <strong>Brasil</strong>eiropara o Desenvolvimento Sustentável(CEBDS), Marina Grossi,entregou uma carta aos candidatos,na qual pede que desenvolvamprogramas focados emsustentabilidade. Ela diz que o<strong>Brasil</strong> é a nação mais próxima deatingir a economia verde, masaponta que o país ainda sofrecom a falta de incentivo e regulaçãoadequada, além de baixosinvestimentos em educação einovação tecnológica. ■ M.F.Sou contra a anistia.O <strong>Brasil</strong> é o únicopaís que conheçoque reforma oCódigo Florestal parapermitir mais cortede árvores, e não paraproteger a naturezaPlínio de Arruda Sampaio (PSOL)


12 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010OPINIÃORoberto FreirePresidente do PPSRumo ao segundo turnoNeste domingo, 3 de outubro, a sociedade brasileiracomparecerá mais uma vez às urnas para escolher opróximo presidente da República, depois de uma campanhaem que o atual presidente travestiu-se de garotopropagandae, ao arrepio da lei, buscou de todas as maneirasfazer Dilma Rousseff sua sucessora. Escolhida àrevelia de seu partido, de maneira a ressaltar seu personalismo,Lula impôs sua agenda e candidata ao país, e háquase dois anos vem fazendo campanha, buscando doisobjetivos claros: o primeiro, midiático. De palanque empalanque, o presidente inventou uma forma de governar“nunca antes vista na história deste país”, baseado tãosomente em inaugurações de obras, muitas das quaisnão passaram da “pedra fundamental”.Em segundo, tendo a tiracolo sua candidata, nominada“mãe do PAC” — um conjunto de intenções deobras, a maioria das quais desenhadas desde o períodoFernando Henrique Cardoso —, torná-la conhecida daspopulações mais pobres, como a “gerente do governo”,fundamentalmente junto aos beneficiários do Bolsa Família,nas regiões Norte e Nordeste, visando imantá-lacom sua popularidade.Isso depois de mobilizar todos os instrumentos disponíveisde manipulação de massas, por conta de uma estratégiade propaganda, tendo a Petrobras como carrochefe,vendendo o sonho de uma riqueza ao alcance damão, com a descoberta do pré-sal. Aliada a uma amplapartidarização e instrumentalização da estrutura do Estado,tendo como consequência a subordinação das outrasesferas do poder (Legislativo e Judiciário) e níveis de governo(estados e municípios) — sem falar da consolidaçãoda cooptação de importantes movimentos sociais (sindicais,estudantis, de gênero etc.) — o governo, ao se verenvolvido por denúncias de corrupção na Casa Civil, envolvendodiretamente pessoas ligadas à sua candidata,passa a atacar abertamente a imprensa com uma virulênciasó vista antes no tempo da ditadura militar.Sendo evidente a possibilidadedo segundo turno, é fundamentalque possamos discutir os projetosde nação de cada candidaturaTodo o esforço do governo Lula tinha como estratégiacentral vencer as eleições presidenciais no primeiro turno,e fazer uma maioria folgada na Câmara e no Senadoque permitisse ao PT mudar aspectos essenciais da atualconstituição, o primeiro dos quais seu antigo e acalentadodesejo de controlar a imprensa e a liberdade de expressão.Agora, quando fica evidente a possibilidade do segundoturno para as eleições presidências, com a ampliaçãode parcelas das camadas médias urbanas dirigindo seuvoto aos candidatos da oposição, é fundamental que possamos,finalmente, discutir os projetos de nação que cadacandidatura defenderá junto à cidadania do país. Que paísteremos – e seremos – daqui a 20 anos? Que futuro aguardanossa juventude, com a irrupção da “Sociedade do Conhecimento”?Como estará nossa indústria, ante a necessidadede operar com base em energia renovável e limpa?E, mais importante, que democracia teremos se não realizarmos,nos próximos anos, as reformas estruturais doEstado brasileiro, tornando-o contemporâneo da sociedadedo futuro? A necessidade do segundo turno se impõe,entre outras coisas, para que possamos saber queresposta nos dará o futuro presidente a tais questões. ■Ieda NovaisDiretora corporativa da BDO no <strong>Brasil</strong>Atuação responsávelNão há qualquer novidade no fato de que as <strong>empresas</strong>têm hoje de adotar padrões responsáveis e sustentáveisde atuação para serem aceitas pelo mercado,pelos consumidores e pelas autoridades queregulam sua atuação empresarial e social. O quevem sendo reforçado, e que anteriormente era poucopercebido, é que essas mesmas <strong>empresas</strong> têm deser responsáveis e exigir adequação ao contratarseus fornecedores.Recentemente, uma grande rede de lojas de vestuárioassinou um TAC (termo de ajustamento deconduta) conjunto com o Ministério Público, Ministériodo Trabalho e Defensoria Pública da União assumindoo compromisso de combater o trabalho emcondições precárias, que chegou a ser registrado emalguns de seus fornecedores.Entre os casos anotados, havia a exploração decidadãos bolivianos sujeitos a condições ambientaisinadequadas e a jornadas desumanas de trabalho naconfecção de roupas.Pelo compromisso assumido, a rede de <strong>empresas</strong>promoverá auditorias em seus fornecedores ou em<strong>empresas</strong> subcontratadas por estes para apurar ascondições de trabalho e de contratação a que sãosujeitos os trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva.Caso sejam apuradas irregularidades, a redede lojas terá um prazo para atuar decisivamente ecorrigir os eventuais problemas registrados nosfornecedores.O conceito de responsabilidadee de sustentabilidade tem de sercompreendido e aplicado deforma verdadeiramente holísticaNão bastará a ela, portanto, simplesmente rompercontrato com o fornecedor que submete seuscontratados a condições inadequadas de atuação,mas, sim, agir efetivamente para que o trabalho emcondições precárias seja corrigido, beneficiando osprofissionais que são a base da cadeia produtiva queculmina com os produtos vendidos pela rede.Esse é um exemplo concreto de que o conceito deresponsabilidade e de sustentabilidade tem de sercompreendido e aplicado de forma verdadeiramenteholística. Atualmente, não basta responsabilizar-seapenas por aquilo que envolve os limites físicos epessoais de uma corporação.A responsabilidade e a sustentabilidade empresarial,social e ambiental devem ser geridas ao longode uma extensa cadeia, que tem início na escolhae na manipulação de matérias-primas, inclui apercepção de como atuam os fornecedores e intermediários,envolve as abordagens e atitudes produtivasna própria corporação ao processar seus produtosou serviços, passa pela mensuração e compensaçãodos impactos provocados à sociedade e aomeio ambiente e culmina com o respeito ao clientee à sociedade.Esse respeito também quer dizer levar em consideraçãoos usos e hábitos gerados e estimulados peloproduto ou serviço oferecido ao mercado, levandoseem consideração todas as implicações e efeitosque este venha a provocar sobre o ambiente e a própriasociedade. ■CARTASREFLEXÃO SOBRE AS ELEIÇÕESA eleição é uma oportunidade do exercício efetivoda cidadania. O eleitor vai às urnas para definirquem deverá ocupar os cargos do Executivoe Legislativo. No caso atual, são eleições queserão realizadas em todos os Estados e noDistrito Federal, e pessoas das mais diferentesclasses sociais exercerão um direito que vai terreflexo em assuntos que são de interesse de todaa comunidade. É uma questão que exige umaprofunda reflexão. É que o voto poderá ser dadoa pessoas que, em alguns casos, não têm ascondições adequadas para exercer o cargo aoqual está se candidatando. E isso não tem aver com despreparo cultural, mas com a questãopolítica na sua essência. Há também alguns quenão têm o que se considera como “ficha limpa”,pois respondem a alguma acusação de atos ilícitos.Sem entrar na discussão sobre a validade ou nãoda lei, o importante é que o eleitor avalie essaconduta. E vote com consciência, sabendo quevoto não tem preço, tem consequência, um lemaadotado pelas organizações que lutam contraos políticos desonestos. O voto é uma grandearma de defesa da democracia que precisamos.Uriel Villas BoasSantos (SP)CRESCE INTENÇÃO DE POUPANÇAPARA APOSENTADORIAParabéns pelo conteúdo da matéria. Sou atuárioe tenho trabalhado nessa área por toda a minhavida profissional e, ultimamente, tenho proferidopalestras sobre o assunto em questão, ondeindico os cuidados que devemos ter quandoadquirimos previdência privada e seguros.Gostaria de mencionar que a minha preocupaçãonão é somente com a previdência privada, pois nomeu ponto de vista existe outro problema, ligadodiretamente à área de seguros: a assistênciamédica a partir das nossas aposentadorias. Senão fizermos algo desde agora, teremos umavelhice muito preocupante. Um plano individualde saúde, padrão enfermaria, custa em médiaR$ 570, para a faixa etária de 55 a 59. Devido àinflação, este valor deve alcançar algo em tornode R$ 885 em 10 anos. Ou seja, para essa mesmafaixa, daqui a 10 anos custará R$ 1.103. Mencionoisso por causa das estatísticas apresentadasna reportagem, debaixo do tópico “Perfil doInvestidor”, onde é dito que o grupo que maiscontribui para a previdência privada é aquele comidade entre 40 e 49 anos, seguido pelos de idadeacima de 50 anos. Como ali também se mencionao valor médio das contribuições, respectivamente,R$ 1.270 e R$ 1.190, imagino que o montanteacumulado não seja suficiente nem mesmo paraoutras despesas, que dirá para cobrir um planomédico. Isso mostra como deve crescer aindaeste setor em nosso país. Quando leio sobreesse assunto sinto uma coceira em minhas mãos,uma vontade de divulgar e alertar as pessoaspara que se protejam.Julio GalhardoPorto Alegre (RS)FURTOS DE BAGAGEM NO GALEÃOUma cidade que se propõe a sediar os JogosOlímpicos em 2016 e ser uma das subsedesda Copa do Mundo em 2014 não pode dar-seao descaso e irresponsabilidade de continuarpermitindo que, em seu principal aeroporto,o Galeão, passageiros continuem deixando a áreade desembarque internacional carregando asmalas de outros viajantes, em razão de não maisexistirem conferentes de bagagens posicionadosantes da porta de saída. Mais um desses jácorriqueiros episódios aconteceu comigo nestemês, na chegada de Buenos Aires. Até agora,não recebi qualquer comunicação ou justificativada empresa aérea sobre o assunto.Augusto Acioli de OliveiraRio de Janeiro (RJ)Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 –8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP).redacao@brasileconomico.com.brAs mensagens devem conter nome completo, endereçoe telefone e assinatura. Em razão de espaço ouclareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editaras cartas recebidas.Mais cartas em www.brasileconomico.com.br.


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 13Reuters TVFilho de líder da Coreia assumirá poderA divulgação da fotografia de um jovem rechonchudo e inexpressivo(no centro na foto ao lado) sentado perto do líder da Coreia do Norte,Kum Jong-il, foi o suficiente para a ascensão do filho mais novo dodirigente comunista como seu sucessor fosse dada como certa. Estasemana, Kim Jong-un foi nomeado para altos cargos políticos e militaresna Coreia do Norte, um Estado comunista isolado, que preocupaa comunidade internacional por possuir um arsenal nuclear. ReutersGuillermo Granja/ReutersMÁSCARA CONTRA GOLPESO Equador decretou ontem estado de exceção devido aos protestos de militares em diversas cidades contra proposta do presidente RafaelCorrea que corta bônus salariais. Em retaliação, os militares ocuparam o aeroporto de Quito e o prédio do Congresso. Acessos foram fechadoscom barreiras de pneus e houve saques. Em discurso em meio aos rebeldes, Correa disse que “não dará nenhum passo atrás”. Ele foi atingidopor gás lacrimogêneo e teve que usar máscara contra gases para deixar o local, antes de passar por um breve atendimento médico. Ele disseque o movimento é uma tentativa de golpe de Estado de setores militares ligados à oposição. O principal comandante militar do país, generalErnesto González, afirmou que a maior parte dos soldados segue leal a Correa. A OEA fará uma reunião de emergência hoje sobre o tema.ENTREVISTA MARCIA CAVALLARI Diretora executiva do IbopeO eleitor está cada vez mais pragmáticoPara especialista em pesquisasde opinião, o brasileirodescobriu o valor dacontinuidade de programasLuis Regoluis.rego@economico.ptA continuidade é o fator que maisvai mobilizar o eleitorado brasileirono sufrágio presidencialdeste domingo, defende MarciaCavallari, responsável pelo departamentode inteligência doIbope. A ética, um elementomuito badalado na reta final dacampanha, vale pouco para algunseleitores brasileiros, explica.O fator ético parecenão contar muito na escolhado voto. É o fator bolsoque pesa?A continuidade é o elementomais forte. Fizemos uma análisede atitudes no país e mais deum terço do eleitorado brasileiroé individualista, egoísta epensa no seu bem-estar, e aética é elástica de acordo combenefícios para si próprio. Depoisfizemos um estudo sobre acorrupção na política e concluímosque, em vez de vítima,o eleitor é cúmplice dessa corrupção.Por isso não sei se odiscurso da ética cola nesteHenrique Manreza“Hoje o eleitorvota menosemocional.Ele nãodiferenciaideologiasnem aceitaretrocesso”eleitorado. O que importa é queLula fez com que todo mundomelhorasse de vida.É um sinal de maturidadeque os candidatossejam gestores técnicose pouco carismáticos?O eleitor está cada vez maispragmático, vota menos noemocional. E de fato essescandidatos têm perfil maistécnico. Mas para o eleitor émuito difícil diferenciar ideologiaspartidárias e diferençasentre programas. Há 27 partidospolíticos registrados, é umabsurdo. O eleitor acaba deaprender o valor da continuidadeporque estamos nummomento em que as pessoas jánão aceitam retrocesso.O êxito de uma figuracom histórico humildecomo Lula também deuesperança a uma faixada população. Isso conta?A partir do momento em queele chegou a presidente a populaçãopobre do <strong>Brasil</strong>, segundoos nossos estudos, começoua ter um sonho: que oseu filho chegasse a presidentedo <strong>Brasil</strong>. É uma identificaçãomuito forte. ■


14 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010BRASILProjeto para TVpaga pode sairainda neste anoDeputado Jorge Bittar (PT-RJ), candidato ao 4º mandato seguido,vê medida que abre mercado para teles perto da aprovaçãoRicardo Rego Monteirormonteiro@brasileconomico.com.brELEIÇÕES2010Relator do projetode lei complementar(PLC) 116,que autoriza odesembarque dasteles no mercadode TV por assinatura,o deputadofederal Jorge Bittar (PT-RJ) pavimentaa estrada para o quartomandato consecutivo na Câmaracom uma rotina diária de 16horas de caminhadas, corpo acorpo com eleitores, panfletagens,debates e comícios. Otimista,Bittar mantém a convicçãonão só de vitória de DilmaRousseff ainda no primeiro turnomas também de aprovaçãodo novo marco regulatório dasTVs por assinatura ainda esteano, no Senado.Apesar de afirmar que não sedescuida do curto prazo, Bittarjá tem todo um plano de voo traçadopara os próximos quatroanos. No radar, mudanças na LeiGeral de Telecomunicações comobjetivo de destravar investimentosprivados de R$ 170 bilhões,até 2014, para tirar o PlanoNacional de Banda Larga dopapel. O deputado também querinserir o debate de outra propostaassumida, segundo ele, pelacandidata do PT à Presidência:um plano nacional de saneamentobásico, que permita atrairinvestimentos privados no setorpor meio de concessões e ParceriasPúblico-Privadas (PPPs).BombardeioCom relação às TVs por assinatura,Bittar avalia que nem mesmoum Congresso em fim demandato representa obstáculopara a aprovação definitiva daPLC 116. Antigo PL 29, que ganhounova classificação no Senado,a proposta sofreu verdadeirobombardeio das operadoras,que temem a concorrênciacom as teles estrangeiras. A resistência,argumenta Bittar, jáfaz parte do passado, uma vez“Da mesma maneiraque as emissorasterão que serminoritárias nasoperadoras de TV,as teles tambémestão vedadasde controlar osgrandes eventosinternacionaisque um grande acordo assegurousalvaguardas às operadoras:“quem detém a rede não podeoperar conteúdo, e vice-versa”,afirma o relator do projeto naCâmara. “Da mesma maneiraque as emissoras terão que serminoritárias nas operadoras deTV por assinatura, as teles tambémestão vedadas de controlaros grandes eventos internacionaise de contratar artistas”.Reserva de mercado nacionalBittar sabe, no entanto, que nemmesmo as salvaguardas o pouparamde inimigos entre as operadoras.Desde 2007, quando assumiua relatoria do projeto, foicriticado por quem terá queobrigatoriamente veicular trêshoras e meia, diariamente, deproduções nacionais no horárionobre. A inimizade foi aplacada— apenas parcialmente — com adestinação anual de R$ 400 milhões,hoje no Fundo de Fiscalizaçãodas Telecomunicações(Fistel), para o novo Fundo Setorialdo Audiovisual (FSA).“A lei também determina quesejam oferecidos 30% de canaisbrasileiros nos pacotes das operadoras”,argumenta. “Nossaintenção foi criar um espaço deveiculação para toda essa nossaprodução nacional. A TV por assinaturabrasileira é muito concentradae elitizada. Por issomesmo, tem o preço alto. Com adestinação do fundo, as <strong>empresas</strong>poderão investir na produçãopara veiculação”.Jorge Bittar: maratonade 16 horas diáriasem busca de maisuma vaga na Câmara“A TV por assinaturabrasileira é muitoconcentrada eelitizada. Por issomesmo, tem opreço alto. Coma destinação dofundo, as <strong>empresas</strong>poderão investirna produção paraveiculaçãoConsensoDiante de tais concessões, asseguraBittar, o quadro que se revelavaantes como uma resistênciaempedernida — com direitoa manifesto público deoperadoras — hoje estaria emum raro consenso em torno davotação do projeto o mais rápidopossível. Se por um lado,justifica o deputado, as teles nãoveem a hora de entrar em ummercado capaz de agregar aindamais valor a toda uma infraestruturade fibra ótica já instalada,por outro as operadoras deTVs por assinatura agora queremo projeto por segurança.Diante da inevitável entradadas <strong>empresas</strong> de telefonia nomercado, argumenta o deputado,o projeto tornou-se umasalvaguarda mínima para delimitardireitos e deveres de cadaagente do setor. “Não há porque proibirmos o capital estrangeironessa área, desde que obedecidosdois princípios: a nãocontrariedadeaos interessesnacionais e a geração de empregosno país”, avalia. “O projetoda TV por assinatura está orientadojustamente por essa lógica:não importa a quem pertence ocontrole da distribuição do sinal.O que importa é que hajaconteúdos brasileiros disseminadospor brasileiros.” ■


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 15Antonio Cruz/ABrSTF derruba exigência de dois documentosPor oito votos a dois, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)derrubaram a exigência de que o eleitor apresentasse o título mais umdocumento com foto para poder votar domingo. Segundo o Supremo,a apresentação de qualquer documento oficial com foto, tal como o RG,será suficiente. A medida, que atendeu aos anseios do PT, veio apósa polêmica da véspera, quando o ministro Gilmar Mendes interrompeu asessão após supostamente ter recebido telefonema do tucano José Serra.AGENDA DO DIA● FGV divulga prévia da inflaçãode setembro pelo IPC-S.● IBGE publica PesquisaIndustrial Mensal de junho.● MDIC informa saldo da balançacomercial de setembro.● ACSP divulga índices de créditoe inadimplência de setembro.NOVAS NORMASCONTÁBEIS E SEUSIMPACTOS TRIBUTÁRIOSAdequação e capacitação para sua empresa(11) 3138-5314relacionamento@bdobrazil.com.brwww.bdobrazil.com.brAlan Marques/FolhapressFUTURO GOVERNOSaúde pode exigir volta de CPMFConfirmadas as pesquisaseleitorais, a ascensão de DilmaRousseff ao Planalto deverá nãosó deflagrar um esforço paraampliar o orçamento anual daeducação para 7% do ProdutoInterno Bruto (PIB), mas tambémpara discutir uma nova fonte derecursos para a saúde. Ao exigira expansão em 2,5 pontospercentuais da dotação atual daeducação, tal meta demandará oacréscimo de R$ 80 bilhões porano dos recursos disponíveis paraa pasta. Equivalente a “duasCPMFs” (extinta ContribuiçãoProvisória sobre MovimentaçãoFinanceira), como mesmo lembraBittar, o montante deverá seralcançado ao longo dos próximosquatro anos pelo governo.“É um desafio enorme, poishoje a dotação é de 4,5%.Isso representa uma injeção deR$ 80 bilhões a mais por anono orçamento da educação,o equivalente a duas CPMFs”,afirma o deputado federal. “Se opaís continuar a crescer a taxasmédias de 5% ao ano, com umaboa política fiscal, vai ser possívelalocar recursos para a educação,assim como será para a saúde.”Para a saúde, revela o deputado,o futuro governo precisará deoutros R$ 40 bilhões anuais.Não será surpresa, como mesmoadmite Bittar, se o governoretomar o debate, em algummomento, sobre uma nova CPMF.“Em algum momento o governovai ter que voltar a essa discussão(sobre a CPMF). Acho inevitável,mas isso é para ser buscadosempre com gradualismo”,afirma o deputado. Cotado desdeo primeiro mandato de Lulapara ocupar o Ministério dasComunicações, Bittar prefereapostar na reeleição paraa Câmara. Lá, afirma, poderátrabalhar para viabilizarprojetos como a criação de umPlano Decenal de Saneamentoque contribua para atrair ocapital privado para o setor.O objetivo, justifica Bittar, édestravar a burocracia que aindaimpede o desenvolvimento de umsetor reconhecido como pontofracodo governo de Luiz InácioLula da Silva. O deputado justificaque, embora o país conte com ummarco regulatório novo em folha,aprovado no primeiro mandatode Lula, o Congresso deveencaminhar propostas quefacilitem, por exemplo, a formaçãode Sociedades de PropósitoEspecífico (SPE) capazes deatrair recursos privados e tomarfinanciamento do BNDES. R.R.M.■ ORÇAMENTOR$120 biÉ a necessidade que Bittar vênas áreas de saúde e educação


16 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010BRASIL MOSAICO ELEITORALVizzoni/AEFUNDO DO BAÚA próxima cidade do novo presidenteBrasília foi erguida no Centro-Oeste do país na década de 1950 como odistrito que abrigaria a nova capital brasileira para substituir a antiga capitalfederal localizada no Rio de Janeiro. O presidente JK convocou o arquitetoOscar Niemeyer para criar uma identidade moderna, que coincidissecom o momento do país, que deixava para trás uma economia agrícolapara fortalecer a indústria. É para lá que se mudará o próximo presidente.FALTAMDIAS PARA O 1º TURNODAS ELEIÇÕES1 2 34 5 67 8 90BRANCO CORRIGECONFIRMANelson Antoine/AERacha do PTmineiro segueapós a eleiçãoPRONTAS PARA A LARGADAGrupos de Fernando Pimentel e Patrus Ananiastentam focar na campanha e evitar novos ruídosSílvio Ribas, de Brasíliasribas@brasileconomico.com.brELEIÇÕES2010Os ressentimentosgerados pelosembates internosdoPTdeMinasGerais paradefinir seus nomesnas chapasmajoritárias paraFeridas deixadaspela imposiçãodo nome de HélioCosta (PMDB) aodiretório mineirodo PT pioraramcom as declaraçõesrecentes de Patrusa prefeitura da capital (2008) epara o governo estadual (2010)devem continuar após a eleiçãode domingo. A expectativa devitória no primeiro turno do governadorAntonio Anastasia(PSDB) tornou público novamenteo racha petista entre osgrupos de Fernando Pimentel,candidato ao Senado, e PatrusAnanias, vice de Hélio Costa(PMDB), candidato ao Palácioda Liberdade. Segundo líderes,a reta final da campanha empurrouo acerto doméstico paraapós o resultado das urnas.A ordem é tentar evitar novosruídos a partir da declaraçãodada por Patrus terça-feira,na qual apontava como causade uma eventual derrota deCosta a aliança entre Pimentele o ex-governador tucano AécioNeves para eleger o prefeitode Belo Horizonte, Marcio Lacerda(PSB). O ex-ministro doDesenvolvimento Social acusaa insólita parceria PT-PSDB deter fragilizado a posição petistana capital, além de ter “machucadoa militância”.“Foi uma avaliação muito infelizporque a briga pelo votonão acabou. Não admito críticasaos militantes, que lutam decorpo e alma para eleger o candidatoa governador da coligação”,disse o deputado federalReginaldo Lopes, presidente doPT-MG. Pimentel afirmou que ocomentário de Patrus é “extemporâneoe prejudicial ”.Aliado de Pimentel, Lopesdevolve a crítica para o PMDB.“Não estou vendo o mesmo empenhodo outro partido paravencer a eleição”, alfinetou. Oracha também é sustentado pelasferidas abertas com a imposição— respaldada pelo presidenteLula — do nome de HélioCosta pela executiva nacionaldo PT ao diretório estadual. Pimenteltinha vencido Patrus nasprévias e era o pré-candidato aogoverno e teve de ceder a vagaao senador peemedebista.Os dois grupos esperam pelomenos aparentar harmonia hojeem um dos últimos compromissosda campanha, uma caminhadano centro de Belo Horizonte,agendada para o começoda tarde com as presenças dePatrus e Pimentel. “As declaraçõesrefletem o estresse normaldo fim de campanha”, disse umassessor de Patrus, que tem evitadovoltar ao tema. ■Urnas eletrônicas são armazenadas em São Paulo para as eleições de domingo.Na quarta votação presidencial desde a introdução do sistema, cerca de 134 milhõesde eleitores deverão usar o sistema. Em 2010, pela primeira vez, as urnas terão umaferramenta de identificação biométrica dos usuários via impressão digital. Este ano,a tecnologia será usada em 60 cidades. Ela deverá estar 100% implantada até 2018.33ÉVUVUZELAo número de pedidos de resposta que foram feitos aoTribunal Superior Eleitoral na eleição presidencial devido a queixassobre a propaganda gratuita, que terminou ontem. A coligaçãode Dilma foi a campeã das reclamações, com 25 pedidos.“Não sei se esta estória (sic) do Serra ligar pro GilmarMendes é verdadeira e, se for, não acho nada demais.Agora, imaginem se fosse a Dilma...”José Eduardo Dutra, presidente do PT .“Estava agora há pouco comprandomeias para o Zé e muitas pessoasvieram entusiasmadas me declararque votam nele. Muito bom”Mônica, mulher de José Serra.Fabio Motta/AE


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18 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010EMPRESASPhilip Morriscontesta leiantifumo uruguaiaAção da empresa contra o país preocupa autoridades de saúdedas três Américas, pois o caso pode se repetir em outras naçõesMartha San Juan Françamfranca@brasileconomico.com.brEm reunião do 50º ConselhoDiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas),que terminou ontem em Washington,representantes demais de 40 países emitiram comunicadoapoiando a decisãodo governo do Uruguai de nãoceder à pressão que exerce aPhilip Morris International,uma das maiores fabricantes decigarro do mundo, contra asleis para o controle do tabaconaquele país. A companhia,com sede nos Estados Unidos,mas cujo centro de operaçõesfunciona na Suíça, entrou comuma ação judicial em fevereirocontra o governo do presidenteJosé Mojica, baseado no Acordode Proteção de InvestimentosEstrangeiros, assinado entre oUruguai e o país europeu.As leis de controle do tabacono Uruguai estão entre as maisrigorosas do mundo, ao exigir ainserção de mensagens de advertênciamuito fortes e queocupam 80% dos maços de cigarro,e proibir o uso de cores eoutros símbolos, além das denominações“light”, “ultralight”,“suaves” e de “baixosteores”. Essas leis foram mantidaspelo atual governo, mastiveram origem na gestão doex-presidente Tabaré Vasquez,que é médico e oncologista.Investimento prejudicadoA empresa tabagista pede ressarcimentodos danos resultantesdessas medidas, alegandoque seus direitos, garantidospelo tratado entre a Suíça e oUruguai, foram violados. “APhilip Morris não pretende impediras restrições ao fumo emlugares públicos e nem as mensagenscontra o consumo, nósapoiamos essas medidas”, afirmaa porta-voz da companhiaAnne Edwards. “Estamos apenasprotestando contra três regulamentaçõesda antiga administraçãoque vão além dos objetivosde saúde pública”, dizA fabricantede cigarros pederessarcimentode danos causadospela legislação dopaís, alegandoviolação de direitosgarantidos pelotratado entreSuíça e UruguaiAnne. “Consideramos que essasmedidas são extremas, não semostraram efetivas e prejudicaramseriamente os investimentosda empresa no Uruguai.”Para o representante do Uruguaina Opas, Gilberto Rios, daDireção Geral de Saúde, órgãodo Ministério da Saúde, a açãosó comprova que existe umaenorme pressão da indústria dotabaco contra países que defendemo controle rigoroso doconsumo de cigarros. “Foi importantereceber o apoio dasprincipais autoridades de todosos países das Américaspara continuar essa luta”, disseao BRASIL ECONÔMICO.Segundo o tratado Suíça-Uruguai, disputas envolvendoinvestidores dos dois paísesdevem ser decididas pelo CentroInternacional para a Arbitragemde Disputas, órgão doBanco Mundial.PosicionamentoEm agosto, os países do Mercosul,entre eles o <strong>Brasil</strong>, haviampleiteado que a Opas se posicionassesobre o caso, alegandoque a ação da Philip Morris éemblemática de um movimentoglobal da indústria para confrontara Convenção Quadropara o Controle do Fumo, daOrganização Mundial da Saúde.Segundo a médica Tânia Cavalcante,da comissão brasileirapara a implementação daConvenção Quadro, a açãocontra o Uruguai possui efeitodemonstrativo. “Está claro quea Philip Morris optou pela açãojudicial contra um país pequenopara enviar uma mensagemàqueles que procuram protegerseus cidadãos contra os efeitosnocivos do tabaco.”Tânia afirma que há ações emdiversos países contra leis municipaise estaduais. No caso brasileiro,por exemplo, existem açõescontra a proibição de fumar emlugares públicos no Estado de SãoPaulo. “A novidade é que as <strong>empresas</strong>estão agora confrontandoa legislação dos países”, diz. ■Colaborou Estela SilvaIMPASSELeis internacionais contrapõem livre comércio eConselho da Opas reúnerepresentantes de 40 países


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 19Marcelo AlmeidaGVT baixa preço de TV por assinaturaA GVT Holding quer quebrar o “duopólio” do mercado de televisãopor assinatura no <strong>Brasil</strong> a partir do segundo trimestre de 2011 e reduzo preço do serviço, disse o presidente da empresa, Amos Genish.A entrada de um novo competidor no mercado, hoje dividido entre Skye Net, pode fazer com que os preços do serviço ao consumidor caiamentre 20% e 25% nos primeiros 18 meses, disse o executivo. Ele prevêque as concorrentes reduzirão seus preços para acompanhar os da GVT.Nell Redmond/BloombergLinha de produção da Philip Morris: empresa temsede na Suíça, país que mantém um Acordo de Proteçãode Investimentos Estrangeiros com o UruguaiANTIPROPAGANDAImagens desmotivam consumo de cigarroDesde 2006, o Uruguai segue à risca a lei antifumo, queinclui a proibição dos cigarros em locais públicos. No anopassado, o país passou a exibir imagens que mostramas consequências do consumo de cigarros em 80% dasuperfície das embalagens. Pesquisa realizada pelo Ministérioda Saúde do país no fim de 2009 mostra que a adoção dessasmedidas influenciou 8% da população fumante a interrompero hábito. Abaixo, algumas embalagens vendidas no Uruguai.saúde públicaDivulgaçãoO cerco ao tabagismo ganhouforça no mundo com a adoção,em 2005, da Convenção Quadropara o Controle do Fumo, daOrganização Mundial de Saúde,que prevê medidas como o fim dapropaganda do fumo, programasde educação da população,proibição de fumar em ambientesfechados, controle do mercadoilegal de cigarros, inserçãode mensagens de advertêncianas embalagens, regulaçãoquanto ao conteúdo e à emissãode substâncias tóxicas. Até hoje,a convenção foi ratificada por 171países, motivados principalmentepelos gastos nos orçamentosde saúde e prejuízos causadosà economia pelo hábito defumar da população. Segundoo cardiologista Eduardo Bianco,presidente da maior entidade decontrole do tabaco no Uruguai,“o que está ocorrendo agoraaqui poderia ocorrer em qualquerpaís que tenha implementadoas medidas defendidas pelaconvenção”. Para MaristelaBasso, professora de DireitoInternacional da Faculdade deDireito da Universidade de SãoPaulo, “mesmo as regras sobrecomércio internacional permitemexceções em nome da saúdepública e da proteção do meioambiente”. Ela dá como exemploa flexibilidade das normas depropriedade intelectual e preçosde medicamentos contra aids.“Nenhuma regra do acordo daOrganização Mundial de Comérciopode ser interpretada de formaa limitar os direitos dosEstados-membros de protegerema saúde pública”, afirma. M.F.TERMINAIS PORTUÁRIOS DA PONTA DO FÉLIX S.A.CNPJ nº 85.041.333/0001-11Edital de Convocação - Assembleia Geral ExtraordináriaSão convidados os Senhores Acionistas da TERMINAIS PORTUÁRIOS DA PONTA DOFÉLIX S.A. a reunirem-se em Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada às 10:00h,do dia 18 de outubro de 2010, na sede social da Companhia, situada na Rua EngenheiroLuiz Augusto de Leão Fonseca nº 1.520, na Cidade de Antonina, Estado do Paraná, paratomarem conhecimento e deliberarem sobre a seguinte ordem do dia:a) Deliberar sobre proposta de redução do Capital Social da Companhia.Antonina (PR), 29 de setembro de 2010Valdécio Antonio BombonattoPresidente do Conselho de Administração


20 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010EMPRESASAQUISIÇÃO 1Marfrig assume hoje o controle daamericana Keystone FoodsCom a aprovação dos órgãos antitrustes americano e europeu, o grupoMarfrig informou que deverá assumir hoje o controle da Keystone.A empresa de distribuição de alimentos está presente em 13 paísese tem forte atuação no mercado de food service atendendo 28 milrestaurantes. Entre os principais clientes estão cadeias internacionaiscomo McDonald’s e Subway.Paulo Fridman/BloombergAQUISIÇÃO 2Pecuaristas argentinos podem fazeroferta para comprar matadouro do JBSO matadouro foi fechado neste ano pela JBS que está reduzindosua presença na Argentina. O Consorcio Ganaderos Del Montielestá trabalhando com o governo da província de Entre Rios,no leste da Argentina, para elaborar uma possível propostapelo matadouro, disse Hector Grachinsky, presidente do grupo.A unidade em San José foi avaliada em US$ 25 milhões, informou.Independência deixa de pagardívida e corre risco de falênciaFrigorífico em recuperação judicial não paga juros e fecha três abatedouros que ainda operavamRobson Fernandjes/AELuiz Silveiralsilveira@brasileconomico.com.brA recuperação judicial do frigoríficoIndependência está virandoágua. Sem capital de giro, ogrupo interrompeu as atividadesnas três unidades de abate queainda operava e já até demitiuparte dos funcionários que restavam.Agravando a crise, o Independênciaanunciou que nãopagaria uma parcela de juros doseurobônus (títulos de dívida)emitidos em março que venciaontem e iria renegociar, abrindoo flanco para que esses credorespeçam a sua falência.O anúncio do calote, calculadoem cerca de US$ 12,5 milhões,ocorre duas semanas depoisde uma assembleia geral decredores convocada pela administraçãopara aprovar uma moratóriade dois meses no pagamentodos pecuaristas credores,que possuem uma parte poucosignificativa da dívida. Entre osmaiores credores estão os bancosJP Morgan e Citigroup.Ao convocar assembleia pararenegociar pequenos valores — aAssociação dos Criadores doMato Grosso calcula que 90%dos pecuaristas já tenham sidopagos — o Independência acendeuo sinal amarelo do mercado.As agências de classificação derisco Moody’s e Fitch Ratingsrebaixaram a classificação da dívidado grupo após a assembleia.A Fitch deu aos eurobônus doIndpendência o rating CCC, queindica calote iminente. “O rebaixamentodos ratings do Independênciareflete a incapacidadeda companhia de cumprir comsuas obrigações mensais de pagamento,devido à insuficiênciade liquidez”, disse a Fitch.Os eurobônus de US$ 165 milhõesforam emitidos em março,com alienação fiduciária completa,para que o frigorífico conseguissepagar parte dos fornecedorespara voltar a operar.Mas o dinheiro não foi suficientepara sustentar as operações.“Desde a emissão das notas, acompanhia continuou a lutarcom as necessidades de capitalde giro e não foi capaz de retomarsuas operações ao nível queseria suficiente para cumprir asOs credores quenão receberamos juros têmalienação fiduciáriade bens do grupoe podem pedir afalência da empresaobrigações previstas pelo planode recuperação”, diz o comunicadodo Independência. “Vamosver como esses credores vão secomportar, mas o que preocupaé esse calote não ter sido negociadona última assembleia decredores, 15 dias atrás”, diz oadvogado Armando Candia, querepresenta os pecuaristas credoresdo Mato Grosso.FalênciaOs donos das notas do Independênciapodem pedir a falênciada empresa porque têm garantias.Mas precisam esperar nomínimo dez dias após o vencimento(ontem) dos juros parafazê-lo. Caso isso ocorra, o grupodeixa para trás uma dívidaestimada em quase R$ 3 bilhõesquando o plano de recuperaçãojudicial foi aprovado.O BRASIL ECONÔMICO apurouque as três unidades de abateque o grupo reativou após aaprovação do plano de recuperação,em março, pararam defuncionar pouco depois, há maisde dois meses. Um comunicadodo dia 2 de junho informa que osfrigoríficos de Janaúba (MG),Rolim de Moura (RO) e NovaAndradina (MS) estavam funcionandocom capacidade totalde 1,7 mil abates diários. Ontem,a companhia informou que nãohavia atualizações a realizar.Mas a maior parte dos funcionáriosdessas unidades já foi atédemitida, segundo fontes locais.“Da primeira vez que a fábricaparou eles não demitiram, masdesta vez os 500 funcionários jáforam dispensados”, diz o prefeitode Rolim de Moura, SebastiãoDias Ferraz. ■Frigorífico desativou as três unidadesfrigoríficas que ainda operavam, com capacidadetotal de 1,7 mil abates por dia em junhoBÔNUSUS$ 165 mié quanto o grupo levantoucom a emissão de notas dedívida em março. Com jurosde 15% ao ano e vencimentoem 2015, as notas tinhamvencimento de juros ontem.RECEITAR$ 2,2 bifoi o faturamento do grupoem 2008. No primeiro semestrede 2010, as vendas totalizaramapenas R$ 121 milhões, vindos emespecial do negócio de couros.


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 21AVIAÇÃOPara atender à demanda gerada com Copae Olimpíada, Gol revê seu plano de frotaGol Linhas Aéreas pode comprar mais Boeing 737 para atendera demanda estimulada pela expansão da economia e pelo fluxode passageiros a ser gerado pela Copa do Mundo e Olimpíada.A empresa vai rever seu plano de frota nos próximos meses e venderações ou emitir dívida no segundo semestre do ano que vem para financiaras aquisições, disse Leonardo Pereira, diretor financeiro da empresa.Isabela KassowGÁSEMPRESASCompagas anuncia investimentos deR$ 136 milhões em obras e projetos até 2015É o maior aporte da empresa desde a sua fundação e engloba açõescomo a expansão do uso do gás natural para as regiões Leste, Centro-Sule Norte do Paraná. O anúncio coincide com o aniversário de 12 anos doinício da operação da empresa. A previsão é de que, até 2014, o númerode clientes passe dos atuais 10 mil contratados para mais de 29 mil, entreunidades domiciliares, comércios, indústrias e postos de combustível.Henrique ManrezaCASA DAS CALDEIRASR$ 550 mié o valor geral de vendas doprimeiro empreendimento — Casadas Caldeiras — lançado na voltada Setin. Os imóveis foramvendidos na noite do lançamento.PRÓXIMO LANÇAMENTOR$ 150 mié quanto o empreendimentoem Campinas deve gerarde valor geral de vendas paraa companhia. A expectativa é queo lançamento seja feito em breve.FUNCIONÁRIOS30é o número de pessoasque trabalham hoje paraa companhia, que chegou ater 825 funcionários antesda venda para a Klabin Segall.Antônio Setin, presidenteda incorporadora SetinDe volta ao mercado, Setin estáatenta ao setor hoteleiro do paísIncorporadora vai encerrar o ano com valor geral de vendas de R$ 850 milhões e diversifica mercadosNatália Flachnflach@brasileconomico.com.br“Várias vezes, acordei rico e fuidormir pobre”, conta AntônioSetin, presidente da incorporadoraque estampa o seu sobrenomeno 12° andar de um edifício comercialde São Paulo. De lá, comandaa mudança na estratégiaque será adotada no próximo ano.O objetivo agora é não concentrarvários empreendimentos em umaúnica cidade e sim diversificar e,apesar dos altos custos dos terrenos,a volta do investimento emhotéis também está na mira.Este mês o executivo completaum ano à frente da empresaque reergueu, depois de tê-lavendido para a Klabin Segall,que por sua vez acabou sendovendida às pressas para o investidorespanhol Enrique Bañuelos.Segundoo executivo, o principalmotivo para o negócio foi acrise econômica que congelou osfinanciamentos bancários.A volta foi possívelporque mesmocom a aquisiçãoda companhiapela Klabin Segall,a marca manteveem seu portfóliobons terrenos,2 mil apartamentosque estavam sendoconstruídos naépoca da negociação,além dos hotéiserguidos pelaconstrutoraA volta da Setin foi possívelporque, mesmo com a aquisiçãoda empresa pela Klabin, a marcafoi mantida com o fundador e tinhaem seu portfólio bons terrenos,2 mil apartamentos que estavamsendo construídos na épocada negociação, além dos hotéiserguidos pela construtora. “Como saldo que tínhamos em caixamais os recursos da venda dasações da Klabin Segall conseguimosir atrás de outros terrenos ereestruturar áreas que tinhamsido desativadas”, afirma o executivosem detalhar o valor que acompanhia tinha à disposição.Sobre a possibilidade de obterlinhas de crédito para alavancara incorporadora, Setinse mostra reticente. “Não querocrescer por crescer e depoisnão ter resultado, porque é issoque importa no fim do dia.”Ele acrescenta que foi procuradopor um fundo internacional,que propôs focar em imóveisde classe média e baixarenda. “Recusamos, queremoscrescer sustentavelmente.”Este ano, o valor geral de vendas(VGV) ficará na casa dos R$850 milhões e a rentabilidadedeve ultrapassar os 20%. Para2011 e 2012, a expectativa é repetiro VGV. “Queremos consolidaro resultado. Mas se sentirmos quedá para crescer, já temos linhasde crédito à disposição.” A diferençadeste ano para os seguintesé que, em vez de lançar quatroempreendimentos em São Paulo,a incorporadora vai diversificar oportfólio com imóveis em Brasília,Salvador, Campinas (SP) eSão José dos Campos (SP). “Nossofoco são as cidades paulistasque ficam a 1h30 da capital.”Setin é um dos responsáveispela vinda da bandeira Accorpara São Paulo. A incorporadora econstrutora ergueu o Formule 1, oMercure Grand Hotel e o Ibis. “De2001 a 2005, o setor de hotelariapassou por um momento ruim, aponto de hotéis cinco estrelasdisputarem hóspedes com de trêsestrelas”, diz, acrescentando queuma das razões foi a redução nademanda, depois da queda dasTorres Gêmeas, em Nova York.Agora, o cenário brasileiro éoutro. “Não estamos pensandosó na Copa, porque é um eventoque dura um mês. O <strong>Brasil</strong> precisahoje de hotéis porque estáem evidência. Muitos estrangeirosquerem vir para cá e investir.”Apesar disso, ele acreditaque o mercado não deve viveruma enxurrada de investimentosdevido à escassez de terrenose aos preços elevados.“Temos interesse em voltar aatuar no segmento. Mas está difícilpara todo mundo.” Sobre apossibilidade de voltar a ter sobsua tutela um negócio do porteanterior -uma construtora com600 funcionários e uma empresade vendas, com 150 vendedores,a resposta é negativa. “O quemais me agrada é conceber o negóciocomo incorporador.” ■


22 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010EMPRESASQUÍMICAImportações de produtos químicos crescem32% e geram déficit de US$ 12,6 bilhõesEntre janeiro e agosto de 2010, as importações de produtos químicostotalizaram US$ 21 bilhões, 32,0% mais do que o valor de janeiro a agostodo ano passado. No caso das exportações, o valor de US$ 8,4 bilhõesregistrado nos oito primeiros meses do ano foi 31,5% superior ao deigual período do ano passado, gerando um défici comercial no setor deUS$ 12,6 bi. Os dados são da Associação <strong>Brasil</strong>eira da Indústria Química.Geoff Howe/BloombergQUÍMICA IIChinesa Sinochem prepara ofertapela mineradora canadense PotashMaior fabricante chinesa de produtos químicos, a empresa se empenhapara desafiar a oferta de US$ 39 bilhões da BHP Billiton pela PotashCorp, segundo fontes. Entretanto, os esforços para obter um parceirorusso falharam, segundo um jornal. A Sinochemtemcercade 20 pessoasenvolvidas na preparação de alternativas para barrar a oferta da BHP eespera ter um decisão em breve, disseram fontes próximas à companhia.Cab estudadessalinizar águasalobra no litoralGiuliano Dragone, diretor técnicooperacional da Cab Ambiental, dizque uma estação de tratamentoportátil custa 20% da tradicionalTecnologia é alternativa para atender cidades com altassazonais de demanda, principalmente durante o verãoDubes Sônegodsonego@brasileconomico.com.brA Companhia de Águas do <strong>Brasil</strong> -Cab Ambiental, empresa de saneamentobásico do Grupo Galvão,de engenharia, construção einfraestrutura, está estudando adessalinização como alternativapara acabar com os tradicionaisracionamentos de água em cidadesdo litoral no verão, sem comprometera rentabilidade da operaçãode tratamento de água, nemos prazos de implantação dos sistemas.A companhia acredita queisso dará a ela maior competitividadena disputa por contratos emcidades com picos de demanda.A tecnologia disponível paratanto não é segredo. SegundoGiuliano Dragone, diretor técnicooperacional da companhia, aquestão é saber em que perfil decontrato seu uso é viável.Entre as variáveis importantesa serem levadas em consideraçãoestão o tempo de contratocom os governos. Quantomais curto ele for, mais atrativoé o uso dos equipamentos dedessalinização, que são móveise podem depois ser levados aoutras localidades. Estruturaspermanentes e tradicionais têmcusto de operação baixo, massua implantação requer investimentosiniciais maiores. Estaçõesmóveis de dessalinizaçãocustam menos, mas têmoperação mais cara.Transformar um metro cúbicode água do mar em água potável,por exemplo, sai em médiaR$ 5. O tratamento de águapelos métodos tradicionais é dezvezes mais barato, R$ 0,5 o metrôcúbico. O tratamento deágua salobra, por sua vez, ficana faixa de R$ 2 o metrô cúbico,nem tão dispendioso quanto ode água do mar, nem tão baratoquanto o de água doce comum.Quanto aos custos de implantação,segundo Dragone,uma estação de tratamento tradicionalcusta em média 80%Companhia acreditaque conhecimentoda tecnologiae domínio de umamodelagem deprojeto que permitaseu uso serãodiferenciais emlicitaçõesmais do que uma portátil paradessalinizar água salobra (depoços artesianos) capaz deatender ao mesmo número depessoas. Para atender a uma localidadede 10 mil habitantes,com vazão de 40 metros cúbicospor hora, a diferença seria deR$ 1 milhão para R$ 200 mil. Asestações de dessalinização demandamainda cerca de R$ 60mil para a abertura de um poçoartesiano, que pode ser mantidoaberto para os anos seguintes.Novo mercadoNão existem números oficiaissobre o tamanho do mercadoaberto pelo uso da tecnologia dedessalinização. Mas não é precisoir longe para identificar demanda.Praticamente todo o litoralNorte do estado de SãoPaulo, por exemplo, sofre com afalta de água no auge do verão. Ea situação é comum em outrosbalneários no resto do país.“Se conseguirmos demonstrarque a dessalinização é viável,esta seria uma opção interessantepara diversas cidades”,afirma o executivo. E o domínioda modelagem de projetos necessáriapara viabilizar o uso dadessalinização, segundo ele,permitiria à Cab montar propostasde preço mais atrativas edemonstrar conhecimento técnico— outro critério de disputa— em licitações públicas.Lá fora, um dos exemplos maisfamosos de dessalinização daágua para atender a picos de demandaé o de Barcelona, na Espanha,dona de uma das maioresunidades de dessalinização deágua marinha do mundo.Da mesma forma que outras<strong>empresas</strong> do setor, como a Sabesp,Dragone afirma que a CabAmbiental também tem no radara tecnologia de estações detratamento de esgoto compactase móveis, que podem serusadas para completar o pacotede saneamento no litoral e emcidades do interior. ■


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 23FINANCIAMENTOOSX assina empréstimo de US$ 420milhões com bancos externosA empresa de estaleiros do grupo do empresário Eike Batista, OSX,anunciou ontem que acertou o financiamento junto a sete bancosinternacionais liderados pelo norueguês DVB Bank. Segundoa companhia, os recursos, com prazo de 8,5 anos e custo de libormais 4,25 % ao ano, serão usados para “financiamento dos custosde aquisição e customização do FPSO OSX-1 (plataforma flutuante)”.DivulgaçãoTRANSPORTEPrimeiro táxi elétrico do <strong>Brasil</strong>começa a circular no ParanáO veículo atenderá os usuários do Aeroporto Afonso Pena, ondea Copel instalou o primeiro ponto de recarga para automóveis elétricos,chamado de eletroposto. Com as baterias totalmente carregadas,o automóvel possui autonomia para rodar 150 quilômetros. Sãonecessárias oito horas para a recarga total, mas o eletroposto daCopel também permite cargas rápidas realizadas em 30 minutos.Murillo ConstantinoTRATAMENTO DE ESGOTOPlantas aquáticassão alternativa paracidades pequenasDependendo do orçamentoe do tamanho da cidade,estações de tratamentode esgoto tradicionaispodem ser economicamenteinviáveis. Nesses casos,é comum a construçãode lagoas para remoçãodo lodo contaminado, antesda água ser devolvida a umcórrego ou rio. Para poderatuar em cidades com esseperfil, sem onerar a tarifa,a Cab Ambiental tem entre seusalvos de estudo a biotecnologia.Segundo Giuliano Dragone,diretor técnico operacionalda empresa, a companhiavêm testando o uso de plantasaquáticas para a remoçãode dois dos principaispoluentes do esgoto, nitrogênioe fósforo. O executivo explicaque, primeiro é avaliadoo perfil dos rejeitos. Depois,são definidas as plantas maisadequadas para tratá-lo.“A lagoa vira um jardim”,afirma Dragone. “Na Europa,há algumas lagoas assim nocentro de pequenas cidades”.A tecnologia é da francesaPhytorestore, que já atua no<strong>Brasil</strong>. Segundo o executivo,a empresa pensa em fazer umprojeto piloto com as plantas naCab Spat, na Grande São Paulo.Mas elas poderiam ser usadastambém em concessõesde pequenas cidades, comoPalestina, no interior do estadode São Paulo, que tem cerca de11 mil habitantes. Ou em Piquete,atendimento recém-conquistadopela empresa, no Vale doParaíba. Outra tecnologiaem estudo, afirma Dragone, vemdos Estados Unidos. Trata-se deum tipo de bactéria capaz detratar o lodo do esgoto e gerarenergia durante o processo. D.S.Companhia medeganhos com inovaçãoMetodologia em fase de testepermitirá avaliar quais sãoas novas ideias mais efetivasHá cerca de dois anos, a CabAmbiental decidiu implementaruma política de inovaçãovoltada à redução de custos eganhos de eficiência operacional.Agora, com algumas iniciativasem curso, a companhiaquer encontrar uma formade medir quais das novasideias dão maior retorno.Para isso, a empresa do grupoGalvão está testando umametodologia de análise desenvolvidaem parceria com oconsultor Valter Pieracciani,na CaB Spat, unidade de tratamentode água na grande SãoPaulo, onde atua por meios deparceria público privada com aSabesp. Caso dê certo, a metodologiaserá levada para outrasunidades da Cab.Segundo Giuliano Dragone,diretor técnico operacional daempresa, com as inovaçõesimplantadas até agora, já foiidentificada redução média de10% nos valores desembolsadosem cada um dos projetos,na comparação com o valororçado. Além disso, há ganhofiscal com a Lei do Bem, de incentivoà inovação.Redução média decustos já identificadaé de 10%, em relaçãoaos valores orçados.Empresa busca maiorparte das ideiasentre os funcionáriosEconomiaOs valores economizados,afirma o executivo, têm sidosuficientes para bancar o orçamentoda área, que no anopassado consumiu aproximadamenteR$ 250 mil e, nesteano, chegará a R$ 500 mil.A iniciativa de implantaruma metodologia para medir ocusto benefício das novasideias adotadas pelas empresa,segundo informou Dragone, éparte de uma estratégia amplade criação de indicadores degestão. Ela permitirá, porexemplo, que a companhiapriorize com recursos os projetosmais rentáveis.ConcursoNo ano passado, na primeiraedição do concurso de projetosde inovação promovido internamentena Cab, houve adesãode 22% dos funcionários, com70 propostas. Neste ano, segundoDragone, foram 110projetos apresentados por 32%dos funcionários que concorremaos prêmios em dinheiro.São sugestões que vão de manuaisde etiqueta para reduzirreclamações em relação aosfuncionários até sistemas demonitoramento aéreo dasmargens de grandes mananciaisde água em São Paulo.Outra fonte de ideias e tecnologiaspara empresa são asuniversidades. Atualmente, aempresa trabalha no mapeamentode projetos ligados àárea de saneamento em algumasdas principais instituiçõescom pesquisa do país como,por exemplo a Universidadede São Paulo (USP) e a UniversidadeEstadual Paulista(Unesp). ■ D.S.


24 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010EMPRESASECONOMIACliente Visa poderá comprar nos EstadosUnidos e receber encomendas no <strong>Brasil</strong>A Visa e SkyBox, fornecedora de soluções para comércio eletrônicointernacional, fizeram uma parceria que permitirá a brasileiros comprarem sites de comércio eletrônico dos Estados Unidos e receber no <strong>Brasil</strong>.Os consumidores terão uma caixa postal nos Estados Unidos, para ondeas compras serão enviadas e, depois, remetidas ao <strong>Brasil</strong>. A estimativaé de uma economia de 20% em relação a outras opções de transporte.Henrique ManrezaPARCERIALG e Microsoft se unem para computaçãoem nuvem e virtualizaçãoA LG anunciou ontem parceria com a Microsoft para computação emnuvem e virtualização. A LG irá disponibilizar monitores integrados comsoftware da Microsoft, que funcionarão como computadores virtuais,permitindo que usuários utilizem programas a partir de um único PC.As <strong>empresas</strong> também vão lançar monitores para computação em nuvem,tecnologia que permite acessar dados e programas via internet.DivulgaçãoImagem convencional desatélite (abaixo) e localizaçãoda Igreja da Pampulha(acima), em Belo Horizonte,que pode ser vista tambémpelo novo serviçoGoogle fomenta negócios delocalização com serviço de ruaCom Street View, a expectativa é aumentar 30% o tráfego dos sites especializados, atraindo anunciantes e receitaCarlos Eduardo Valimcvalim@brasileconomico.com.brOs internautas vão poder fazerpasseios virtuais por ruas e avenidasde 51 cidades brasileiras pormeio do Google Street View, serviçodo gigante de buscas e quecombina uma série de fotos, feitaspor câmeras instaladas emcarros, formando imagens panorâmicasdos espaços públicos. Orecurso está disponível em grandescidades americanas e europeiasdesde 2007, e desde ontempode ser usado também para visualizaras vias de São Paulo, BeloHorizonte e Rio de Janeiro e outrascidades satélites ou históricas,como Tiradentes e Ouro Preto.Os próximos países a seremincluídos no serviço são Argentinae Chile, mas a Antártida jáestá mapeada.A empresa, que tem quase todaa sua receita vinda de anúncios,somando US$ 23,7 bilhões no últimoano, utiliza o Google StreetView como uma nova forma deDivulgaçãoFelix XimenesDiretor decomunicação doGoogle <strong>Brasil</strong>“Estamos procurandociclistas com bom preparofísico, para captar imagensde locais como parques”atrair anunciantes para seus mecanismosde buscas de informaçõesna internet, além de dar maisrecursos aos clientes atuais. Segundoa gerente de marketing doGoogle <strong>Brasil</strong>, Flávia Simon, a expectativaé conseguir um aumentode 30% no tráfego no portal demapas da empresa — por onde orecurso pode ser acessado. “Nospaíses em que lançamos o StreetView, o impacto costuma seresse”, diz. A companhia não informaqual é o tráfego atual à páginaa partir do <strong>Brasil</strong>.Empresas do mercado imobiliário,de turismo, bares e restaurantes,além das automotivas, devemser as mais interessadas emcriar campanhas e desenvolverprogramas integrados ao serviço,afirma Flávia. A imobiliária Lopes,de São Paulo, foi a primeira aintegrar o recurso a seu site, comoforma de identificar os apartamentosque está negociando.Para a captação das imagens, oGoogle fez parceria com a Fiat,que adaptou 30 carros para receberas câmeras e circular pelas cidadesbrasileiras. Cerca de 150 milquilômetros de ruas e avenidasforam fotografados. O objetivo éatingir 90% das vias urbanas brasileirasmapeadas em dois anos.A empresa tem outras alternativaspara mapear ruas estreitase parques. No <strong>Brasil</strong>, há quatrotriciclos, chamados de GoogleTrike, que são usados paracaptação de imagens destes locais.“Estamos procurando ciclistascom bom preparo físicopara pedalar”, afirmou o diretorde comunicação, Felix Ximenes.Outras pessoas devem captarimagens em lugares fechados,como museus, com a ajuda decâmeras instaladas em bolsas. OGoogle tem conversado cominstituições públicas e privadaspara conseguir a aprovação dafilmagem de locais sugeridospelos internautas. “Para a Olimpíadade Inverno de Vancouver(que ocorreu este ano no Canadá),colocamos câmeras empranchas de snowboard”, dizXimenes. Os estádios para aCopa do Mundo de 2014 tambémdeverão ser mapeados.Mas, em grandes capitaisbrasileiras, a empresa ainda encontradesafios para fotografarcertas áreas. “Num primeiromomento, excluimos áreas commaior risco à segurança, comofavelas. A nossa expectativa éque as próprias comunidadespercebam os benefícios e nospeçam para captar as imagens”,afirma o gerente de produtos doGoogle, Marcelo Quintella.Acesso ao recursoO Google Street View pode seracessado por meio dos sites geográficosda empresa de intenet, oGoogle Maps e o Google Earth, deimagens aéreas por satélite. Paraver as imagens à altura da rua, ousuário deve buscar o endereçodesejado, clicar em “mais” e escolhera opção Street View ou visãoda rua. O recurso tambémestá disponível para smartphonese ajuda a visualizar rotas. ■


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 25EXPANSÃOTecnologia VoIP e ligações porinternet crescem 87,5% ao anoA tecnologia VoIP – Voz sobre IP – tornou-se uma realidade tambémpara as <strong>empresas</strong> brasileiras. O boom desse mercado, que deve durar atéo ano que vem, faz do <strong>Brasil</strong> responsável por metade do crescimentona América Latina – segundo a empresa de consultoria Frost & Sullivan –movimentando 49% do US$ 1,1 bilhão estimado. Um dos motivadoresdo uso é a redução de custos com telefonia e a mobilidade.ReproduçãoPESQUISA<strong>Brasil</strong>eiros usam mais o Twitter para finspessoais e profissionais do que outros povosUma pesquisa da fornecedora de tecnologia Unisys mostra que 20%dos entrevistados brasileiros usam o Twitter para trabalho e questõespessoais. Nos Estados Unidos, Europa, Austrália/Nova Zelândia, o índiceé 3%. Além disso, 19% dos brasileiros acessam redes sociais ao menosuma vez ao dia para trabalhar. Entre americanos, o índice é de 3%; entreeuropeus, 7% e 5% entre entrevistados da Austrália e Nova Zelândia.DivulgaçãoPOLÊMICAServiço é alvo de críticas em vários paísesAlém de visualizar ruas, serviçoajuda a identificar rotas edeve cobrir 90% do territórionacional em dois anosO serviço Street View temlevantado polêmica sobreprivacidade em diversos países,uma vez que torna disponívelna web imagens de fachadase pedestres nas ruas. Na Europa,o Google enfrenta vários impassesna captação das imagens einformações usadas para criaçãoe atualização do serviço. NaAlemanha, milhares de cidadãospediram que suas casas ficassemfora do serviço e, na RepúblicaTcheca, autoridades impediramque a empresa continuassea coletar imagens, alegandoviolação às leis do país.O serviço também é criticado emalguns países por fornecer imagensde localizações sensíveis, comobases militares. Por outro lado,também ajudou na soluçãode alguns crimes, como umsequestro nos Estados Unidos.Os rostos das pessoas e as placasde carros que aparecem nasfotografias que compõem a visãoda rua são apagadas. E qualquerpessoa pode, pelo própio site, pedira remoção da imagem da sua casa.O diretor de comunicação doGoogle, Felix Ximenes, acredita queno <strong>Brasil</strong> haverá menos problemase pedidos de remoção que emoutros países, em especial, oseuropeus, que são culturalmentemais preocupados com questõesde privacidade. Aqui, a maiordificuldade da empresa são ospedidos de remoção de páginasdo site de relacionamentos Orkut,muito utilizado pelos brasileiros.No primeiro semestre, a Justiçabrasileira pediu 398 remoçõesde páginas do Google em geralmais do que o dobro da Líbia,o segundo país em número derequisições. C.E.V. com Reuters


26 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010INOVAÇÃO & TECNOLOGIASEGUNDA-FEIRAEDUCAÇÃOTERÇA-FEIRAEMPREENDEDORISMOParabólica renova geração deFluminense Global Master Internacional desenvolve antenas de inox que utilizam raios do Sol como fonte térmicaTecnologia solar evolui para o usode aço inox, mudança que podeganhar espaço na industrialNivaldo Souzansouza@brasileconomico.com.brEmbora o Sol brilhe como maior objeto dosistema solar — cerca de 98% da massa total—, a energia gerada por ele encontraverdadeira refração no <strong>Brasil</strong>. Sem que aluz emitida seja desviada para uma aplicaçãoem escala na matriz energética brasileira.Vácuo que rende à energia solar o papelde fonte de baixa velocidade, usada emsituações pontuais, principalmente emprojetos socioambientais. Falta de movimentoque resulta da desarticulação entredesenvolvimento técnico, políticas de incentivoe viabilidade econômica. Ao contrárioda tendência observada em paísesnos quais a escassez energética impulsionainvestimentos em fontes renováveis. “Como aumento do preço do petróleo e o risco deimplantação de energia nuclear, paísescomo Espanha e Estados Unidos estão pesquisandooutras fontes. O mundo está pesquisando”,afirma o diretor da GlobalMaster Internacional, Rogério Muller,consultoria que agora investe na produçãode parabólicas solares.Mas a direção da energia solar no <strong>Brasil</strong>pode sofrer mudança nos próximos anos.A Global, instalada em Petrópolis (RJ),apostou nisso em 2007, ao elaborar o projetode desenvolvimento do ConcentradorSolar Parabólico. Equipamento que podefazer história ao utilizar o calor do sol parafornecer energia térmica — e não elétrica,como é mais comum — para indústrias.“Entendemos que poderiahaver soluções solaressendo desenvolvidas ecolocadas para o mercadocom entrega imediata.Isso não existe hojeRogério Muller,diretor da Global MasterO concentrador, também denominadoTorre Solar, tem o formato de uma antenaparabólica com 4,5 metros de diâmetro.É formado por placas de aço inoxidável,responsáveis pela recepção deaté quatro vezes mais calor do que os painéisfotovoltaicos tradicionais. Isto porqueuma caldeira térmica no topo da antenarecebe o raio solar refratado pelasplacas de inox, rendendo temperaturamédia de 500 graus centígrados.Por baixo das placas, uma tubulação decobre contém óleo sintético. O líquido éaquecido e transferido para um trocadorde calor, espécie de conversor que concentraa energia térmica para repassá-lapara um gerador. “Ele funciona como umfluído de baixa dilatação que circula por


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 27QUARTA-FEIRAGESTÃOQUINTA-FEIRASUSTENTABILIDADEenergia solarSÉRGIO COLLECoordenador do Departamento deEngenharia Mecânica (Lepten) daUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC)para alimentar etapas do processo produtivo das indústriasHenrique ManrezaDivulgaçãoCALOR NA PARABOLÓIDEuma serpentina (tubulação de cobre), dentroda parabolóide (circunferência da antena)”,diz Muller. Outro detalhe é que o óleo, cercade quatro litros por torre solar, não precisaser trocado com frequência.Concentrador Solar Parabólico desenvolvido pelaGlobal Master mais parece uma antena para recepçãode sinal de televisão. Mas funciona com uma caldeiratérmica devido a uma espécie de capacitor instaladono topo do tripé do equipamento. A base da antenaé forrada com placas de aço inoxidável. Elas atraematé quatro vezes mais luz do Sol do que painéisfotovoltaicos tradicionais, feitos de cristais.Os mecanismos fazem a temperatura do concentrador ira 500 graus Celsius. O calor aquece o óleo sintético quepercorre uma tubulação de cobre embaixo das placasde inox. Depois, o líquido passa por um trocador decalor que transfere a energia térmica para um gerador.INVESTIMENTOR$ 400 milforam aplicados pelaGlobal Master para desenvolvero equipamento. A Faperjparticipou do projeto como repasse de R$ 200 mil.PREÇOR$ 20 mila R$ 30 mil é quanto sai cadaparabolóide instalada pela empresafluminense. Valor é alto, mas devecair conforme o pacote contratadopelo cliente com a Global Master.Clientes buscam calorA Fundação de Amparo à Pesquisa do Estadodo Rio de Janeiro (Faperj) repassou R$ 200mil para o desenvolvimento do produto. AGlobal aplicou outros R$ 200 mil. Agora, aempresa está prospectando mercado paravender a antena. “Entendemos que poderiahaver soluções solares sendo desenvolvidas ecolocadas para o mercado com entrega imediata.Isso não existe hoje”, diz Muller.Segundo o executivo, o ConcentradorSolar Parabólico foi projetado para ser utilizadopela indústria, principalmente devidoao alto custo de implantação das antenas.Cada torre custa de R$ 20 mil a R$30 mil. Valor que pode ser reduzido, segundoo diretor da Global, conforme o númerode antenas embarcadas nos projetosenergéticos dos clientes.A instalação em escala está sendo negociadacom uma recicladora de asfalto (15 unidades)e uma companhia de saneamentopara secagem de lama resultante do tratamentodo esgoto (20 a 30 antenas). Por ora, aArcoflex é a primeira cliente. A fabricante desacolas plásticas instala três torres para substituira eletricidade por energia térmica noprocesso de secagem. O calor será conduzidopor secadores para ventilar as sacolas a umatemperatura média de 40 graus. ■Falta fazer a lição de casaA indústria nacional produz cerca de 800 mil metros quadrados de coletoressolares planos, segundo dados da Associação <strong>Brasil</strong>eira de Refrigeração,Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). Sóque o produto é baseado em projetos de concepções primitivas de coletoresde tubo e placa inventados nos EUA na década de 1920. Essa situaçãoé compreensível, uma vez que ciência e tecnologia, historicamente,não fizeram parte efetiva da cultura bacharelesca do <strong>Brasil</strong>, oque explica a razão de o país ser tecnologicamente dependente. Grandesprojetos nacionais são iniciados com pomposos discursos políticos,de muita retórica, pouca determinação e consequência.A energia solar se insere nesse contexto. Após a grande crise do petróleode 1973, o <strong>Brasil</strong> implementou uma pioneira política de desenvolvimentode energia solar. De lá para cá, nenhuma outra políticapública de desenvolvimento para esse setor foi implementada. Nessemeio tempo, o setor privado desenvolveu o mercado atualmente existente,contando apenas com incentivos fiscais. Contudo, o <strong>Brasil</strong> nãofez seu dever de casa. Enquanto a China tornou-se líder mundial emapenas quinze anos. Hoje, produtos chineses com alto valor tecnológicoagregado e, por conseguinte, de elevada eficiência, invadem omercado, comercializados a preços inexplicavelmente baixos.Os números do setor de energia termo-solar são ainda desencontrados.Presume-se que cerca de 1,5% das residências brasileiras disponhamde aquecimento solar. Por outro lado, estima-se que 3,8 gigawatts(GW) de potência (aproximadamente um quarto da capacidadede Itaipu) é reservada para suprira demanda dos chuveiros elétricosAneel deveriaconsultar oconsumidorsobre a opçãode subsidiaraquecedores solaresno horário de pico entre 18h e 21h.Calcula-se que para cada chuveiroelétrico instalado (que pode ser adquiridono comércio a R$ 30) sãonecessários investimentos em geração,transmissão e distribuição entreUS$ 900 e US$ 2 mil. Entretanto,por US$ 700 pode-se adquirir umaquecedor solar doméstico compactono mercado nacional, capazde reduzir em 80% a energia demandadapor chuveiro elétrico no horário de pico. Todavia, as atuaistecnologias não são apropriadas para garantir a redução da demanda.Daí a necessidade de desenvolvimento de tecnologias inovadoras,para produzir equipamentos que possam ser controlados através desistema de informação meteorológica. A supressão da demanda desseschuveiros por aquecedores solares inteligentes geraria uma demandano mercado nacional da ordem de 8 milhões de metros quadradosde coletores solares térmicos de boa eficiência. A propósito, oconsumidor deveria ser consultado pela Aneel sobre a opção de pagarna tarifa os custos de geração elétrica, transmissão e distribuição, ouse preferem subsidiar aquecedores solares para reduzir esses gastos.A decisão da Aneel de promover a substituição dos atuais medidoresde consumo por equipamentos modernos controlados remotamentevem em benefício da solução do problema dos chuveiros elétricos. Ocontrole remoto pode ser utilizado também para monitorar o perfil deconsumo residencial, informação indispensável para avaliar o impactodo aquecedor solar sobre a redução no horário de pico e também o graude retribuição do consumidor na gestão energética, para corresponderao subsídio recebido. Nesse contexto, o governo federal deveria estabeleceruma política efetiva para o setor de energia solar, até mesmo paraassegurar o elevado número de empregos do setor. ■PREFEITURA DA ESTÂNCIA DE ATIBAIATornamos público que se acha aberta, no Departamento de Suprimentos desta Prefeitura,a licitação abaixo: PROCESSO N° 20.294/10 - PREGÃO PRESENCIAL N°051/10 - OBJETO: Aquisição de veículos e motos OKM, ano 2010, destinados ao usodas diversas Secretarias desta Prefeitura. ENTREGA DOS ENVELOPES E INÍCIO DASESSÃO DE LANCES: “Proposta e Documentação”, às 9:00 horas do dia 22 de outubrode 2.010, na Sala de Licitações, situada à Av. Nove de Julho, Sala 01, n.º 185 –Centro – Atibaia/SP. AQUISIÇÃO DO EDITAL: O edital completo poderá ser adquiridona Tesouraria Municipal, à Av. da Saudade, 252, Centro, nos dias úteis, das 10h às16h, mediante o pagamento de emolumentos, no valor de R$ 10,00 (dez reais) ou, semônus, via Internet, pelo site www.atibaia.sp.gov.br. Observe-se que, o interessado queoptar pela compra do edital, após recolher o emolumento na Tesouraria, deveráretirá-lo no Departamento de Suprimentos, no endereço supracitado, nos diasúteis, das 9h às 12h e das 13h às 16h. DEMAIS INFORMAÇÕES: Departamentode Suprimentos, sito à Rua Bruno Sargiani, 100, Vila Rica, Fone/Fax: (11) 4414-2625.SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO, 30 de setembro de 2.010 – Andréa de AndradeVeríssimo de Souza – Diretora do Departamento de Suprimentos


28 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010ENCONTRO DE CONTASLURDETE ERTELDuelo deponteirosFotos: divulgaçãoÉ com puxa-estica queo <strong>Brasil</strong> faz a contagemregressiva para o início danova temporada do horáriode verão, que começano dia 17 de outubro.Novamente de fora damudança, o Nordestese dividiu entre aplausose protestos com a exclusão,junto com a região Norte.O trade turístico da Bahiaestá tentando revertera decisão do Ministériode Minas e Energia:o Conselho Baiano deTurismo (CBT) enviou cartaao governo do Estadodefendendo que o horáriode verão seja adotadotambém na região.O documento diz que 66%dos nordestinos são a favordo acerto de ponteiros.Além da racionalidaçãodo uso de energia, o CBTaponta outro benefícioda adoção do horáriode verão para os estadosda região: mais tempo paraaproveitar o sol como lazer.Ou seja: mais turismo.Despertar latinoO <strong>Brasil</strong> está finalmente descobrindoas belezas da vizinhança.De janeiro a julho deste ano,a Colômbia recebeu 36,14 mil turistasbrasileiros, número 39,7% maiorque no mesmo período de 2009.Desde 2004, o <strong>Brasil</strong> está entre osdez maiores emissores mundiaisde visitantes para a Colômbia — desde2006 ocupa a 8ª posição do ranking.Nos últimos seis anos, a presençade turistas brasileiros praticamenteduplicou, ajudando a reforçar a posiçãodo país do Caribe como um dos destinosmais assediados da América Latina.Segundo dados da Organização Mundialdo Turismo (OMT), o turismocolombiano cresceu 10,7% em 2009,atraindo 1,35 milhão de turistas, quegastaram US$ 2,6 bilhões por lá.Os destinos mais procuradospelos viajantes estrangeiros no anopassado foram Bogotá, Cartagena (foto),Medellín, Cali e San Andrés.Compras na florestaMais um shopping vaidesembarcar no canteirode obras em Manaus (AM).O Ponta Negra será construídono bairro de mesmo nomee terá 170 lojas, além sete detorres residenciais e um flat.Entre as bandeiras já acertadasestão Etna, Livraria Cultura,Riachuelo, Renner, C&A, alémde um complexo com 12 salasde cinema da rede Cinépolis Vip.Mais sotaqueDepois da portuguesa TAP, outracompanhia aérea estrangeiraquer pousar no Aeroporto deViracopos, em Campinas (SP).A uruguaia Pluna encaminhoupedido à Anac para operarvoos diários (exceto sábado),entre Campinas e Montevidéu.Se aprovada, a ligaçãoserá a segunda rota regularinternacional do Aeroportode Viracopos, que hojesó faz ponte no exteriorcom Lisboa, em Portugal.A essência do reboladoA cantora colombiana Shakira é a mais novacelebridade a assinar seu próprio perfume.O S by Shakira acaba de ser lançado em mais de 15 millojas em todo o mundo, incluindo farmácias.O perfumista responsável exploroua sensualidade quente de Shakirae optou pelo chocolate e morango comnotas de jasmim, sândalo, baunilhae âmbar para compor a fragrância.A diva declarou que o cuidado pessoale a beleza devem estar ao alcance detodos. “Quando você dá a alguémuma fragrância, você estádando algo de si mesmo. É umpresente de sua essência.”No <strong>Brasil</strong>, a linhade produtos Shakiraé distribuídapela Neutrolab.“Minha principalnecessidadeera ser aceitopelas pessoas.Não ter cultura,dinheiro, nada,exceto ser aceitopor uma garota”Tony Curtis, lendário atoramericano que morreu ontem,aos 85 anos, ao justificarsuas motivações paraentrar na indústria do cinema.Entre tantas musas,Curtis namorouMarilyn Monroe.


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 29Em cima do MuroUma empresa de games da Alemanha preparou umahomenagem polêmica para os 20 anos da reunificação do país.Em outubro, data do aniversário, lança o jogo eletrônico 1378, alusãoaos 1.378 quilômetros de fronteira que dividia as duas Alemanhas.No game, o jogador pode ser um guarda da faixa da mortedo Muro de Berlim, responsável por abater a tiros os refugiadosque tentam fugir do comunismo.MARCADO● Dia 4, o CEAE (Centro deEstudos de Escritórios de Advocacia)realiza, em parceria com a AASP,uma palestra com Patti Groff.A participação para os associadosdo CEAE e da AASP custa R$ 10,para estudantes de graduaçãoR$ 12 e não associados, R$ 15.encontrodecontas@brasileconomico.com.brAprendiz de feiticeiroO empresário e apresentadorJoão Doria Jr., que assumiuneste ano o comando doreality show O Aprendiz,vai encontrar hoje o seuantecessor no programa,o publicitário Roberto Justus.O vis-à-vis será durante umaentrevista para o programaShow Business e vai aoar amanhã na Band.Receita vencedoraA cervejaria artesanalEisenbahn, de Blumenau (SC),está tirando dos tanquesuma edição limitadada receita vencedorado 3º ConcursoMestre Cervejeiro.A São Sebá é umacerveja BelgianDubbel,do tipo Ale,criada peloparanaenseSandroSinger. Chegaao mercado emnovembro.Afiando a línguaA rede de ensino de idiomasYes! está desovando umaninhada de 13 novas lojas no país.Com investimento deR$ 4 milhões, a empresadeve chegar a dezembrocom 20 escolas franqueadasem diferentes estados.Entre próprias e franquias,a rede tem 70 unidades no país.Ryan Pierse/Getty ImagesAinda maispoder (e $)Mais influência à vista parao império do bilionáriorusso Roman Abramovich,43 anos (na foto entrea companheira, a modeloDaria Zhukova, e aatriz Emma Watson).Dono da 50ª maior fortunado mundo, o magnatado petróleo pode setornar o próximo prefeitode Moscou, um cargopolítico extremamentepoderoso no país,segundo a mídia local.Se o empresário aceitardividir a atenção dosmegaiates e do clubebritânico de futebolChelsea com despachosde governo, esta nãoserá a primeira incursãopolítica de Abramovich.O bilionário já foigovernador de Chukotka(uma região empobrecidano extremo orienterusso) de 2000 a 2008.Atualmente, ele é opresidente do DistritoAutônomo de Duma.Enquanto a nova funçãode governo não se define,Abramovich seguelegislando no Chelsea: suaúltima cartada no clube éuma boate de luxo de US$ 30milhões a ser construídadebaixo da arquibancadado Stamford Bridge, estádiodo time em Londres.A idade da pedraChegou aos 50 anos nestasemana a família Flintstone,primeiro desenho animadoadulto da história.A série que retrata o cotidianode uma típica famíliaamericana de classe médiana Idade da Pedra é umadas mais bem sucedidas datevê em todos os tempos.Calcula-se que já foiassistida por 300 milhões deespectadores em 80 paísese dublada em 22 idiomas.Fred, Wilma, Pedrita, Barney,Betty e Bambam vivemna cidade de Bedrock,com 2.500 habitantes,no ano 1.040.000 a.C.Os Flintstones, dos estúdiosHanna-Barbera, debutaram nodia 30 de setembro de 1960, ea primeira temporada da sérieteve 166 episódios. O sucessofoi tão grande que diversosespeciais, filmes para TVe novas temporadas foramcriadas, a última em 1996.GIRO RÁPIDOGol ambientalO zagueiro e capitãodo Corinthians William acabade fazer um gol de placa.O jogador foi nomeadoembaixador do projeto deeducação socioambientalJogando pelo Meio Ambiente,do Banco Cruzeiro do Sul,em parceria com o SportClub Corinthians Paulista.A proposta é plantar 100árvores a cada jogo e mais100 a cada gol do Timãodurante o ano de 2010.Aquarela na DisneyO Dia das Crianças seráespecial e diferente para32 jovens entre 10 e 21 anosda Orquestra Grupo Pãode Açúcar. Dia 12, o grupovai se apresentar noWater Stage de DowntownDisney (Walt DisneyWorld), em Orlando.O repertório foi escolhidoespecialmente para a data,com canções comoA Bela e a Fera, Piratasdo Caribe e Aquarela,do brasileiro Toquinho.<strong>Brasil</strong>eiríssimoO VW SP2, mito da indústriaautomobilística nacional,lançado na década de 70,é a primeira miniaturabrasileira a virar um Hot Wheels.A Mattel acaba de lançara versão do potente SP2,em todo o mundo, na corlaranja e com seuscaracterísticos frisos laterais.Segundo o designer docarrinho, Rob Matthes,a miniatura é praticamenteuma réplica do original.Com Karen Busickbusic@brasileconomico.com.br


30 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010FINANÇASEsforço fiscal garantiriainflação menor em 2011Banco Central dá recado contundente ao Ministério da Fazenda sobre o impactodo aumento dos gastos públicos sobre o IPCA, índice de referência para a metaSimone Cavalcantiscavalcanti@brasileconomico.com.br“Se o governo tambémnão fizer o esforçofiscal de 3,3% doPIB no próximo ano,as projeções deinflação vão subirCarlos Hamilton Araújo,diretor do BCA autoridade monetária voltoua dar recados contundentes aoMinistério da Fazenda em relaçãoao impacto do aumentodos gastos públicos sobre a inflação.Segundo o diretor dePolítica Econômica do BC,Carlos Hamilton Araújo, as expectativaspara o Índice dePreços ao Consumidor Amplo(IPCA), que baliza o sistema demetas, de 2011 poderiam estarmenores se a meta de superávitprimário (economia para o pagamentode juros da dívida) de2010 fosse cumprida integralmente,sem descontos.O objetivo para as três esferasde governo e suas respectivasestatais, exceto Petrobras)é de 3,3% do Produto InternoBruto (PIB), mas, segundo o diretor,a economia só alcançará2,4%. A diferença, de 0,9% doproduto, será descontada dosinvestimentos que forem feitospelo governo federal pormeio do Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC). Seisso realmente ocorrer, será osegundo ano consecutivo emque o governo tem de usar deartifícios contábeis para mostrarque chegou à meta.De acordo com o Relatóriode Inflação divulgado ontempela autoridade monetária, aprojeção oficial caiu de 5,4%para 5% ao final deste ano, eestá em 4,6% para dezembrodo próximo ano e em 4,4%para o último trimestre de2012. O alvo inflacionário definidopara esses três períodos éde 4,5%, com variação permitidade dois pontos percentuaispara mais ou para menos.Essa foi a primeira vez quealgum integrante do BC admitiuverbal e publicamente que ameta fiscal não será cumpridade maneira “cheia” neste ano.Todos os discursos da equipeeconômica até o momentosustentavam que seria possívelalcançar o alvo principalmentepor causa o impulso da arrecadação,que sobe em média 12%em termos reais (descontada ainflação). “Estamos contemplandoessa hipótese há meses”,disse o diretor, complementandoque em junho, nadivulgação do outro Relatóriode Inflação, já sabia e contavacom o não cumprimento doobjetivo, mas nada havia faladoaté o momento.Perigo à frenteAraújo foi ainda mais longe:“Se o governo também não fizero esforço fiscal em 2011, asprojeções de inflação para 2012vão subir”. No entanto, ressaltou,o BC conta que a novaequipe econômica que ocuparo Ministério da Fazenda façaum ajuste do lado fiscal demais 1% do PIB, levando a economiade gastos de fato a ummontante equivalente a 3,3%do produto no ano que vem.Essa seria uma contribuiçãoimportante para a política monetária,uma vez que, cada vezque o governo gasta mais,aquece a demanda e os riscosinflacionários sobem.O diretor disse que as projeçõesfeitas no Relatório de Inflaçãopara o IPCA já contemplamuma economia maior. Noentanto, o próprio Executivo jápode estar derrubando essaesperança. Isso porque, naproposta orçamentária para2011 ,que tramita no CongressoNacional, o governo federalnão considera mais o superávitcomo percentual do PIB, masem valores nominais (R$ 125,5bilhões). E, diante de uma economiaem expansão, o montantepode representar menorparcela da soma das riquezasproduzidas no país.Os recursos, estimados pelomercado entre R$ 26 bilhões eR$ 30 bilhões, que a Petrobrasentregará ao Tesouro Nacionalpor causa do processo de capitalização,ajudarão o governofederal a fechar suas contas noque diz respeito ao fluxo decaixa. No entanto, esse montantenão é considerado pelointegrante do BC como algoque ajude a segurar o processoinflacionário, pois não é umrecurso que o governo estará“tirando” da economia. É apenasum pagamento por umatransação que foi feita entreempresa e seu controlador. ■IPCAProjeções, em % no anoRELATORIO DE JUNHO/20105,455,235,014,794,575,004,352º 3º2010■ RECUOA projeção do BancoCentral para o IPCA desteano caiu de 5,4% para5%4º1º20112ºRELATORIO DE SETEMBRO/20105,455,235,014,794,574,354,703º20104º1º20112º3ºFontes: BC e <strong>Brasil</strong> EconômicoCom jurosconstantesde 10,25%3º4º4º1º20121º2012Com jurosconstantesde 10,75%2º4,802º4,403º■ QUASEA estimativa para a inflaçãode 2011 segue acima docentro da meta e é de4,6%


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 31Henrique Manreza“Estímulos dos EUA piorariam fluxo”Medidas de estímulo adicionais nos Estados Unidos irão intensificar aentrada de capital que muitas economias emergentes já tentam controlar,disse ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Emboraseja benéfica para a economia norte-americana, a segunda rodadade estímulos sendo considerada pelo Federal Reserve poderia “acentuara liquidez e o excesso de ingressos (globais)”, disse. “Nós não podemossimplesmente permitir que as nossas economias sejam desequilibradas.”AGENDA DO DIA● Às 8h, a FGV divulgao IPC-S de setembro.● Às 9h, o IBGE divulga apesquisa industrial de agosto.● Às 11h, sai a balançacomercial de setembro.● Às 10h55, sai a confiança doconsumidor americano (setembro).DivulgaçãoCommodity agrícolaainda é incógnita■ DÓLARA valorização do real feza previsão para a taxa decâmbio sair de R$ 1,80 paraR$1,75Para Araújo, do BC, semesforço fiscal em 2011, projeçõespara 2012 também sobem■ DÍVIDAA autoridade monetáriaelevou a expectativa paraa relação dívida/PIB para40%Impacto nos preços internosbalizará as futuras decisõesdo Comitê de Política MonetáriaO comportamento das cotaçõesdas commodities agrícolase seu impacto nos preço internosdos alimentos ainda sãouma incógnita para os integrantesdo Comitê de PolíticaMonetária (Copom). Mais doque isso: a depender das suasvariações nos próximos meses,pode se mostrar um dos fortescomponentes dentro das análisesdo Banco Central no sentidode recrudescer a postura atualcom relação à taxa básica dejuros, a Selic, em 2011.De acordo com o diretor dePolítica Econômica da instituição,Carlos Hamilton Araújo,esses preços não têm mostradouma tendência definida; têmsido muito voláteis. “Ainda nãoé possível avaliar. É precisoaguardar para ver se a instabilidadepassa”.Uma coisa é certa. Segundoele, parte do aumento que temsido observado nos índices deatacado, que reflete a alta de31% das commodities agrícolasnos últimos 12 meses, ainda vaiser repassada para os preços aoconsumidor no <strong>Brasil</strong>. O BCtem em mente uma defasagemde três a seis meses para queisso ocorra. “Enxergamos umrisco que ainda parte desse aumentode commodities”, disse,lembrando que, com o aumentoda inflação no último trimestre,o carregamento para2011 pode ser maior.BC olha à frenteAraújo disse que, se os preçosno atacado forem repassadospara o consumidor em sua integralidadeneste ano ainda, o BCnão agirá mais. “A política monetárianão tem muito o que fazerneste ano”, afirmou, lembrandoque a autoridade monetáriavisa o comportamento inflacionárioà frente. Segundoele, a elevação de dois pontospercentuais na Selic, para10,75% ao ano, que foi feitadesde abril passado, ainda nãosurtiu todo o efeito de contençãomonetária que é esperado.“É por isso que é melhor queo repasse do atacado ocorraagora do que em 2011”, ressaltou.Isso porque, uma inflaçãomais forte no início do ano, assimcomo ocorreu em 2010,pode alimentar as expectativase mudar o cenário de convergênciapara o centro da metaAlta de 31 %observada nosúltimos 12 mesesainda será repassadapara o consumidorMARTANO SENADO.SÃO PAULOMAIS FORTE.marta133.com.brSUPLENTES:ANTONIO CARLOSRODRIGUES EPAULO FRATESCHIanual de 4,5%. “Os analistas fazemleitura da política monetáriaa partir da sua leitura para ainflação”. Se há uma leitura inflacionáriamuito pessimista espera-seque BC arroxe mais.PersistênciaNo entanto, é preciso ressaltarque uma volta ao aperto monetáriosó ocorrerá no ano quevem se os chamados choquesde oferta tiverem intensidade eduração. No recente Relatóriode Inflação, os integrantes doCopom ainda minimizam osriscos neste momento: “Emboraa materialização desse choquede alimentos possa impactarnegativamente as expectativasdos formadores de preços,em princípio, não se deve superdimensionaresse risco, poisnão se registrou movimentoinverso quando do recuo dospreços dos alimentos”.Araújo alertou para o fato deque, no início deste ano, osanalistas ajustaram para cimasuas expectativas para o IPCA,principalmente depois de janeiroter vindo com uma inflaçãomais forte do que a esperadaanteriormente, justamentepor conta do preço dos alimentos.Mesmo que a inflação tenhaarrefecido entre junho e agosto,o aumento recorrente das projeçõesacabou por levar o BC aaumentar o juro. ■SENADORA MERCADANTE GOVERNADOR 13Coligação União Para Mudar: PT, PC do B, PDT, PR, PRB, PSDC, PTN, PRP, PT do B e PRTB.CNPJ Campanha Marta 12.179.771/0001-77. Custo do Anúncio: R$ 2.5,00


32 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010FINANÇASRATINGMoody’s reduz avaliaçãoda dívida da Espanha para “Aa1”A Moody’s Investor Service reduziu a avaliação de crédito da Espanhaontem, de “AAA” para “Aa1”, com perspectiva estável. A agência dissever fracas perspectivas econômicas para a quarta maior economiada Zona do Euro. A Moody’s disse prever que a economia cresça 1%anualmente em média nos próximos anos. Acrescentou que maisreformas são necessárias para reduzir o déficit além de 2011.Michael Leckel/ReutersMERCADOSBolsas da Europa têm a maioralta trimestral em um anoO principal índice de ações europeias caiu pela quarta sessão consecutivaontem, com um movimento de realização de lucros após ter ocorridomaior alta trimestral em um ano. O índice FTSEurofirst 300 recuou0,17% para 1.063 pontos. Dados melhores que o esperado sobre o PIB, ospedidos de auxílio-desemprego e a atividade empresarial no Meio-Oestedos Estados Unidos incentivaram o otimismo de investidores.Marcela BeltrãoFundos de fundos deíndices devem atrairinvestidor, avaliamTurquetto e Mendes,da BlackRock, eForestieri, do Citibank■ CARTEIRASNúmero de ETFs geridospela BlackRock no <strong>Brasil</strong>6■ PATRIMÔNIOAs seis carteiras somampatrimônio total deR$647 mi■ DAS ANTIGASPrimeiro ETF, PIBB somapatrimônio total deR$2,2 biBlackRock busca Citi para distribuirfundos que aplicam em índicesEm parceria com banco, maior gestora de ETFs terá carteira que investirá em <strong>empresas</strong> com baixa liquidezMariana Segalamsegala@brasileconomico.com.brPara ampliar a distribuição dosfundos de índices negociados embolsa — os Exchange TradedFunds (ETFs) — que gere no <strong>Brasil</strong>,a BlackRock decidiu adotar ummodelo de parceria com o Citibankque soou inusitado aos executivosda matriz. O banco passaráa oferecer aos clientes um fundoque investirá exclusivamentenas cotas do iShares Small Caps,ETF referenciado no índice deações da BM&FBovespa compostopor papéis de <strong>empresas</strong> de baixacapitalização. Trata-se da primeiracarteira de ETFs da famíliaiShares, que inclui outros cincofundos de índices. A nova carteiraé gerida pela própria BlackRock,maior do mundo em ETFs.“O fundo será ofertado paratodos os clientes, do varejo à altarenda”, explica o superintendentede investimentos do Citi,Eduardo Forestieri. A carteiraprevê investimento mínimo inicialde R$ 5 mil, com aportes adicionaisa partir de R$ 1 mil. A taxade administração mínima é de1,60% ao ano e a máxima, de2,29% anuais. O fundo buscaráobter receitas colocando as cotasdo iShares Small Cap para alugarno mercado — a taxa final pagapelo investidor, portanto, serámenor ou maior a depender disso.Difícil foi convencer a matrizde que um fundo de ETF tinhapotencial para fazer sucesso no<strong>Brasil</strong>. “Essa não é uma estruturausual no exterior. Na verdade, nãotenho notícias de que a BlackRockjá tenha feito algo do tipo em outropaís”, afirma André RibeiroTurquetto, diretor de marketingda gestora para América Latina.Ceticismo fácil de entender. Porque aplicar em um fundo que investeem apenas um outro fundo,em vez de comprar as cotas diretamentena bolsa, pagando taxa“O fundo será ofertadopara todos os clientesdo Citi, do varejoà alta rendaEduardo Forestieri,superintendentede investimentos do Citide administração mais baixa? “Obrasileiro ainda tem pouca culturade bolsa”, explica o diretor demercado de capitais da gestora,Saulo Mendes. Razão pela qual osexecutivos veem demanda pelanova carteira, mesmo sendo ataxa de administração do iSharesSmall Cap (de 0,69% ao ano)equivalente à metade da taxa mínimado novo fundo de ETF. “Oimportante é dar as opções”, dizForestieri. Investir via fundos debancos embute comodidadescomo o recolhimento de impostosna fonte, além da não cobrança decustódia, o que existe na bolsa.Há motivos para acreditar nosargumentos. Outros bancos jáadotaram estrutura semelhante àda BlackRock com o Citi, lançandofundos que investem apenasem cotas do PIBB, primeiro ETFdo mercado brasileiro, referenciadono IBrX-50. Esses fundossomam patrimônio de quase R$1,4 bilhão, quase metade do patrimôniodo PIBB em si, que é deR$ 2,2 bilhões. Além disso, osfundos têm, juntos, perto de 65mil cotistas, mais que o triplo dos19,4 mil investidores que aplicamdiretamente no PIBB.Os executivos acreditam que aestrutura poderá trazer benefícioscruzados para as duas <strong>empresas</strong>.Para o Citi, o contato comum produto de bolsa tende a estimularos clientes a se interessarempelos serviços da Citi Corretora.Para a BlackRock, a expectativaé de que os investidorespassem, no futuro, a comprar osETFs diretamente.De qualquer forma, o lançamentode fundos exclusivos deETFs promete ajudar a ampliar aliquidez dos iShares, que vemcrescendo mês após mês naBM&FBovespa. Nesta semana, abolsa brasileira registrou recordehistórico de negociação de fundosde índices, com 4.737 transaçõesna quarta-feira. ■


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 33AUTOMÓVEISSulAmérica e Credicard firmam parceriapara lançamento de cartão de créditoA SulAmérica Seguros e Previdência e a Credicard firmaram parceriapara o lançamento do cartão de crédito SulAmérica Credicard Auto.Inicialmente, o cartão co-branded será direcionado ao 1,23 milhão declientes do seguro de automóvel da companhia. A SulAmérica estenderáa oferta para as outras carteiras da seguradora em 2011. O contrato é de10anoseaexpectativa é de chegar a uma carteira de 500 mil cartões.DivulgaçãoPROTESTOSBC do Equador pede que populaçãonão saque dinheiro dos bancosO presidente do Banco Central do Equador, Diego Borja, pediu calmaà população ontem, dizendo que não saque seu dinheiro dos bancos,em meio a um protesto da polícia que o deixou país sem segurança.“O pior que poderia ocorrer nesse momento é entrar em pânico, sacardinheiro, colocar-se em risco porque saem do banco e podem serassaltados”, disse Borja.Mercado aquecido faz LCA debutarem ranking de fusões e aquisiçõesDivulgaçãoConsultoria, conhecida porprojeções macroeconômicas,assessorou aquisição da FuncefDivulgaçãoAinda em consolidação, setor elétricoé um dos que mais devem movimentaroperações estruturadas nos próximos anosLuciano Feltrinlfeltrin@brasileconomico.com.brA consistência do mercado domésticode fusões e aquisições jácomeça a surtir efeitos entre osintermediários das operações.Antes restrita aos grandes bancosde investimento, a estruturaçãodos negócios está abrindo espaçopara novas <strong>empresas</strong> e butiquesde investimentos. Elas são conhecidaspelo alto grau de especializaçãoem determinados setores.Atuando nesse modelo tambémdespontam <strong>empresas</strong> deconsultoria, que acompanhandoo aquecimento no ritmo detransações locais, resolveramapostar na atividade. É o caso daLCA, mais conhecida pelas suasáreas de pesquisa de mercado eanálise macroeconômica, e cujobraço de finanças corporativaspassou a ganhar destaque.Recentemente, a empresaapareceu, pela primeira vez, noranking de estruturadores deoperações da Associação <strong>Brasil</strong>eiradas Entidades dos MercadosFinanceiro e de Capitais (Anbima).A consultoria assessorou aFuncef, fundo de pensão dosfuncionários da Caixa, na aquisiçãode uma fatia de 5% da EnergiaSustentável do <strong>Brasil</strong>, empresaconstituída especialmentepara permitir investimentos nahidrelétrica de Jirau, do complexodo Rio Madeira. O negóciomovimentou R$ 228 milhões.E não foi o único tocado pelaárea da LCA, criada há poucomais de três anos. Seus profissionaistambém assessoraram<strong>empresas</strong> que estiveram envolvidasem projetos de infraestruturae concessão que, juntos, somaramR$ 35 bilhões. “Temoshistórico no atendimento às <strong>empresas</strong>elétricas, que começoucom nossa área de inteligência epesquisa”, diz Fernando Camargo,“Esses clientes vêm puxandoa demanda por operações estruturadascomo fusões.”Atenta à possibilidade de consolidaçõesentre <strong>empresas</strong> do setor,a área — que desde seu surgimentocontratou executivos debancos e fundos de pensão —quer ganhar espaço na LCA. Emespecial estruturando emissõesde dívida para <strong>empresas</strong>.Fernando CamargoDiretor de finançascorporativas da LCA“É cada vez mais comum queinvestidores institucionaistenham apetite por títulosde dívida com maior prazo.Por isso, <strong>empresas</strong> jáconseguem emitir debênturesde 12 e até 14 anos”Com investidores locais maistranquilos em relação à tomadade riscos, começa a aparecer anecessidade de buscar novospapéis e maiores retornos, oque faz com que mais trabalhosurja naturalmente, afirma Camargo.“É cada vez mais comumque os investidores institucionaistenham apetite portítulos de retorno mais longo.Por isso, as <strong>empresas</strong> já conseguememitir debêntures dedoze e até catorze anos, queajudam os fundos de pensão aobterem maiores ganhos umcasamento mais adequado desuas tábuas atuariais.”Com eventos esportivos comoCopa e a Olimpíada no radare a necessidade de financiar diversasobras de grande portenos próximos anos, a demandapor esses papéis terá de crescerpara acompanhar não apenas anecessidade de levantar recursos,mas a própria oferta de investidores,acredita. ■ESTADO DE ALAGOASSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTECOORDENADORIA ESPECIAL DE GESTÃO ADMINISTRATIVANÚCLEO DE LICITAÇÕESAVISO DE LICITAÇÃO – 2ª CHAMADAProcesso: 1800- 10482/2009Modalidade: Pregão Eletrônico Nº. SEEE-009/2010- 2ª CHAMADATipo: menor preço global.Objeto: Contratação de empresa especializada para Avaliação doSistema Educacional de Alagoas.Data de realização: 19 de outubro de 2010, às 10h30 - horário deBrasília.Disponibilidade do edital: Endereço Eletrônico:www.licitacoes-e.com.brInformações: Fone: (82) 3315-1290 FAX: 3315-1365Maceió, 27 de setembro de 2010.JOSEANE DE QUEIROZ CARVALHO DOS SANTOSPregoeira


34 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010INVESTIMENTOS840-4-8Vanessa Correiavcorreia@brasileconomico.com.brDólar retorna aos níveis pré-criseO último dia de setembro acabou sintetizandoum movimento visto durante todo o mês: aderrocada da moeda americana. O dólar comercialencerrou o mês cotado a R$ 1,6920,menor patamar desde 3 de setembro de 2008(R$ 1,6770), pouco antes da eclosão da crisefinanceira mundial.A forte entrada de recursos estrangeirosno país, principalmente em função da ofertade ações da Petrobras (que injetou US$ 21 bilhões),ea percepção de que novas medidasde intervenção por parte do governo não serãoadotadas no curto prazo — tais como elevaçãodo Imposto sobre Operações Financeiras(IOF) para investimentos estrangeiros e acompra de dólares no mercado futuro — ajudarama manter a moeda em patamares baixos.“Se a economia mundial caminhar bem,a tendência é que o dólar continue se desvalorizandofrente a outras moedas. Se tudo dererrado, a divisa volta a subir”, acredita FabioColombo, administrador de investimentos.Ante o real, a moeda americana recuou3,52% em setembro, liderando as perdas nomês. O resultado também contribuiu paraque a moeda americana passasse a liderar asperdas no ano: 2,7%. Quando comparado aoutras moedas, a queda do dólar também foisignificativa: 7,04% em relação ao euro.RANKING DOS INVESTIMENTOSBolsa lidera, com folga, rendimentos em setembro6,58%BOVESPAFUNDOS (4) NO MÊSCDB (1)Ações LivreCurto prazoMultimercados MultiestratégiaReferenciado DIRenda FixaIGP-MSETEMBRO0,84% 0,84% 0,57%0,00CDI (3)POUPANÇA (2)-0,20%OURO0,80%1,08%0,82%0,84%1,15%Líder de rentabilidadeSe o dólar comercial foi o destaque negativo domês, a bolsa brasileira foi o oposto: subiu6,58% e liderou o ranking de rentabilidade emsetembro. “Os mercados estão extremamentevoláteis, dada a alternância de notícias positivase negativas. Em setembro, vimos uma melhorade humor, o que acabou ajudando asprincipais bolsas de valores mundiais, inclusiveo Ibovespa”, diz Colombo. Ontem, o Ibovespasubiu 0,29%, aos 69.429 pontos. Foi omaior patamar de fechamento desde abril. Ogiro financeiro do pregão foi de R$ 7,8 bilhões.No ano, a alta do Ibovespa é de 1,23%.O administrador de investimentos não acreditaem uma valorização expressiva para a bolsanos próximos três meses. “Tudo dependerá docomportamento dos indicadores econômicos.Mas, na minha opinião, o mais provável é que oIbovespa caminhe de lado até o final do ano.”Outros destaquesColombo chamou a atenção para a possibilidadede novo repique de inflação. “O importantepara qualquer investimento é o ganhoreal, ou seja, descontada a inflação”, destaca.Além disso, títulos públicos indexados aíndices inflacionários (IGP-M e IPCA) tendema se beneficiar. ■-3,52%US$ (PTAX)69.429pontosFoi o encerramentodo Ibovespa no mês. No anoo índice acumula variaçãopositiva de 1,23%Curto prazoÉ a categoria de fundosque ocupa a lanterninha derentabilidade no mês0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0Fontes: BM&FBovespa, Anbid, Cetip, Bacen, FGV e <strong>Brasil</strong> Econômico (1) Taxa bruta para aplicações no 1º dia do mês (2) Rendimentocreditado no 1º dia do mês seguinte (3) Taxa efetiva (4) Rentabilidade acumulada em 30 dias até 27 de setembro1,15%IGP-M3,94%RENDA FIXAFundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)ITAU PERS MAXIME RF FICFI 30/SET 8,78 6,70 1,00 80.000BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 29/SET 8,71 6,58 1,00 50.000BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI 29/SET 8,70 6,57 1,00 -CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO 29/SET 8,18 6,20 1,10 30.000CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 29/SET 7,62 5,79 1,50 5.000BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 30/SET 7,49 5,71 2,00 5.000BB RENDA FIXA 200 FIC FI 30/SET 6,34 4,85 3,00 200BB RENDA FIXA 50 FIC FI 30/SET 5,83 4,49 3,50 50ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 30/SET 5,49 4,13 4,00 300BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 29/SET 5,37 4,11 4,00 100DIFundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI 30/SET 8,48 6,41 1,00 NDITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 30/SET 8,47 6,37 1,00 80.000CAIXA FIC DI LONGO PRAZO 29/SET 7,05 5,38 2,00 100BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI 30/SET 6,85 5,21 2,50 5.000BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI 29/SET 6,52 4,97 2,47 100BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI 30/SET 6,24 4,76 3,00 200HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 30/SET 5,76 4,51 3,00 30ITAU PREMIO REF DI FICFI 30/SET 5,21 3,97 4,00 1.000BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 30/SET 4,80 3,62 4,50 100SANTANDER FIC FI CLAS REF DI 30/SET 4,43 3,40 5,00 100AÇÕESFundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)CAIXA FMP FGTS VALE I 29/SET 26,96 4,80 1,90 -BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 29/SET 26,78 5,87 2,00 200BRADESCO FIC DE FIA 29/SET 10,04 (0,98) 4,00 -BRADESCO FIC DE FIA IV 29/SET 9,86 (1,12) ND -BRADESCO FIC DE FIA MAXI 29/SET 9,82 (1,10) 4,00 -UNIBANCO BLUE FI ACOES 29/SET 6,37 (3,91) 5,00 200SANTANDER FIC FI ONIX ACOES 29/SET 6,03 (4,21) 2,50 100ITAU ACOES FI 29/SET 5,48 (5,43) 4,00 1.000ALFA FIC DE FI EM ACOES 29/SET (0,29) (8,49) 8,50 -BB ACOES PETROBRAS FIA 29/SET (22,02) (24,69) 2,00 200MULTIMERCADOSFundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM 29/SET 11,57 8,93 2,30 5.000REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM 29/SET 9,74 6,47 2,50 10.000BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 29/SET 8,90 6,57 1,50 -CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 29/SET 8,73 6,66 1,50 20.000ITAU PERS K2 MULTIM FICFI 29/SET 8,51 6,01 1,50 50.000ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 29/SET 8,38 6,12 1,25 5.000ITAU PERS MULT MODERADO FICFI 29/SET 6,99 4,17 2,00 5.000ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 29/SET 6,93 3,65 2,00 5.000ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 29/SET 6,73 2,39 2,00 5.000SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM 29/SET 6,13 3,79 2,00 50.000*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.Fonte: Anbima. Elaboração: <strong>Brasil</strong> EconômicoIBOVESPA69.800(Em pontos)IBRX-10021.900SMALL CAP - SMLL1.345MIDLARGE CAP - MLCX96469.50069.200MáximaMínimaFechamento69.736,7668.924,4369.429,7821.82521.7501.3351.32596195868.90021.6751.31595568.60010h11h12h13h14h15h16h17h21.60010h17h1.30510h17h95210h17hFonte: BM&FBovespa


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 35BOLSAGiro financeiroR$ 7,8 bilhõesfoi o volume financeiro registrado ontem no segmentoacionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou a sessãocom variação positiva de 0,28%, aos 69.429 pontos.JUROContrato futuro10,66%foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimentoem janeiro de 2011, o de maior liquidez ontem. O giro neste contratofoi de R$ 42,49 bilhões, em 435.985 negócios.HOME BROKERITAU UNIBANCO PN, fechamento em R$4142,00NA REDENo celularClientes da corretora do Banifpodem consultar transaçõese disparar ordens por SMS4039383736353433323130/ABR 01/JUN 01/JULFontes: Economatica e <strong>Brasil</strong> Econômico02/AGO01/SET30/SET39,8039,40“Ibovespa fecha em levealta em um pregão morno.Construtoras se aproximando desuportes e ficando interessantes”@traderproportal, portal sobre investimentos de Marcos Moore.“Esta eu ouvi do Prof. Metafix:‘Sardinhas não chorem, que o maré profundo e dá até petróleo’”@picapautrader, trader referindo -se a pequenos investidores.Uma nova ferramenta estádisponível para os clientes dacorretora Banif. Agora é possívelreceber informações de suastransações, disparar ordens,ter informações sobre opatrimônio estimado, efetuarsaques, depósitos e obter a últimacotação dos papéis por meiodo envio de mensagens via SMS,que funcionam mediante comprade pacotes (pré-pago) demensagens. A corretora dobanco português está investindoem tecnologia, com o intuitode trazer informações aosclientes, de forma cada vezmais rápida e prática.SuportePonto de vendaProjeção de resistênciaITUB4Preferencial do Itaú bate máxima históricaA maior cotação que a ação preferencial do Itaú Unibanco (ITUB4)havia alcançado era de R$ 39,95. Ontem, o papel superou essa faixae fechou cotado a R$ 40,47. “O papel rompeu uma região importantehoje (ontem)”, avalia Erich Beletti, sócio da Conexão BR Cursos eAssessoria. Segundo ele, o papel estava testando a região deresistência (R$ 39,80) desde dezembro e indicava um processo dealta desde maio. Resistência é o ponto que, se superado, indica apossibilidade de continuidade de movimento de alta da ação. “Opapel abriu espaço para uma alta consistente”, diz. Beletti lembraque a ação bateu diversas vezes no ponto de resistência desdedezembro, mas não o superava. “Isso (o rompimento da resistência)chama comprador e os que estavam apostando numa baixa do papeldevem desmontar as posições, o que ajuda a colocar a ação maispara cima ainda.” O setor bancário está forte, avalia o analista,lembrando que o mesmo movimento de alta foi apresentadopelas ações do Bradesco no dia anterior. Os papéis ITUB4 aindanão têm uma nova resistência, mas a projeção do sócio daConexão é de que seja perto dos R$ 42. Se a tendência de altanão se confirmar, o ponto para começar a vender é R$ 39,40.“Problema fiscal na Zona do Euroainda é o foco de preocupaçãoe faz com que mercados cedammais uma vez”@agoracorretora, Ágora Corretora.“A Espanha está trapaceandonos dados sobre PIB?”@Nouriel, economista Nouriel Roubini sobreanálise feita pelo jornal Financial Times.“Mais uma demonstração doaumento de consumo interno ede aposta no futuro: <strong>Brasil</strong> é o4º no ranking de venda de carros.@abilio_diniz, presidente do conselho deadministração do Grupo Pão de Açúcar.CursosA XP educação ministrará,simultaneamente, 120 cursospelo <strong>Brasil</strong> na próxima segundaNo próximo dia 4 de outubro,segunda-feira, a XP Educaçãopromoverá o “Dia D da Bolsa”e realizará a palestra gratuita“Desmistificando a bolsa devalores”, simultaneamente, emcerca de 120 escritórios em todoo <strong>Brasil</strong>. As apresentações terãouma hora de duração e sãovoltadas para quem quer dar osprimeiros passos na bolsa, poisensinam o seu funcionamento,o comportamento das ações,os participantes do mercadoe os mecanismos para investirde forma segura. Os interessadosdevem se inscrever pelosite www.xpe.com.br ou pelotelefone 0800 723 3700.REGULAÇÃOApimec Nacional será a responsável pelo credenciamento e supervisão de analistasA partir de hoje, a Associaçãodos Analistas e Profissionaisde Investimento do Mercado deCapitais (Apimec Nacional)passa a ser a responsável pelocredenciamento e supervisãoda atividade de analista devalores mobiliários. Até então,os analistas eram acompanhadospela Comissão de ValoresMobiliários (CVM). Uma dasexpectativas da presidente daApimec Nacional, Lucy Sousa, éde que os prazos para a obtençãodo registro para o exercícioda atividade sejam reduzidos.“Os prazos não eram longos,já que a entidade aplicava oexame de certificação e enviavaa lista dos aprovados à CVM.Claro que os prazos podemdiminuir já que uma etapa seráeliminada, mas não muito”, diz.Além disso, os analistasprecisarão enviar os relatóriosde sua autoria ou co-autoria àApimec Nacional. Já as corretorasserão as responsáveis porenviar relatórios coletivos.“Daremos um prazo de três dias,após a publicação do documento,para que analistas e corretorasnos enviem os respectivosrelatórios. Não estamosinteressados em receber osrelatórios tempestivamente,Henrique ManrezaLucy SousaPresidente daApimec Nacional“Muitas corretoras jáimpediam que seusanalistas negociassemvalores mobiliáriosobjeto de recomendação”já que a intenção é analisar otrabalho do analista”, ressalta.Um dos pontos que a entidadepretende acompanhar é se oanalista cumpriu a determinaçãode não negociar valores mobiliáriosque foram objeto de relatório porum período de 30 dias antes ecinco dias após a divulgação darecomendação. O profissionaltambém não pode negociarvalores mobiliários em sentidocontrário ao das recomendaçõespor seis meses após a publicaçãodo relatório ou até a divulgaçãode novo texto. “Muitas corretorasjá impediam que seus analistasnegociassem valores mobiliáriosobjeto de recomendação”,lembra Lucy. Para a supervisãoda atividade de valoresmobiliários, a Apimec instituiuo conselho de supervisão,formado por nove integrantes,entre eles representantes daAmec, IBGC, Abrasca e Anbima.“O Código de Processosestá inteiramente aderenteà Lei de Mercado de Capitais.Ou seja, as eventuais penalidadesnão estão mais pesadas ou maisleves quando comparadas àspraticadas pela CVM”, ponderaa presidente da Apimec Nacional.As medidas estão previstasna Instrução CVM nº 483/10.


36 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 de fimoutubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010BASTIDORES CULTURAISCESAR GIOBBIPrêmio FCW, oNobel nacionalO prêmio da Fundação Conrado Wessel,de R$ 300 mil por categoria, foi criado com estainspiração e pretensão. E o valor pode subirUMA BREVE HISTÓRIADA FUNDAÇÃOCONRADO WESSELA FCW foi criada a partir devontade expressa por ConradoWessel em seus testamento.Ele morreu em São Paulo em1993. Até 2000, a Fundação davaprejuízo. A atual diretoriaassumiu a chamado da Curadoriadas Fundações, e começou aotimizar o patrimônio da FCW,baseado em imóveis na BarraFunda e Higienópolis. Hoje aFundação é dona de parte doShopping Patio Higienópolis etem um patrimônio de R$ 500milhões que tende a se valorizarainda mais. Sua renda anual deveatingir, no ano que vem, apósinauguração da ampliação doShopping, cerca de R$ 12 milhões.E se prepara para mais um saltona recuperação da renda,em três anos. A funçãoda FCW, por estatuto, é darprêmios anuais para aCiência, a Culturae a Arte, e distribuirdoações para entidadesespecíficas. O que tem sidofeito a partir de 2002.Além do prêmioem dinheiro,os vencedoreslevam este troféu,criado para a FCWpelo escultorNicolas VlavianosO Premio FCW de Ciência e Cultura anuncia,no mês que vem, os vencedores de 2010, sua9ª edição. Cada um dos ganhadores receberáR$ 300 mil, incluindo encargos fiscais, o querepresenta um aumento de 50% com relaçãoao prêmio anterior, e coloca a iniciativa daFundação Conrado Wessel entre as mais importantesdo mundo, já que, pelo cambio deontem, o valor dá pouco mais de US$ 175 mil.O presidente da diretoria executiva, AméricoFialdini Jr, e o superintendente José MoscogliattoCaricatti, no comando da Fundaçãodesde 2000, definem o prêmio como o Nobelnacional. Pelo menos, esta foi a idéia eainspiração,quando foi criado em 2002, respeitandoa vontade deixada pelo próprio Wessel.Nas edições anteriores, escolhidos por umcorpo de jurados de notório saber, nomeados porentidades como CNPq, Capes, Fapesp e as academiascientíficas, médicas e culturais, foram premiadosna área de Ciência, nomes como Wanderleyde Souza, Leopoldo de Meis, Isaias Raw,Aziz Ab’Saber, o Museu Paraense Emilio Goeldi eo Instituto Agronômico de Campinas. Na área deMedicina, receberam o prêmio, entre outros, IvoPitanguy, Fulvio Pileggi, Adib Jatene, RicardoRenzo Brentani. E na área de Cultura: RuthRocha, Ferreira Gullar, Ariano Suassuna eAntonio Nóbrega, para citar alguns. AFundação também tem um premio paraa Arte, sempre voltado para a Fotografia,já que esse era o campo em que trabalhouWessel. Bob Wolfenson, PauloVainer, Felipe Hellmeister, Ricardo deVicq estão entre os já agraciados. A seleçãoe premiação deste será só em 2011.Estes prêmios, e mais ações sociais realizadasanualmente pela Fundação, sãofruto da vontade expressa em testamentopor Conrado Wessel, que deixou uma fortunahoje avaliada em R$ 500 milhões. Abase desta fortuna foi o interesse de Wessel– filho de alemães, nascido na Argentina,mas estabelecido em São Paulo, com a famíliadesde que tinha um ano de idade -pela fotografia. Desenvolveu e patenteouo primeiro papel fotográfico brasileiro,mais tarde comprado pela Kodak. Duranteos anos que dirigiu a fábrica da Kodakem Santo Amaro, adquiriu uma grandequantidade de imóveis na Barra Funda eem Higienópolis. E não deixou herdeiros.Quando comecei minha conversacom Fialdini e Caricatti, a primeira coisaque perguntei foi se a FCW seria como aFundação Vitae, de muito saudosa memória,que parou de dar bolsas paraa pesquisa e cultura e se extinguiuporque terminaram os recursos.Na época, a direção daquelaFundação explicou que“Fundação é umpatrimônio compersonalidadejurídica, controladopelo MinistérioPúblico e pelacuradoria dasfundações. Mas, senão tratar Fundaçãocomo empresa,ela desaparece. Osexemplos são muitosAmérico Fialdini Jr,presidente da diretoria daFundação Conrado Wesselseu destino era esse mesmo, o de distribuir dinheiroaté acabar. “De jeito nenhum”, reageFialdini. “Fundação é assim, se não tiver cabeçapara administrar, ela quebra! É um patrimôniocom personalidade jurídica, controladopelo Ministério Público e pela Curadoria dasFundações”, explica o presidente. Mas adverte:“Se não tratar Fundação como empresa, eladesaparece. Os exemplos são muitos”.E de fato, foi a Curadoria das Fundações queescolheu esta diretoria, para salvar a FCW, queaté o ano 2000 dava prejuízo. Consumia suareceita e chegava no fim do ano devendo. Apartir desta direção, o patrimônio foi otimizado.Basta dizer que os imóveis de Wessel queestavam em Higienópolis se transformaramem grande parte do shopping Patio Higienópolis,que hoje representa cerca de 70% do capitalda fundação e uma fatia ainda maior desua renda, que deve chegar a R$ 12 milhões noano que vem, com a ampliação do Shopping,cuja inauguração está prevista para este mês.Como sócia, a FCW teve de investir na ampliação.E tinha capital para isso.


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 37Jason Kempin/AFPDesfile de estrelas na BroadwayComeça em outubro a nova temporada da Broadway, em Nova York.E a programação está recheada de estrelas. Al Pacino viverá Shylock, emO Mercador de Veneza, de Shakespeare, a partir do dia 7 de novembro noBroadhurst Theatre. Vanessa Redgrave e James Earl Jones levam parao palco Conduzindo Miss Daisy, a partir de 25 de outubro no Golden Theatre.E o primeiro sucesso de Almodovar, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos,vira musical com Patty LuPone, a partir de 4 de novembro no Belasco Theatre.MARCADO● Nos dias 1º e 2, às 22h,o cantor Djavan faz show delançamento do CD Ária, noCitibank Hall do Rio de Janeiro.● Nos dias 2 e 3, a cantoraWanderléa faz show delançamento do CD Nova Estação,no Teatro Fecap, em São Paulo.bastidoresculturais@brasileconomico.com.brAntonio MilenaAmérico Fialdini Jr, sentado,e José Caricatti, daFundação Conrado WesselA HISTÓRIA DECONRADO WESSELBREVESHenrique ManrezaMonumentos tingidos de rosa,contra o câncer de mamaFialdini e Caricatti, que compraram umaconfortável sede para a Fundação num prédiocomercial de Higienópolis, contam que continuaminvestindo para otimizar o patrimônio.“Há pequenos terrenos, lojas, galpõesque, isolados, não rendem quase nada. Estamoscomprando os terrenos adjacentes, paracriar projetos mais rentáveis. Já construímosdois prédios que estão alugados. E em dois outrês anos, teremos um salto em recuperaçãode renda”, explica Caricatti. Fialdini acrescenta:“Nada disso se faz sem laudos oficiais.As fundações têm de ser transparentes, nãopodem por e dispor do patrimônio”.Por enquanto, mais da metade da renda anualvai para os prêmios e ações sociais. Um valor quetende a melhorar conforme vão se realizando estesprogressos no patrimônio. Além dos prêmios,e também seguindo a orientação do testamentode Wessel, a Fundação faz doações, em cotasiguais, para o Corpo de Bombeiros de São Paulo(que recebe 3 cotas), o Exército da Salvação, AldeiasInfantis SOS <strong>Brasil</strong>, Fundação AntonioPrudente (Hospital do Cancer), o Colégio BenjaminConstant (onde Wessel estudou) e a últimacota vai para cestas básicas distribuídas peloMP em 30 instituições destinadas a criançascarentes. Só essa parte social dá mais de R$ 1milhão por ano. Os prêmios, mais as publicaçõesrelativas a eles, mais a divulgação e as cerimôniassomam cerca de R$ 3 milhões ano.Além disso, a FCW patrocina as revistas daAcademia <strong>Brasil</strong>eira de Ciências e realiza a festade posse da ABC, no Copacabana Palace, noRio; patrocina a revista da Fapesp e a publicaçãoda série Estudos Estratégicos; assumiu arealização do Prêmio Almirante Álvaro Alberto,do CNPq; complementa bolsas do Capes;ajuda cientistas que vão ao exterior apresentarpesquisas. Na área da Cultura, a FCW está pagandoa metade dos custos dos estudos de umjovem violinista brasileiro na Universidade deIndiana. Essas atividades, mais a seriedade nacondução das escolhas dos premiados, deramà Fundação credibilidade nos meios acadêmicos.Fialdini conta que muitas reuniões dasentidades científicas são realizadas na sede daFCW, considerada território neutro. ■A história de Conrado Wesselvale a pena ser relembrada.Nasceu na Argentina, em1891, de pais alemães. No anoseguinte, a família se mudapara São Paulo, onde o pai,Guilherme, será professor defísica na Escola Politécnica,recém inaugurada no bairroda Luz, além de manter umaloja de material fotográficona Rua São Bento. Conrado,ainda adolescente, ganhoudois prêmios de fotografiada Secretaria de Agriculturade São Paulo. Em 1911, vaiestudar fotografia em Viena.Na volta, faz experiênciascom sais de prata, e obtéma fórmula para a emulsão.Em 1921, num galpão depropriedade do pai, naBarra Funda, cria a primeirafábrica brasileira de papelfotográfico, a FabricaPrivilegiada de PapéisPhotograficos Wessel. Nocomeço, não teve grandesucesso de vendas, pois osfotógrafos do Jardim daLuz preferiam o papelimportado que vinha do Rio.Mas o golpe de sorte veiocom a Revolução de 1924,quando São Paulo ficouisolada. Os fotógrafospaulistas começaram aconsumir o papel de Wessel,e continuaram mesmodepois do fim da Revolução.Com esse sucesso, a fábricade Wessel passou a interessaras grandes <strong>empresas</strong>internacionais. Algunsanos depois, ele fechou umcontrato com a Kodak, queconstruiria uma fábricamoderna em Santo Amaro,que ele administrariapelos seguintes 25 anos.No final deste tempo, fábricae patente passariam paraa Kodak. E assim foi feito.Wessel morreu rico, aos 102anos, em 1993, em São Paulo.A partir de hoje, a Ponte Estaiada, emSão Paulo, sobre a Marginal Pinheiros, aTorre de Pisa, na Itália, a Torre de Londres,o castelo de Belvedere, na Áustria, oCongresso argentino, a Ópera de Sydney,na Austrália, serão iluminados de cor-derosa.A ação acontece em 70 países,até o dia 15, em prol da conscientizaçãoe da prevenção do câncer de mama.40 horas no palco. Deu GuinnessBob Marley, comediante de Bostonhomônimo do rei do reggae, bateu orecorde do brasileiro Bruno Motta, quetinha ficado em cartaz por mais de 36horas sem parar. Marley conseguiu ficar40 horas no palco, com seu stand up.Por sinal, Motta está em cartaz emSão Paulo, no Teatro Renaissance.Os milhões do hip hopSebastien Bozon/AFPA revista Forbes divulgou a lista dos 20 maisbem-sucedidos músicos do hip hop. O rapperJay-Z está no topo dela, pelo terceiro anoconsecutivo, com um faturamento anualde US$ 63 milhões. Jay-Z é empresáriode sucesso na área musical e de moda.A Rocawear, grife urbanwear do cantor,que está presente há uma década nomercado, é considerada atualmente a marcanúmero um no mundo em seu segmento,tornando-se símbolo de toda uma geração.


38 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010MUNDOEUA devemfazer ajustefiscal antesde 2012Fishlow: população maisrica dos EUA deveria pagarimpostos mais altosMurillo ConstantinoEconomista Albert Fishlow recomendaação rápida para situação não se agravarAna Paula Ribeiroaribeiro@brasileconomico.com.brOs Estados Unidos precisam assumirno curto prazo o compromissode reduzir o atual déficitfiscal e evitar que o aumento doendividamento se torne umproblema ainda maior no futuro,segundo avaliação de AlbertFishlow, professor emérito daColumbia University e Universityof California. “Essa questãotem que ser equacionada dentrodos próximos dois anos. Não sepode deixar essa discussão paradepois das eleições de 2012. Asituação pode piorar.”O déficit dos EUA é crescente.No período de 12 meses encerradoem agosto, estava emUS$ 1,30 trilhão. As contas nopaís estão em deterioração desde2002, quando o governoBush elevou os gastos com defesaapós os ataques de 11 de setembro,no ano anterior. A situaçãopiorou com a eclosão dacrise financeira em 2008.Fishlow aconselha que oajuste fiscal seja feito com a elevaçãodo atual nível de impostospagos pela população mais ricado país. O tema causa controvérsianos EUA. No final do governoBush, foi concedida umaredução de impostos que beneficioutodas as classes sociaiscomo forma de estimular a economiano momento mais graveda crise financeira. Esse estímuloacaba no final do ano. Democratasdefendem que a extensãodos benefícios seja dada apenaspara aqueles com renda até US$250 mil ao ano, enquanto republicanosquerem manter os estímulosfiscais aos mais ricos.Na visão do especialista emhistória econômica, parte dosestímulos precisam ser mantidospara que os EUA se recuperemrapidamente. Internamente,o país enfrenta um desempregona casa dos 10% e a dis-“EUA ainda sãocomponenteimportante naeconomia mundial.Os países do Sulainda não têmcapacidadede comprartodos os bensmanufaturadosque têm capacidadede produzirAlbert Fishlow,professor emérito daColumbia Universitytribuição de renda está pior.Fishlow lembra que os EUAainda têm um peso relevante naeconomia global mesmo com oavanço da importância de paísesemergentes como <strong>Brasil</strong>,China e Índia. Além disso,União Europeia e Japão darãocontribuições menores para ocrescimento global nos próximosanos. “Os países do sul nãotêm capacidade de comprar todosos bens manufaturado quetêm capacidade de produzir”,disse ontem após o seminário“<strong>Brasil</strong> 2011: Estratégias paraum país em expansão”, promovidopela Associação Nacionaldas Instituições de Créditoe Financiamento (Acrefi).O professor ressalta ainda queesse problema deve ser encaradocom rigor porque a situação fiscalpode piorar ainda mais, casoa China deixe de aceitar taxasbaixas para financiar a dívidanorte-americana. Cerca de 20%da divida dos EUA está com oschineses. “Se a China insistir emuma taxa maior, os problemasinternos nos EUA vão piorar.”Enquanto no curto prazo ocompromisso em reduzir a dívidae o restabelecimento dosimpostos aos mais ricos bastaria,no médio prazo os EUA teriamque passar por reformas,como ajustes no sistema dePrevidência Social.EuropaJá sobre a Europa, Fishlow avaliaque o continente tomou um caminhodiferente para enfrentar omesmo problema. Os países dazona do euro se comprometeremem realizar, já no curto prazo,uma melhora das contas públicas.É por essa razão, lembraFishlow, que não é possível esperarcrescimento forte da regiãonos próximos anos. ■DÓLARDiscussão sobrea taxa de câmbiopassa pela ChinaFishlow vê como insuficientesmedidas discutidas pelo <strong>Brasil</strong>e outras economias para evitara apreciação de moedas locaise a conseqüente redução dacompetitividade no comércioexterior. “Entendo que a Chinaestá se aproveitando de uma taxaque deveria ser apreciada. Esseé o problema a ser enfrentado”,diz. Para o professor, medidasinternas não são suficientes paraenfrentar um problema que éinternacional. No entanto, o <strong>Brasil</strong>tem o agravante de atrair maiorfluxo de divisas por estar emcrescimento e possuir taxa de jurosmaiores que a de outros países.


Sexta-feira e fim de semana, Sexta-feira, 1º, 2 e 31 de outubro, 2010<strong>Brasil</strong> Econômico 39Shah Marai/AFPNovo governo holandês proibirá uso de burkaO novo governo da Holanda proibirá no país o uso dos véus islâmicos quecobrem o corpo inteiro, como a burka, anunciou o líder de extrema direitaGeert Wilders. Ele é um membros do gabinete formado pelos liberais e pelosdemocratas-cristãos, que apresentaram ontem seus planos de governo.O uso da burka já era vetada a estudantes nas escolas do país desde 2008.Wilders também anunciou o endurecimento da política de imigração, como objetivo de reduzir a entrada de imigrantes em até “50%”, segundo ele.Déficit americano elevado tambémchama a atenção de agência de riscoEUA continua com notamáxima (AAA), mas Moody’s vêdistância menor com o <strong>Brasil</strong>Não é apenas na academia que oagravamento da situação fiscaldos EUA suscita preocupação. Aagência de classificação de riscoMoody’s também tem trabalhadomais para entender melhor eesclarecer dúvidas sobre o crescimentoda dívida norte-americana,segundo relatou o responsávelpela área de análise de riscosoberano para a América Latina,Mauro Leos. “Os EUA continuamsendo triplo A (maiornota de crédito da agência),mas nos últimos tempos passamosa discutir mais sobre a situaçãofiscal do país”, diz.Bem-humorado, contou queantes da crise o seu colega StevenInternamente, aMoody’s passou adiscutir com maiorfrequência situaçãofiscal dos EUAHess, que é responsável pelaanálise de risco soberano dosEUA, não tinha o trabalho nemde atender ao telefone, já que nãoera procurado por investidorespreocupados com os EUA. “Agora,ele começa a trabalhar às 7h efica no escritório até as 21h. Otempo todo atendendo telefonemase elaborando documentos.”Laos evitou comentar sobrea possibilidade de outras grandeseconomias terem a sua notade risco rebaixada — ontem, aMoodys reduziu de “AAA” para“Aa1” a nota da Espanha-, masafirmou que acredita que a tendênciaé de uma redução cadavez maior entre a avaliação dasgrandes economias e dosemergentes. “Não espero que o<strong>Brasil</strong> vá ter uma nota superiora dos EUA, mas é possível teruma classificação acima danota do México”, acredita.Ainda sobre o <strong>Brasil</strong>, afirmouque o país, assim como outrosemergentes, terá que enfrentar orisco de ter uma bolha de crédito.Na avaliação de Leos, o baixocrescimento e reduzidas taxas dejuros nas economias desenvolvidasirão intensificar o fluxo de divisaspara o <strong>Brasil</strong> e esse cenáriode alta liquidez deve permanecerpor uns três anos, elevando ospreços. O desafio, segundo oexecutivo da Moody’s, é saberquando a bolha irá ocorrer e o quefazer para lidar com seus efeitos.Laos sugere que o país adote umapolítica fiscal anti-cíclica. Reservasfiscais, como as adotadas noChile, poderiam contribuir para o<strong>Brasil</strong> enfernetar uma possívelbolha de crédito. ■ A.P.R.MAIOR NOTAAAAé a nota que a Moody’s deuaos EUA. Emissões de dívidanessa categoria demonstramavaliação de crédito maisforte, ou seja, de menor risco.NA MÉDIABaa3essaéanotaquefoidada ao<strong>Brasil</strong> quando a Moody’s elevouo país a grau de de investimento.Essa nota representa umrisco moderado de crédito.O mundo dos negócios é muito grandepara você se aventurar sozinho.As publicações da editora Empreendedortêm sempre artigos, notícias e dadosatualizados sobre o mundo dos negócios.Com 16 anos de história,a Empreendedor é a maior editorabrasileira voltada ao empreendedorismo eàs inovações do mundo dos negócios.Publica as revistas Empreendedor,Empreendedor Rural e Dirigente Lojista,e o Guia Empreendedor de Franquias,além de manter o mais acessado site sobreempreendedorismo: www.empreendedor.com.br.Na hora de buscar informações ou falar comempreendedores de todos os portes,conte com as nossas publicações.


40 <strong>Brasil</strong> Econômico Sexta-feira, e1 fim de outubro, de semana, 20101º, 2 e 3 de outubro, 2010BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida dasNações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 -Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - assinatura@brasileconomico.com.brÉ proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A.ÚLTIMA HORAWebjet cancelou 209 voos na semanaDe segunda-feira até ontem, a companhia aéreacancelou 50,1% dos 411 voos programados, refletindoproblemas com o excesso de horas da tripulação.Segundo dados da Empresa <strong>Brasil</strong>eira de InfraestruturaAeroportuária (Infraero), a Webjet suspendeu47,6% dos 105 voos programados para ontem e maisuma vez informou que “os cancelamentos aconteceramde forma programada ao longo do mês de setembro,o que permitiu que todos os passageiros fossemdevidamente informados e reacomodados emoutros voos da própria empresa ou realocados paraoutras companhias aéreas”. A Webjet informou que asituação será normalizada hoje, tendo em vista quecom a mudança de mês a empresa poderá contarcom todas as equipes de tripulantes e, além disso,novos integrantes que estavam em treinamento começama voar este mês.Depois de enfrentar problemas no início de agosto eser multada em R$ 2 milhões pela Agência Nacional deAviação Civil (Anac), ontem a Gol também registrou altoíndice de cancelamento pelo segundo dia consecutivo.Leo Apotheker, ex-SAP,substitui Hurd na HPA HP nomeou ontem o ex-presidente-executivo da alemãSAP, Leo Apotheker, como seu presidente-executivo,surpreendendo o mercado e provocando a queda de 3%no preço das ações da empresa. Apotheker trabalhoudurante mais de duas décadas na SAP e foi nomeadocopresidente executivo em abril de 2008. Ele renunciouao cargo no começo deste ano. ■ ReutersDida Sampaio/AEHannelore Foerster/BloombergA companhia suspendeu 16,3% das partidas programadase culpou o fechamento temporário dos aeroportosem Confins (MG), Santos Dumont (RJ) e de CampoGrande (MS) pelos cancelamentos. ■ Michele LoureiroCRISE NA AVIAÇÃOCancelamentos e atrasos nos aeroportosCOMPANHIA VOOS PROGRAMADOS ATRASADOS CANCELADOSAVIANCA- ONEAZULGOLTAMWEBJET83126649667105Fonte: Infraero (dados de ontem até as 19h)0757579140 (0%)7 (5,6%)106 (16,33%)29 (4,3%)50 (47,6%)Bombardier vai investirem fábrica no <strong>Brasil</strong>A empresa, uma das maiores fabricantes de trens domundo, vai ampliar sua unidade de Hortolândia (SP), quehoje só faz reformas. O investimento permitirá a construçãono país de monotrilhos, veículos semelhantes ao metrô,mas que correm suspensos em vigas de concreto. Aempresa ganhou o contrato para fornecer para a linha ExpressoTiradentes, em São Paulo. ■ Dubes SônegoAdam Berry/BloombergCPFL obtém R$ 574 mi do BNDESO Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovouo financiamento para a CPFL Geração de Energia construir sete parques eólicosem Parazinho (RN). O BNDES participa com 71,6% do valor total do projeto,que soma R$ 801,8 milhões. De acordo com informações do banco, oprojeto terá potência instalada total de 188 megawatts (MW) e inclui o sistemade transmissão associado. Os parques serão construídos em áreas de baixadensidade populacional e pouca atividade econômica, com relevo plano etemperatura pouco variável ao longo do ano. ■ RedaçãoRicardo Galupporgaluppo@brasileconomico.com.brDiretor de RedaçãoUma campanhapobre em emoçãoA não ser pelo retorno à normalidade da programaçãodas emissoras abertas de TV, poucos detalhes nocenário mostrarão aos brasileiros que a campanhaeleitoral chegou ao fim. Sem qualquer crítica aoscandidatos que, ontem, tiveram o último dia parapedir o voto do eleitor, esta talvez tenha sido a menosemocionante de todas as disputas travadas nosúltimos anos. Nada de comícios grandiosos, nada decarreatas quilométricas, nada de abraços coletivos amonumentos. Além do escândalo que custou o cargoda ministra Erenice Guerra e, agora na reta final, dasdiscussões em torno da exigência de o eleitor apresentardois documentos para a votação (derrubadaontem pelo STF), poucos temas geraram polêmica. Emesmo esses não deram origem a debates que ultrapassassemo círculo das pessoas envolvidas nas campanhas.A constatação é a de que, com uma ou outraexceção, a campanha não mexeu com a sociedade.Se o voto no <strong>Brasil</strong> não fosseobrigatório, teríamos, agora,um nível de abstenção eleitoralsemelhante ao dos Estados UnidosEsse fato, a despeito do que podem imaginar alguns,é altamente positivo. O país conta com mais de135 milhões de eleitores (que, muitas vezes, transformamo voto num instrumento de barganha porfavores e vão às urnas apenas para obtê-los). Enquantoisso, apenas 25 milhões são contribuintes doImposto de Renda e têm consciência de onde sai odinheiro que abastece a máquina pública. É natural,em momentos de expansão econômica e ampliaçãodo bem-estar social — como o vivido pelo <strong>Brasil</strong> —,que as pessoas se envolvam menos com a política.Ou, em outras palavras, que a política deixe de serconsiderada a principal via de solução dos problemasda sociedade. Se o voto no <strong>Brasil</strong> não fosse obrigatório,teríamos, agora, um grau de abstenção eleitoralsemelhante ao dos Estados Unidos — onde o comparecimentoàs urnas se restringe a algo entre 55% e60% das pessoas. Aliás, enquanto o voto não for facultativono <strong>Brasil</strong>, ele não poderá ser visto como umdireito pleno da cidadania. Mesmo com todos osavanços, em matéria de política, o país ainda temmuito o que evoluir. ■www.brasileconomico.com.brDESTAQUEMAIS LIDAS ONTEMENQUETEBC e mercado divergem nas projeções para inflaçãoA tranquilidade do Banco Central em relação àsestimativas para o nível geral de preços em 2011destoa da previsão de mercado, com os agentes maispessimistas. Ao contrário do Focus, o Relatório deInflação reduziu a previsão para o IPCA para 4,6%no ano que vem, ante 5% no último documento.● Participação da União na Petrobras chega a 49%● Moody’s reduz avaliação de dívida da Espanha● PIB dos EUA é revisado para 1,7% no 2º tri de 2010● OGX faz nova descoberta de petróleo em Santos● Equador mergulha em crise; soldados nas ruasO confrontoentre oscandidatosà Presidênciapode aumentarna reta finaldas eleições?Sim82% Não18%Fonte: <strong>Brasil</strong>Economico.com.brAcompanhe em tempo realwww.brasileconomico.com.brLeia versão completa emwww.brasileconomico.com.brVote emwww.brasileconomico.com.br


ESPECIALCONSÓRCIOSSUPLEMENTO – 1º DE OUTUBRO, 2010Classe C puxa crescimento dasvendas, com 33% de participaçãoApesar da diversificação,veículos mantêm liderançaImóveis movimentaram R$ 11,7bilhões no primeiro semestreExpansão da economiairriga vendas de consórciosIlustração: Alex Silva


B2 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010ARTIGOO processo de diversificaçãodo sistema de venda por cotasCom a estabilidade da economia e com a segurança do brasileiro em seu emprego,as administradoras vêm obtendo resultados positivos ao longo dos últimos anosCom uma história de mais de45 anos, o Sistema de Consórciosteve início com osgrupos de automóveis, realizadospelos funcionários doBanco do <strong>Brasil</strong>, nos idos dosanos 60. O objetivo, à época, era escoar aprodução da indústria automobilística,que enfrentava dificuldade pela ausênciade linhas de crédito para os compradores.Depois de ter passado por diversosplanos governamentais em quase cincodécadas e ter sido até “condenado à extinção”em um pronunciamento feito poruma autoridade financeira, os consórciosmostraram que a alternativa mais simplese mais barata “sobreviveu” e ganhouespaço. Ao dividir o interesse dos quepretendem adquirir bens de forma parcelada,o Sistema cresceu e passou a serutilizado também para os eletroeletrônicose outros bens móveis; para os imóveis,viabilizando os sonhos da casa própria;e, mais recentemente, com os serviçose suas mais variadas alternativas.Controlados inicialmente pela Secretariada Receita Federal, os consórciosforam normatizados e fiscalizados, desdeos anos 90, pelo Banco Central do <strong>Brasil</strong>,que o saneou e deu maior credibilidade àatuação das administradoras de consórcios.A Lei 11.795, denominada Lei RodolfoMontosa, entrou em vigor há umano e meio e trouxe a postura definitivaque o Sistema necessitava perante a sociedadee ao meio jurídico.Nos últimos anos, com a estabilidade daeconomia brasileira e com a segurança dobrasileiro em seu emprego, as administradorasde consórcios, individualmente ouem conjunto, por meio da Associação <strong>Brasil</strong>eirade Administradoras de Consórcios(ABAC), obtiveram resultados positivos aoreposicionar esse mecanismo de autofinanciamentoe defini-lo com uma alternativade poupança com objetivo de aquisiçãopreviamente determinado.Se poupar é formar patrimônio, osconsórcios são os melhores formadoresde patrimônio pessoal ou familiar. Aafirmação é justificada pela falta de hábitode poupar do brasileiro, especialmentequanto à disciplina na continuidadedos depósitos. Hoje, há mais de 27milhões de cadernetas de poupançaparalisadas há mais de seis meses commenos de R$ 20.Ao aderir a um grupo de consórcio, oconsumidor sabe por quanto tempo iráinvestir ou poupar, como será contempladoe, principalmente, que mês apósmês, poderá vir a realizar seu sonho doveículo novo ou usado, do imóvel desejado,do eletroeletrônico mais moderno oudo serviço escolhido, sem pagar juros. Ocomprometimento na realização mensaldos pagamentos das parcelas torna essaforma de poupança cada vez mais procurada.A estratégia da divulgação que vemsendo feita, tanto pela entidade como pelasadministradoras, visando a conscien-As administradorasobtiveramresultados positivosao reposicionaresse mecanismode autofinanciamentoe defini-lo comuma alternativade poupançaRaphael GalanteEconomista da Associação <strong>Brasil</strong>eira de Administradoras de Consórcios (Abac)tização sobre o Sistema de Consórcios,vem surtindo efeito no crescimento decada setor onde ele está presente.Se no produto mais tradicional, o automóvel,o volume de negócios com as vendasde novas cotas cresceu 50% este ano,no setor imobiliário a presença superou asexpectativas e quase atingiu a marca de20% de todos os contratos registrados noSistema Financeiro Habitacional, em2009. Isto significa dizer que, em cadacinco imóveis comercializados parceladamentee registrados no Banco Centraldo <strong>Brasil</strong>, um é por consórcio.Paralelamente, aqueles que querembens como computadores, televisores erefrigeradores, entre outros desejados porpessoas das classes A e B, bem como os recém-chegadosdas classes C e D, mudaramseu comportamento junto aos consórciose passaram a investir mais do dobro quefaziam há um ano, confirmando o mecanismocomo a melhor alternativa.DivulgaçãoCom o leque de opções ampliado com aautorização dos consórcios de serviços, oconsumidor tem buscado o produto especialmentepara as áreas de saúde, educação,turismo, eventos e outros.Ao reunir as mais variadas oportunidadesde consumo, o Sistema de Consórcios somaatualmentequasequatromilhõesdeparticipantes.Para comprovar a solidez desse importantealavancador de negócios de toda acadeia produtiva, deve-se registrar que as<strong>empresas</strong> que atuam no Sistema de Consórcios,com a devida autorização do BancoCentral do <strong>Brasil</strong>, possuem patrimônio de R$3,5 bilhões e administram ativos na ordemde R$ 78 bilhões. O volume de negócios somouR$ 35 bilhões nos primeiros sete mesesdesse ano e já realizou, desde o seu início, osonhodemilhõesdeconsorciados,colocando-secomo segmento propulsor dos setoresindustrial, comercial e prestador de serviços,propiciando empregos para milhares detrabalhadores, sem gerar inflação.


BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010 | B3


B4 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010CENÁRIOClasse C já respondepor 33% do volumedos consórcios no <strong>Brasil</strong>Nos negócios com valores menores, como eletrodomésticose motocicletas, população de baixa renda representa 55%TEXTO IOLANDA NASCIMENTOAs perspectivas de crescimentoem torno de 5% paraa economia em 2011 estãoalimentando ainda mais ootimismo do setor de consórcios.Os especialistas nãoarriscam uma previsão para o volume devendas no próximo ano, mas acreditam emelevação dos índices já robustos atingidosno acumulado de 2010. “O setor deve continuaraquecido. Além da alta projetadapara o PIB (Produto Interno Bruto) este anoe em 2011, da redução do desemprego e doaumento da renda, o <strong>Brasil</strong> começa a sepreparar para a Copa do Mundo, o que deverámanter a economia em expansão pelomenos até 2014. Some-se a isso a ascensãode classe de mais de 30 milhões de brasileirosnos últimos anos”, explica FernandoTenório, diretor da Bradesco Consórcios.“As pessoas da classe C estão ávidas porconsumo e acredito que o setor tem suaparte assegurada para suprir essa demanda”,endossa Paulo Roberto Rossi, presidente-executivoda Associação <strong>Brasil</strong>eirade Administradoras de Consórcios (Abac).Uma pesquisa da Abac mostra a classe Ccomo responsável por 33% do volume deconsórcios no país e a B e A por 67%. Nosnegócios com valores menores, como eletrodomésticose motocicletas, por exemplo,a população da C e D representa 55%. Oestudo é de 2009 e Rossi acredita na possibilidadede alteração desses indicadores emfunção da ascensão de classes. A Abac preparauma nova pesquisa, a ser concluídaainda este ano, para verificar se houve mudançanesse cenário. Paralelamente, o executivocita também uma pesquisa recenteda Quorum <strong>Brasil</strong> que aponta o consórciona terceira colocação entre os investimentosconsiderados mais interessantes pelaclasse C, atrás da poupança, com 69% dapreferência, e dos imóveis, 54%. A modalidadeteve 14% da preferência dos entrevistadosda C, cuja renda familiar gira de R$ 1,5mil a R$ 2 mil. O estudo foi realizado em SãoPaulo com 400 pessoas, entre homens emulheres de 25 a 50 anos.Esses dados explicam em boa parte aevolução do setor. No acumulado do ano atéjulho, o sistema brasileiro de consórcios totalizouR$ 33,8 bilhões, acréscimo de 33,1%em relação à igual intervalo de 2009, comticket médio substancialmente maior emquase todos os segmentos, exceto em veículospesados, segundo a Abac. O númerode consorciados saltou 4,6% nos mesmosperíodos comparados, a 3,89 milhões emjulho, e as vendas de novas cotas cresceram9,1%, alcançando 1,2 milhão. “Na medidaem que aumenta a confiança na estabilidadeda economia, na elevação do PIB, do nívelde empregoeainflação é mantida sob“Além da altaprojetada parao PIB e da reduçãodo desemprego,o <strong>Brasil</strong> começaa se preparar paraa Copa do Mundo”FERNANDO TENÓRIO,diretor da Bradesco Consórcioscontrole, as pessoas tendem a fazer planosdelongoprazo,apouparmaise,comoconsórcio,podem programar dívidas para aaquisição de bens. Por isso, o setor devecontinuar crescendo”, analisa Miguel deOliveira, vice-presidente da AssociaçãoNacional dos Executivos de Finanças, Administraçãoe Contabilidade (Anefac).CURVA ASCENDENTEAlgumas instituições apresentaram no anocurvas ainda mais ascendentes que a do setor.O Banco do <strong>Brasil</strong> (BB) cresceu 584%entre janeiro e julho, para R$ 2 bilhões emvendas. “Em número de novas cotas, passamosde 118,83 mil nos primeiros sete mesesde 2009 para 160,84 mil na mesma fasedeste ano, uma expansão de 35%”, afirmaJosé Henrique Silva, gerente-executivo deempréstimos e financiamentos da instituição,acrescentando que a expansão decorreu,particularmente, do maior foco dobanco nos segmentos de maior valor,como o de veículos pesados.Na Bradesco, as vendas de novas cotassomente nos primeiros doze dias úteis destemês de setembro avançaram 98%, comparativamentea mesma fase de 2009, para12.612. Líder nos segmentos de veículos leves,pesados e imóveis, a instituição vendeu151 mil cotas no acumulado de 2010 atéagosto, somando R$ 5,5 bilhões, com alta de21% em relação ao mesmo período do anoanterior, segundo Tenório. “As mudançasnas regras de utilização do FTGS para o consórciode imóveis e a força da nossa rede,presente em todas as cidades brasileiras,também contribuíram também decisivamentepara esse crescimento”, explica.A Caixa Seguros, segunda maior em consórciode imóveis do País, teve crescimentosemelhante ao do setor, diz Antonio Limone,diretor da Caixa Consórcio. “Em novascotas, os números são semelhantes aos de2009, com média de 2,5 mil por mês. O focoeste ano tem sido aumentar o valor médiodo ticket.” A Caixa fechou 2009 com 27 milnovas cotas, sendo o carro-chefe o consóciode imóveis, com 70% do volume de negócios,afirma Limone, para quem o bancocrescerá entre 10% e 15% este ano sobre2009, alcançando cerca de R$ 2,4 bilhõesem cartas comercializadas.O BB não arrisca previsão em valores,mas o crescimento já garantiu à instituiçãoficar entre as três maiores em cotas do mercado,afirma Silva. O banco estima chegar a220 mil cotas novas ao final do ano. “A metaé trabalhar muito para continuar nessa posiçãoaté o fim de 2010 e partir para postosmais altos em 2011 e 2012”, diz Silva, acrescentandoqueobancoestudafazerparceriascom outros canais de vendas, como o varejo,para alcançar suas metas futuras.MERCADO AQUECIDODesempenho do setor de consórcio brasileiroVOLUME DE NEGÓCIOS,EM R$ BILHÕESJAN/JUL200933,8JAN/JUL2010VENDAS DE NOVAS COTAS,EM MILHÃOVariação: 33,1% Variação: 9,1%3530252015105025,4CONTEMPLAÇÕES,EM MILHARESJAN/JUL2009558,3JAN/JUL20101,21,1JAN/JUL2009Fonte: Associação <strong>Brasil</strong>eira de Administradorasde Consórcios. Consorciados (Abac)1,00,80,60,40,20,01,2JAN/JUL2010NÚMERO DE CONSORCIADOS,EM MILHÕESVariação: 2,3% Variação: 4,6%600545,65004003002001000Paulo Roberto Rossi, da Abac,entidade do setor: <strong>empresas</strong> observamde perto a movimentação da classe C4,0 3,723,53,02,52,01,51,00,50,0JUL20093,89JUL2010


BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010 | B5Henrique ManrezaOS INVESTIMENTOS MAISINTERESSANTES PARA A CLASSE CEm pesquisa realizada em agostode 2010, 400 pessoas deramrespostas múltiplas estimuladaspor cartão com 6 opçõesPOUPANÇA69%IMÓVEL54%CONSÓRCIO14%FUNDOS DE INVESTIMENTO 11%AÇÕES 5%PREVIDÊNCIA PRIVADA 2%0 10 20 30 40 50 60 70 80OS ATUAIS INVESTIMENTOS DA CLASSE CPOUPANÇANENHUM40%43%IMÓVEL16%FUNDOS DE INVESTIMENTOCONSÓRCIOAÇÕESPREVIDÊNCIA PRIVADA6%5%2%1%0 10 20 30 40 50INVESTIMENTOS MAIS ADEQUADOS AO PADRÃO DE RENDAPOUPANÇA56%IMÓVEL26%CONSÓRCIOFUNDOS DE INVESTIMENTOAÇÕES2%7%6%Banco do <strong>Brasil</strong> e Caixa EconômicaFederal começam a atuar em serviçosSegmento envolve produtos de saúde, turismo, festas, educação e até cirurgia plástica, entreoutras modalidades; nicho ainda é incipiente, mas é considerado como de grande potencialTEXTO IOLANDA NASCIMENTOPREVIDÊNCIA PRIVADAFonte: Quorum <strong>Brasil</strong> (site)2%0 10 20 30 460650 60OBanco do <strong>Brasil</strong> (BB) e a CaixaSeguros são as mais novasadministradoras de consórcioqueapostam no promissorfilãodosegmentodeconsórciode serviços. O BB preparaa sua entrada no mercado neste mês e aCaixa, no ano que vem. Antonio Limone,diretor da Caixa Consórcio, diz que o planoainda é embrionário, mas a meta é lançar oproduto no decorrer de 2011. “Tem grandepotencial, pois se aplica a qualquer tipo deserviço, de cirurgias a pagamento de advogados,reformas de casa e pacotes de turismo.”Regulamentada no ano início de2009, cerca de 25 administradoras operamna modalidade, com 4,75 mil participantes– dados até julho de 2010 –, sendo que maisde 700 já foram contemplados este ano.“O mercado vemcrescendo mês a mês.Estamos abrindo atéum novo grupo”GISELI PAULA,gerente da EmbraconCintia Beneti de Souza, proprietáriade uma ótica em São Paulo, que ser umadas próximas sorteadas por lance. Elaadquiriu há três meses duas cotas deconsórcio que somam R$ 15 mil juntas.Pretende usar o recurso para um serviçoque seduz boa parte das mulheres nosúltimos anos: a cirurgia estética. Ao ladoda saúde, turismo, festas e educação, apossibilidade de ficar mais bonita é oque mais tem despertado o interessepelo segmento. Cintia diz que consultoudiversos médicos e fez as contas: desembolsariaR$ 680 mensais por trêsanos para realizar o sonho, por meio deum financiamento direto em uma dasclínicas. No consórcio, são R$ 540 mensaisno mesmo prazo, uma economiaque ultrapassa os R$ 5 mil.Primeira a lançar produto nessa área, emfevereirodoanopassado,aEmbraconavaliaque o nicho ainda movimenta pouco, mastem grande potencial, segundo afirma a gerentede marketing da empresa, Gisele Paula.“O ticket médio é de R$ 10 mil, temoscerca de 600 cotas vendidas no total. Paracomparar,nogeral,emummêsaEmbraconvende mais de 3 mil cotas. Mas é um volumeinteressante porque o mercado é pouco conhecidoainda e vem crescendo mês a mês.Estamos abrindo até um novo grupo.”O BB espera volume de R$ 1 milhão emnegócios já neste ano e vai lançar cotas entreR$ 1,5 mil e R$ 30 mil e formar gruposcom prazos de até 30 meses, afirma JoséHenrique Silva, gerente-executivo de empréstimose financiamentos da instituição.“R$ 1 milhão de início é uma boa fatia.”


B6 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010PRINCIPAIS SEGMENTOSApesar da diversificação, veículosainda representam 65% do mercadoConsórcios de eletrodomésticos e produtos eletrônicos em geral também se expandem ataxas chinesas; aumento de negócios na área foi de 105,9% no primeiro semestre do anoTEXTO LOURDES RODRIGUESCarol Guedes/AEOsistema de aquisição de umbem por meio de consórcioé quase um “cinquentão” ecomeçou com o objeto dedesejo de muitos brasileiros:o automóvel. Teve início em1962, com uma iniciativa de funcionáriosdo Banco do <strong>Brasil</strong>, que se organizaram emgrupos, com características semelhantesaos atuais, com o objetivo de comprar umveículo zero quilômetro. A iniciativaatraiu o interesse das montadoras, que naépoca, davam seus primeiros passos noPaís. Em 1967, a Willys-Overland, fabricantedo Aero-Willys e do Jeep, chegou ater mais de 55 mil consorciados.O consórcio ampliou sua atuação paraimóveis, eletroeletrônicos e serviços, masos veículos continuam apresentando umafatia expressiva desse mercado. Segundodados da Associação <strong>Brasil</strong>eira de Administradorasde Consórcios (Abac), nos primeirossete meses do ano, o segmento de veículosautomotores (veículos leves, pesados emotocicletas) movimentou R$ 21,8 bilhõesem volume de negócios, o que representa65% do volume total de negócios do setor deconsórcios, que foi de R$ 33,8 bilhões. Emjulho, apresentou um total de 3,23 milhõesde consorciados, um crescimento de 4,2%em relação aos 3,1 milhões de julho de 2009.“Um incentivoé a lei quepossibilita quitaro financiamentoe, em caso decancelamento,continuarparticipandodos sorteios”FÁBIO BRAGA,gerente da Porto SeguroAdministradora de ConsórciosO bom desempenho econômico do país eamaiorsegurançaqueosconsumidorestêmem seus empregos contribuíram para que avenda de novas cotas no setor de veículosleves subisse 1,9% de julho de 2009 a julhode 2010, passando de 670,9 mil para 683,8mil.Ovalormédiodascotasdosveículoslevessubiu 6,4%, passando de R$ 36,5 milpara R$ 38,8 mil. “O fato de o aumento médiodos veículos leves novos ter sido inferiorà inflação influenciou nesse crescimentonas vendas de novas cotas”, diz Paulo RobertoRossi, presidente executivo da Abac.Para Fábio Braga, gerente da Porto SeguroAdministradora de Consórcios, quetem uma carteira de 60 mil consorciados,cada vez mais as pessoas avaliam o consórciocomo opção acessível e planejadapara a aquisição de bens, por ter encargosbaixos, parcelas com valor reduzido e amplosprazos de pagamento. “Outro incentivoé a aplicação da lei 11.795, que possibilitaao consorciado quitar o financiamentoe em caso de cancelamento, continuarparticipando dos sorteios para receber ovalor pago antes do término do grupo.”ELETRODOMÉSTICOSOutro segmento que vem avançando ataxas chinesas é o de eletrodomésticos eprodutos eletrônicos em geral. Ao rece-ber a carta de crédito, o contempladopode ir à loja e comprar quantos produtoscouberem no valor recebido. A opçãoé bastante procurada por pessoas dasclasses C e D, que com prestações emtorno de R$ 132,00, podem, em prazosque variam de 24 a 36 meses, trocar eletrodomésticos,celulares e sofás de umasó vez. Assim como em todos os consórcios,o consumidor não pode ter pressaem adquirir o bem. E, além da vantagemde não pagar juros, na hora de usar a cartade crédito, o contemplado tem a possibilidadede barganhar na compra econseguir mais descontos.Essa mudança de comportamento provocouum aumento dos negócios em105,9%, segundo dados da Associação<strong>Brasil</strong>eira de Administradoras de Consórcios(Abac). Enquanto no acumulado dejaneiro a julho de 2009, a soma chegavaaos R$ 91,4 milhões, neste ano, no mesmoperíodo, o total ultrapassou R$ 188,2 milhões.O valor médio da cota, que, em julhode 2009 era de R$ 1.666,00 subiu113,9% e chegou aos R$ 3.563,00 em julhodeste ano. Com o consumidor comprandocotas maiores, o número de consorciadosno segmento sofreu retração de 12,5%baixando dos 106,9 mil em julho de 2009para 93,5 mil em julho este ano.


BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010 | B7O jeito mais inteligente de comprar uma casa ou um carro novo é com planejamento. Ao fazer o Consórcio Imobiliárioe o Consórcio Auto da CAIXA, você realiza seus projetos sem pagar juros e ainda conta com a credibilidade da marcaCAIXA. Faça um Consórcio da CAIXA, porque os seus projetos merecem a nossa solidez.Informações BACEN 0800 99 23 45www.caixaconsorcios.com.br


B8 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL CONSÓRCIOS | Sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3.10.2010RESIDÊNCIASTurbinados por classe C e FGTS,imóveis movimentam R$ 11,7 biA internet começa a trabalhar a favor do desenvolvimento do setor, com a disponibilizaçãode informações para cotações, contatos e até mesmo para o fechamento do negócioTEXTO JÚLIA ZILLIGQuem casa, quer casa. Mas no<strong>Brasil</strong>, ter uma casa próprianão é somente para quemvai constituir uma família.Por ser algo que faz parte dacultura do país, o imóvelpróprio está na lista de metas de quase90% dos brasileiros. De alguns anos paracá, o cenário econômico está favorecendoo crescimento desse mercado. Maioracesso ao crédito por parte das classes C eD, aumento da demanda de imóveis deluxo para a classe A, baixa nas taxas de desemprego,entre outros fatores, estão ajudandomuita gente a sair do aluguel etransferir esse pagamento para a prestaçãode uma casa própria, seja em um financiamentodo SFH (Sistema Financeirode Habitação) ou desembolsando umaquantia para planejar a compra do seuimóvel, por meio do consórcio imobiliário.Esse segmento vem se fortalecendo significativamentenos últimos dois anos.Segundo a Associação <strong>Brasil</strong>eira de Administradorasde Consórcio (Abac), o setor deconsórcio de imóveis registrou uma alta de23,2% no primeiro semestre de 2010, subindode R$ 9,5 bilhões obtidos no mesmoperíodo do ano passado para R$ 11,7 bilhões.Atualmente, até a internet trabalhaa favor do setor, disponibilizando informaçõespara cotações, contatos ou atémesmo para o fechamento do negócio.Essa alta está ligada aos fatores descritosacima e também a outro ponto determinante:a liberação do FGTS (Fundo deGarantia por Tempo de Serviço) para dar olance, quitar ou amortizar prestações dacarta de crédito, desde que o consorciadonão tenha nenhum imóvel financiado peloSFH e nenhuma propriedade em seunome. Segundo João Pedro Salomão, presidenteda Abac Sudeste II, as vantagensdo consórcio é que não há a cobrança dejuros — somente taxa de administração ecorreções pelo INCC (Índice Nacional daConstrução Civil) — e não é necessário teruma entrada para dar início ao pagamento.“No <strong>Brasil</strong>, o apelo social da casa própriaé forte e o consórcio ajuda o consumidora planejar esse sonho.” No entanto, osbrasileiros ainda encontram dificuldadeem ter disciplina para guardar dinheiro.“Ao ter a obrigação de pagar a prestaçãodo consórcio todos os meses, o consumidorfaz seu pé de meia”. Dados do BancoCentral mostram que há mais de 27 milhõesde cadernetas de poupança inativascom saldo abaixo de R$ 20 mil.No entanto, o consórcio imobiliário nãoé somente utilizado como um instrumentode compra do primeiro imóvel próprio.Com a evolução do setor, segundo SebastiãoCirelli, diretor executivo da RodobensConsórcios, que trabalha com o produtodesde o início da década de 90, hoje a cartade crédito também é utilizada para atroca dessa mesma casa por uma melhor,para realizar investimentos ou comprarsalas comerciais. Do total de consórcios, oimobiliário representa 44% da carteira daempresa. “No caso de investimento,quando a cota é contemplada, o consorciadocompra um imóvel, e, com o aluguelgerado, paga uma nova carta de crédito. Eassim por diante”. Com esse crescimentoAs vantagens doconsórcio é que nãohá a cobrança dejuros — somente taxade administração ecorreções pelo INCC(Índice Nacionalda Construção Civil)— e que não énecessário ter umaentrada para darinício ao pagamentodo setor, o ticket médio das cartas tambémsofreu elevação. De acordo com Salomão,o valor médio era de R$ 71 mil, mashoje está em R$ 93 mil. Em termos de prazo,o cliente escolhe a melhor opção. Podeoptar por um prazo que vai de 36 a 180 meses,dependendo do valor, com prestaçõesentre R$ 300 a R$ 4 mil. “Esse tipo de modalidadede crédito atinge aquele consumidorna casa dos 30 anos, que não vaiprecisar utilizar seu FGTS e programa acompra de sua casa, no caso da classe C.”Há 10 anos comercializando consórciospara imóveis, a empresa Embracon já tem60% de seus consórcios vendidos voltadospara essa finalidade. No mês de julho desteano, a empresa obteve um crescimento de21% na venda de novas cotas em relaçãoao mesmo mês de 2009. Segundo GiselePaula, diretora de marketing da companhia,o programa Minha Casa, Minha Vida,da CEF (Caixa Econômica Federal), de início,foi encarado como uma ameaça, mashoje trouxe benefícios para as vendas daempresa. “Alavancou ainda mais nossosnegócios, pois o consórcio acaba sendomais barato do que um financiamentoimobiliário”. Segundo ela, o principal canalde venda é a internet. “O interessadoentra no site, faz sua consulta de preços,deixa seus contatos e logo retornamospara ele. A internet é uma ferramenta interessantede captação de clientes.”Consórcio passa a serconsiderado uminstrumento para acompra também dosegundo imóvelPaulo Liebert/AE


OutlookSUPLEMENTO DE FIM DE SEMANABRASIL ECONÔMICO521/OUTUBRO/2010“Ser chef implicaem responsabilidades,como a de abrir osolhos das pessoas.Não é só um negócio”Simon Lau Cederholm,chef do AquavitFOTO CRISTIANO MARIZ


2 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010PROGRAME-SEO melhor da semanaDez sugestões imperdíveis em cultura, gastronomia,esporte, moda e viagensTEXTO E EDIÇÃO DENISE BARRAFOTO TADEU BRUNELLIFOTOS DIVULGAÇÃOFOTO LIU CHEN-HSIANGMOSTRA DE NOVOSE CONSAGRADOSBALÉ DE TAIWANCHEIO DE PÉTALASCINEMINHA NAHORA DO ALMOÇOGAL COSTAEM ÚNICO SHOWPERCUSSÃO “DASBOAS” NO PERC PANNovos e Consagrados ArtistasMasterarte reúne 70 obrasde 50 artistas, entre quadros,esculturas e fotografias,produzidas a partir dos anos80. Com curadoria de DanielaSeve Duvivier, a exposiçãoinclui fotos do alemãoMichael Wesely, além deesculturas do venezuelanoCruz Diez e telas de JesusRafael Soto. Dos brasileiros,alguns dos destaques são VikMuniz, a fotógrafa ClaudiaJaguaribe, o escultorWaltércio Caldas e o pintorHenrique Oliveira (foto).Até 3/10, no EspaçoPinheiros, em São Paulo.Uma das melhorescompanhias do mundo,Cloud Gate Dance Theatre,volta ao <strong>Brasil</strong> com novoespetáculo. Em Whisper ofFlowers, os bailarinosdançam sobre 80 mil pétalasde flores artificiais.Os movimentos fazemas pétalas voareme espelhos ao fundo deixamo efeito ainda mais bonito.Inspirada em O Jardimdas Cerejeiras, a coreografiapara 20 bailarinos foicriada pelo fundadordo grupo, Lin Hwai-Min.De amanhã a 5/10, noTeatro Alfa, em São Paulo.De quarta a sexta-feira,os executivos que trabalhamno centro da capital paulistapoderão aproveitar a horado almoço para um relaxdiferente. O Centro CulturalBanco do <strong>Brasil</strong> exibe 34curtas nacionais na mostraCurta o Curta no Almoço.As sessões duram 22minutos, e os títulospasseiam por gêneros comocomédia, suspense eanimação. Começa comO Outro Amanhã, de AndréSaito e Cesar Nery, comDan Stulbach (foto). Grátis.De 6/10 a 12/11, no CCBB,em São Paulo.Os shows de Gal pelo paísestão cada vez mais raros.A carreira da cantorase voltou para as turnêsinternacionais,principalmente nos EUA ena Europa. Por isso mesmo,a apresentação única seráainda mais especial.Deixe-se levar pela voz docee bárbara da baiana queimortalizou sucessos do naipede Folhetim, Meu bem meumal e Festa do Interior.A banda tem Luis Meira noviolão, Jacaré na percussão eDudinha no baixo. Um luxo só!Hoje, no Teatro Anhembi,em São Paulo.Uma música que nasceu nonorte do México e se misturouao techno, outra que veioda Macedônia, um grupodo Peru e outro de Angola.Em comum, um bom batuque.O Perc Pan é um dos maisconceituados festivais depercussão do mundo. E temde tudo: artistas consagradosou não, clássicos e populares.A curadoria é do jornalistaespanhol Carlos Galileae do antropólogo brasileiroHermano Vianna.Hoje, na Concha Acústica,Salvador. Dias 4 e 5, no OiCasa Grande, no Rio. Dia 7,na Via Funchal, em SP.FOTO MARCOS CAMARGONOVAS OBRAS NO“PARAÍSO” INHOTIMMODA E MEMÓRIANA MOSTRA DE DENERJAPONÊS COMFLORES COMESTÍVEISSORVETE COM SABORDE PRIMAVERADESFILE DE MINIPELO INTERIOR DE SPHá pouco, novas obrasfincaram os pés em Inhotim.Elas integrarão o acervopermanente do Museu, esão de artistas reconhecidosinternacionalmente. MiguelRio Branco, Hélio Oiticica eNeville D’Almeida, DominiqueGonzalez-Foerster e RirkritTiravanija agora repousamseus trabalhos no belo museua céu aberto, em meio a umaárea verde de deixar Monetsem ar. Aproveite para vertambém novas obrastemporárias de seis artistase ouvir o Quinteto de Metaisda Filarmônica de MinasGerais, amanhã, às 15h.Em Brumadinho, Minas.Ele costurou o vestido dedebutante de Danuza Leão.Em 1963, foi o responsávelpelo guarda-roupa da primeiradama Maria Teresa Goulart.O estilista Dener, um dosprecursores da moda no<strong>Brasil</strong>, deixou sua marca desofisticação. Nasceu no Paráe, aos 13 anos, começoua criar modelitos para a CasaCanadá, butique cariocaimportante na época.Nos anos 60 e 70 viveu emSão Paulo, onde vestiu a altasociedade. A mostra reúne 23croquis, dois deles masculinos.Até 29/10, no CentroUniversitário Belas Artesde São Paulo.Músicos, jornalistas, atorese notívagos de toda a espécietêm um porto seguro quandobate aquela vontadede comer japonês às 3hda manhã. O Kayomix é o japada madrugada. Não espereluxo, o negócio lá é comidaboa. E agora tem novidadeprimaveril. O chef RodrigoYoshimura criou um menupara a estação: uramakide salmão com florescomestíveis e sashimisem forma de flor. Para asobremesa, um delicadosorbet de água de rosas comamora. O rodízio custa R$ 45.Rua da Consolação, 3.215,em São Paulo.O primeiro Mil Frutas a gentenunca esquece. O sabordo sorvete que não levacorantes, conservantes,nem gordura hidrogenadaé puríssimo. A consistênciaparece um creme.E a novidade da tradicionalsorveteria carioca (que fazsucesso também em SãoPaulo) é o sabor hortelã.Nesta primavera, outrasdelícias refrescam o menu,como o sorvete de rosa comframboesa, o de pistache e ode água de flor de laranjeira.De lamber os beiços.Nas sorveterias Mil Frutasdo Rio, Angra dos Reis,Búzios e São Paulo.Se o leitor faz parte da tribodos amantes do MINI Cooper,prepare o carango paraesbanjar charme neste finalde semana. A MINI Paradevai percorrer as principaisrodovias de São Paulo,em um trajeto de 520quilômetros que começa nacapital, passa por locais comoa represa de Barra Bonitae a cidade de Santa Mariada Serra, e termina em SãoPedro com um almoço norestaurante Vila Del Paco paraturbinar os motores paraa volta. O encontro é às 9h.Amanhã, na CaltabianoMINI Pinheiros, emSão Paulo.


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 3Cardápio1.10.10O dinamarquês Simon Lau já tinha feitoa faculdade que os pais queriam, viajado o mundoem uma bike e, até, arrumado um empregosem mais sobressaltos (o mamão com mel de serdiplomata no <strong>Brasil</strong>). Até que um dia, ao sairdo cinema, viu-se meio como De Niro em TaxiDriver, só que mais ensolarado: You talkin’to me? A pergunta, para ele, se traduziu como“Simão, você está com 38 anos. Chegou a horade ter seu restaurante”. Era o começo dosurpreendente Aquavit, em Brasília. O próprionos conta, a partir da página 26, como foia trajetória que o levou a ser eleito melhorchef do país, agora, pelo Guia Quatro Rodas.Mas nesta edição há outras tantas descobertas,desde a Índia louca de Arthur Veríssimo, 15,até o despertar trifásico de Julia Roberts (17).E você? Quando vai acordar para o seu sonho?Talkin’ to me? Phydia de Athayde


4 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010IDEIAS FORTESLira NetoPor que uma biografiade Getúlio Vargas?Sempre me inquietou o fato de Getúlio nunca ter sido alvo de uma biografia jornalísticaexaustiva, moderna, cuidadosa no trato com as fontes primárias, atenta àprofusão de estudos acadêmicos a respeito do período e, em especial, sem o impressionismoda maioria dos relatos biográficos já publicados sobre o personagem.O historiador norte-americano Robert Levine, na abertura de seu Pai dos Pobres?,demonstrava o mesmo incômodo, ao constatar que não há “uma biografiacompleta e atualizada de Vargas”.O também brasilianista Thomas Skidmore, autor de <strong>Brasil</strong>: de Getúlio a Castello,já chegou a escrever que a tarefa de biografar Getúlio exigiria “quase toda a vida deum eventual biógrafo”.Na semana passada, quando Ancelmo Gois revelou no O Globo que estou trabalhandojustamente em uma biografia de Getúlio a ser publicada pela Companhia dasLetras, um amigo jornalista me ligou para desejar boa sorte e para lastimar a perdade minha presença por uns bons tempos.“Você amarrou uma bola de ferro em seu tornozelo”, brincou. “Seus dias desossego terminaram. Getúlio vai lhe tomar cada minuto do dia, sugar-lhe cadagota de sangue, exigir-lhe cada fiapo de energia”, avisou-me o colega, tambémautor de biografias.Ao mesmo tempo, agradeceu-me pelo peso que eu lhe tirara das costas. “Eu já cogiteiescrever uma biografia de Getúlio”, confidenciou-me. “A notícia de que vocêsaiu na frente me libertou, para sempre, de tal fardo”, comemorou.Getúlio é, sem dúvida, o personagem mais controvertido da política brasileira.Ninguém passou mais tempo no poder do que ele. Ninguém despertou tanta paixãoe tanto ódio. No exercício da presidência, ninguém foi mais enigmático, impenetrável,contraditório, ambivalente.Mais de meio século após sua morte, seu fantasma e as representações coletivasem torno de sua figura ainda nos rondam, provocando contestações, desafiandoexegetas, contrapondo analistas.Antes de receber a faixa presidencial em 1994, Fernando Henrique Cardoso defendeuque era a hora do <strong>Brasil</strong> virar uma página histórica: “Resta um pedaço donosso passado político que ainda atravanca o presente e retarda o avanço da sociedade.Refiro-me ao legado da Era Vargas”.Pois em controvérsia recentíssima, às vésperas de mais uma eleição presidencial— o jornalista e cientista político André Singer, de um lado; e o também cientistapolítico Sérgio Fausto e a professora Maria Sylvia Carvalho Franco de outro —, discute-sena Folha de S.Paulo se o suposto legado de Getúlio ao chamado “lulo-petismo”é a marca de um espólio legítimo ou a perversão de uma herança maldita.Em se tratando de Getúlio, muitas perguntas permanecem sem resposta. Já foramutilizadas toneladas de papel e tinta para se tentar “decifrá-lo”. Biógrafos oficiais,como Paul Frischauer, André Carrazzoni, Leal de Souza e Barros Vidal encarregaram-sede traçar-lhe uma hagiografia tão caudalosa quanto laudatória.No flanco oposto, êmulos como Affonso Henriques e seu cáustico Ascensão eQueda de Getúlio Vargas apostaram na total desconstrução do biografado. Nesseembate, apologistas e detratores forçosamente se anulam, pela parcialidade dos sinaiscontrários.Bem mais equilibrados, Foster Dulles, Paulo Brandi e Hélio Silva, com virtudese lacunas, preocuparam-se em registrar a trajetória política de Getúlio, mas passaramao largo da percuciência no detalhe, da dimensão estética da narrativa eda investigação quase arqueológica da esfera privada, matérias-primas de umabiografia jornalística.Sem idêntico distanciamento, o jornalista José Augusto Ribeiro, renunciando demodo deliberado à isenção, escreveu um perfil apaixonado de Getúlio em A Era Vargas.Fernando Jorge, igualmente jornalista, também de modo assumido, sobrepôs ocontexto ao personagem em Getúlio Vargas e o Seu Tempo. Por fim, de modo provocador,Juremir Machado optou pela forma de romance para contar a história de Getúlio,mesclando ficção e história, explicitando as reservas teóricas e metodológicasdo autor ao gênero biográfico.Diante de tudo isso, caberia a pergunta: ainda há o que escrever sobre Getúlio?Uma biografia dele ainda se faz pertinente e necessária? Sem pestanejar, a respostaé sim.Há sempre documentos a descobrir e, principalmente, novas questões a fazer,ângulos diferentes a explorar. Não existem biografias definitivas. Nenhum livroconsegue dar conta da complexidade de uma vida e de um indivíduo. Especialmentese esse indivíduo foi tão múltiplo e polêmico quanto Getúlio Dornelles Vargas.Ele é, sem dúvida,o personagem maisimportante — e omais controvertido— da políticabrasileira de todosos tempos. Ninguémdespertou tantapaixão e tantoódio quanto ele.Uma biografia aindase faz pertinentee necessária?Sem pestanejar,a resposta é sim.Há sempredocumentosa descobrire, principalmente,novas questõesa fazer, ângulosdiferentesa explorar. Nãoexistem biografiasdefinitivasLiraNeto,jornalistaeescritor,éautordePadreCícero:Poder,FéeGuerranoSertão(CompanhiadasLetras),Maysa:SóNumaMultidãodeAmores(Globo)eOInimigodoRei:UmaBiografiadeJosédeAlencar(Globo).


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 5CRÔNICAHumberto WerneckMemórias de umavestruz literárioModéstia à parte, fui um menino bem esquisitinho. Depois, há quemdiga, piorei. Não é verdade. Não daria conta de superar em bizarria —em chatice, vá lá — o frangote que fui na puberdade. A avalanche dehormônios não explica tudo. Não me lembro de ter conhecido, antes,durante ou depois, um ser que desfiasse o meu vocabulário de então.Talvez o Antônio Houaiss. Não era por acaso que lá no bairro volta emeia alguém me interpelava:— Ei, irmão do Rodrigo, vem falar difícil pra gente!Não cheguei a topar provocações, mas certa vez deixei de queixo caídoum tio que foi xeretar o que havia no meu prato:— O que temos aí?— Lipídios, glicídios e protídeos — pontifiquei.Foi o que bastou para ganhar do tio o apelido de Zé Lipídio.Ouvia entoar a ave galiforme da família dos fasianídeos — ou, se vocêprefere, ouvia o galo cantar — e tratava logo de utilizar o vocábulo recém-aprendido,sem o cuidado de saber o que estava dizendo. Arranqueigargalhadas de meu pai com um “diabo aquático” em vez de “diabo aquatro”. Escaldado, tratei de me tornar freguês do dicionário, que atéentão, como outros garotos, folheava apenas para garimpar palavrões,com especial atenção aos que designassem acidentes geográficos da anatomiahumana. Devo ter visitado todos os que se escondiam nos cincovolumes do Laudelino Freire lá de casa.Ao contrário dos companheiros, porém, mantive o hábito mesmo depoisque pudemos encarar ao vivo o que só conhecíamos de dicionário. Sóque agora os palavrões, digamos, eram outros: na minha insuportávelchatice adolescente, o que eu buscava eram palavras estranhas que, jogadasna roda como granada verbal, tivessem o poder de silenciar a audiênciaignara. Meu amigo Jaime e eu chegamos a inventar umas tantas, nenhumadelas mais impactante que “cripteriótico”, cujo significado, se éque tinha algum, variava conforme a circunstância em que era disparada.Devo ao Laudelino uma coleção de excentricidades vocabulares que tiveo bom senso de jamais utilizar. Mas ainda sei o que são alpondras. Não,não vou traduzir. Vá você catar no dicionário, seu alóbrogo.Quanto a mim, catava em toda parte. Não cheguei a ler os livros deodontologia do meu pai, mas passei perto. Atrás deles na prateleira, descobrium dia, inesquecível dia, os dois tomos de Amor e Paz, manual deorientação sexual escrito por uma dama pia para uso de namorados (volume1) e noivos (volume 2). O primeiro, contendo muita paz e quase nenhumamor, por isso mesmo não chegou a me interessar. Se bem melembro, não havia ali um escasso beijo, nem mesmo o de Judas em Cristo.Já o segundo, prescrito pela autora para quando o entrevero carnal apontasseno horizonte próximo como algo inevitável, era mais estimulante,se me faço entender. Embora passasse a léguas do mais pudico dos kamasutras,sua leitura, aqui e ali, reservava sensações ao leitor onívoro que fuipelos dez anos de idade.Mais exato seria dizer: um avestruz literário, tamanho o apetiteeafaltade critério com que devorava livros. Acabei me enfiando na picada dospensadores católicos da biblioteca paterna — e tome Jacques Maritain,Raïssa Maritain, Thomas Merton, Fulton Sheen, Pierre van der Meer deWalcheren, Léon Bloy (“Sofrer passa, ter sofrido não passa nunca”, saírepetindo sem muito conhecimento de causa). Entre os nacionais, traceiIdade, Sexo e Tempo, de Alceu Amoroso Lima, esperançoso naquilo que asegunda palavra do título prometia sem cumprir.Tinha 12 anos quando ganhamos as obras completas de Machado deAssis numa edição da Jackson que ainda conservo. Atravessei como carunchoos 31 volumes encadernados em verde, aí incluídos, believe ornot, aqueles lá do fim, de crítica literária, lidos já com a língua de fora, sópara poder dizer que tinha dado conta da coleção inteira. Pergunte se meficou alguma coisa daquela primeira incursão machadiana. Achei o máximoo conto “Um cão de lata ao rabo”. E meio devagar, com aquela genteenrolada, o tal de Dom Casmurro.Na minhainsuportável chaticeadolescente, o queeu buscava erampalavras estranhasque, jogadas na rodacomo granadaverbal, tivessemo poder de silenciara audiência ignara.Meu amigo Jaimee eu chegamosa inventar umastantas, nenhumadelas maisimpactante que“cripteriótico”,cujo significado,se é que tinha algum,variava conformea circunstância emque era disparada.Devo ao Laudelinouma coleção deexcentricidadesvocabulares quetive o bom sensode jamais utilizar.Mas ainda sei oque são alpondras.Não, não voutraduzir. Vá vocêcatar no dicionário,seu alóbrogoHumberto Werneck é jornalista e escritor. É autor,entre outros, de O Espalhador de Passarinhos & Outras Crônicas (Dubolsinho),O Pai dos Burros (Arquipélago Editorial) e O Santo Sujo (Cosac Naify).


6 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010EM FOCOPerdidano tempoAntes um casarão dossonhos, hoje um cortiço,a Vila Itororó pode virarcentro cultural. Mas quemnasceu lá não quer sairTEXTO GABRIEL PENNAFOTOS MURILLO CONSTANTINO


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 7O morador, e nativo, ArnaldoCardoso na escadaria que leva àvila, 10 metros abaixoda rua Martiniano de Carvalho,na paulistana Bela Vista


8 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010EM FOCO132FOTO DPH/PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO1. Pelo portão da Martiniano de Carvalho, guardado por leões(um se foi), chegavam os convidados para os bailes e orquestras2. Em 1970, ainda com piscina limpa e quadra de futebol3. O palacete surrealista, de janelas enormes e longas colunasneoclássicas4. Dona Lourdes não encontrou ninguém para substituí-lana limpeza da escadaria, sempre aos sábados5. Cida ajudou a povoar a vila. Chegou em 1970,teve cinco filhos e nove netos6. Deusa grega, brasões e vitrais circulares: restosda demolição do antigo teatro São José7. Por volta de 1920, o português Francisco de Castrocomeçava a erigir seu antigo sonho8. No fim da década de 20, os privilegiados convivasde Xico se esbaldavam na inédita piscina particularSe o sinhô não tá lembrado / dá licença decontá / que aqui onde agora está / esteadifício arto / era uma casa véia/ um palaceteassobradado / foi aqui, seu moço,que eu, Mato Grosso e o Joca/ construímonossa maloca/ mas, um dia, nóisnem pode se alembrá / veio os home co’as ferramenta/ o dono mandô derrubá.Que Adoniran Barbosa compôs um dos maioresclássicos do samba paulista, já se vão mais de 50 anos.Mas a história comovente que o inspirou poderia bemter acontecido ontem, hoje, amanhã. É que estamosfalando de São Paulo, cidade que há séculos se demolee se reconstrói sobre si mesma, na esteira do progresso.E que só por milagre ou sorte preserva seus empoeiradostesouros de concreto. Por um motivo ou outro, apitoresca Vila Itororó é uma dessas joias que resistirambem ou mal à passagem do tempo. Um palacete assobradadoque, há quase nove décadas, está de pé na BelaVista, região central de São Paulo. Passado suficientepara que muitos se esquecessem dela. A primeira vilaurbana de São Paulo não foi ao chão, como o saudoso larSão Paulo, que se demole e se reconstróisobre si mesma, só por milagre ou sortepreserva seus tesouros de concreto. Porum motivo ou outro, a Vila Itororó ficoudeAdoniran,mascorreriscos,poisjáfaztempoquenãovê uma reforma. Limpeza, então, nem de longe. Algunscasebres foram covardemente derrubados, outros, invadidos.Ao todo, vivem por lá 79 famílias, muitas delasem condições precárias. Tem gente, porém, que habitaas boas casas do lugar há décadas. “Lavava essa escadariatodo sábado, filho, de ponta a ponta. Eu não gosto desujeira”,lembrauma,duas,trêsvezesMariadeLourdesIdonato,75anos,60delesvividosali.Maisantigamoradorada vila, dona Lourdes olha em volta e se espantacom o descaso. “Não tinha esse lixo aqui, filho! Agora,ninguém liga, tinha que virar maloca”, lamenta.Erguida nos anos 20 e tombada pelo patrimônio histórico,a Vila Itororó é obra de Francisco de Castro, umnem tão modesto tecelão português, dotado de aspiraçõesà nobreza e imaginação pra lá de fértil. Para tornarrealseupalácioonírico,comprourestosdedemoliçãoeumgrotãoàsmargensdorioItororó.Aospoucos,construiuum conjunto de 37 casas para, com a renda doaluguel, financiar sua fantasia extravagante. Um casarãodetrêsandarese50cômodos,sustentadoporcolunasneoclássicas e decorado com vitrais, carrancas eestátuas de bronze, herdados do antigo teatro São José(que ficava no viaduto do Chá, onde hoje é o ShoppingLight). “É uma arquitetura espontânea, intuitiva, umacolagem que resultou numa obra de caráter surrealistae exuberante“, classifica o arquiteto Décio Tozzi, autordo projeto de revitalização da vila, encomendado pelaPrefeitura de São Paulo. Segundo Tozzi, gente como osirmãos Mário e Oswald de Andrade frequentou o lugar.À noite, as festanças daquele português alegre e sociávelreuniam intelectuais e boêmios no terceiro andardo casarão. De dia, para lavar a alma, os amigos se banhavamna primeira piscina particular da cidade,abastecida pelas águas da nascente do Itororó. Maistarde, o espaço foi transformado no clube Éden Liberdade,para o desfrute dos moradores. “Dona Lourdesdeve lembrar dos bailinhos que dançou por lá”, se in-


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 94 56 7FOTO DPH/PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO8FOTO DPH/PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULOtromete o boa-praça Arnaldo Cardoso Filho, 48 anos,um dos raros amigos da aposentada na vizinhança.Cidadão nativo da vila, Naldinho é quem nos acompanhapara um passeio pelo que resta dela. Os avós,portugueses, chegaram ao lugar nos bons tempos,cresceram e se multiplicaram. O pai jogou bola numcampo de terra às margens do rio. Ele, na quadra doclube, onde também aprendeu a nadar. Há tempos,porém, a correnteza do Itororó deu lugar ao intensotráfego da Avenida 23 de Maio. Depois, foi a vez daquadra de futebol e da piscina virarem depósito demáquina velha e água suja. Não seria mal voltar a desfrutardas atividades do clube, mas hoje a prática deesportes não está entre suas prioridades. Em breve,Naldinho pode ter que deixar a residência onde, diz,gastou um bom dinheiro ao longo dos anos para trocarpiso, telhado e construir um mezanino. É que a prefeitura,que hoje é dona, quer remover todos os habitantes,independente do tempo de casa, para transformara vila em um centro de cultura e memória do bairro.“Sei que vai ficar bonito, mas e a moradia do pessoal?”,indaga, com desgastada indignação.Histórica também é a indefinição sobre o futuroda Vila Itororó. Após a morte do seu construtor, oconjunto foi comprado por credores e doado à fundaçãoLeonor de Barros Camargo, que mantém aSanta Casa de Indaiatuba. A instituição parou de recolhero aluguel em meados da década de 90 e, algumtempo depois, colocou tudo à venda. Há quemdiga que abastados ilustres como Silvio Santos eAbílio Diniz teriam se interessado pelo negócio.Boatos à parte, quem assumiu o imbróglio foi a prefeitura,após a desapropriação da vila pelo estado e opagamento de indenização à fundação. No ano passado,a justiça determinou a remoção das famíliaspara início de obras de revitalização, decisão queainda não foi cumprida. “As funções cultural e residencialnão são incompatíveis”, contesta a arquitetaRaquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquiteturae Urbanismo da USP e relatora especial daONU para o direito à moradia adequada. “O patrimôniodeve ser revitalizado e preservado, mas semexcluir os moradores, que têm uma relação antiga eo direito de permanecer na vila”, defende Raquel.As festanças daquele português alegree sociável reuniam grandes intelectuaise boêmios paulistanos. De dia, paralavar a alma, os amigos se banhavamna primeira piscina particular da cidadeEm troca da liberação dos imóveis, o governomunicipal ofereceu apartamentos financiados, de40 a 70 metros quadrados, em um edifício ainda emconstrução a três quarteirões da vila. Os habitantes,porém, não se entusiasmaram com a proposta eentraram com uma ação de usucapião. Coordenadorada associação de moradores, a auxiliar de serviçosgerais Maria Aparecida de Santana ajudou apovoar o lugar. Seus cinco filhos e nove netos nascerame ainda vivem ali. Cida ainda sonha em resgatarpara eles a segurança e o ambiente familiar deoutrora. Mas, cansada, reconhece que pode ser tardedemais. “Se sair o despejo, não tem que pensar, éir embora, né?”, resigna-se, pois, como já cantavao sambista, nóis sempre arranja outro lugá.


10 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010PROVOCAÇÃOVale a pena conhecer a Verdade?FOTO DREAMSTIMEUm mistériorusso de cincodécadassó provaque ela ésuperestimada.Cada um dáde comerpara a ficçãoque bementendee seguimosassimTEXTO ANDRÉ CONTIO sinistro caso do desaparecimento dos jovens exploradores russos aconteceu na neve, é verdade. Mas a sombra dessa tigelona aí também paira por lá...Para cada conspiração bemfundamentada, há sempre alguémbrandindo a Verdade, querendoprovar que as coisas forammais simples do que parecem,que não houve nada de tãoextraordinário na história e outrasmanifestações de fraqueza de espíritoNão havia falta de conspirações naRússia em 1959. Khrúshchov vinhade denunciar os crimes de Stálin trêsanos antes, mas só tomara o poderdefinitivamente em 1958, o que emtermos de política soviética significapelo menos mais meia década de acertos de contas eborscht sangrento. Difícil imaginar que vida levavamos estudantes da Politécnica de Ural nessecontexto, mas o fato é que em janeiro daquele anoum grupo de dez alunos do instituto, liderados porIgor Dyatlov, de 23 anos, partiu numa viagem deesqui pelos Montes Urais, com o objetivo de atingiro monte Otorten, supostamente muito bonito acinquenta graus negativos.Marcharam em seus esquis até a última cidadehabitada, onde um membro do grupo adoeceu e ficoupara trás. A partir daí, caminharam mais unsdias até a base do Kholat Syakhl (“Montanha damorte”, no duro) e foram cruzar a passagem. Bateuum tempo ruim, o grupo ficou desorientado e elesacabaram subindo a montanha sem perceber.Quando se deram conta, já estavam no topo, e resolveramacampar até que o tempo melhorasse. Elesdeveriam estar de volta em mais ou menos duas semanas,mas não apareceram. O acampamento só foiencontrado quase um mês depois, após a habitualomissão das lideranças locais, seguida de choro e escândalodos familiares, e o subseqüente envolvimentodo exército, helicópteros e polícia secreta.A barraca estava rasgada de dentro para fora, e osprimeiros dois corpos foram encontrados a cerca dedois quilômetros dali. Eles estavam descalços, sócom as roupas de baixo, ao lado do que parecia seruma fogueira malsucedida. Um dos esquiadores tinhatentado subir numa árvore. Perto dali, mais trêscorpos, também vestidos em trapos, como se tivessemtomado as roupas uns dos outros conforme congelavam.As autoridades concluíram que eles haviammorrido de hipotermia, inclusive o sujeito encontradocom uma bota só.Tudo indicava que tinham saído às pressas dabarraca, em direção ao frio abissal e à morte certa.Não havia sinais de brigas, pegadas de estranhos,nada que justificasse. Só foram encontrar os quatrocorpos restantes dois meses depois, enterrados naneve. Estavam mais bem vestidos, todavia o crâniode um dos esquiadores estava esmagado, os outrosdois tinham arrebentado a caixa torácica e a únicamulher do grupo perdera a língua. Tudo isso semque houvesse qualquer machucado ou sinal de batidasobre a pele. Um médico que examinou os corposna época disse que eles precisariam ter sidoatropelados para ficar daquele jeito. Nem um roxo.A autópsia teria encontrado radiação nas roupas.Os familiares disseram que os corpos estavam alaranjadosno velório. Testemunhas relataram tervisto estranhas luzes voando sobre a passagem damontanha. Uma fonte anônima afirmou que o governoestava testando mísseis na região e alguémsugeriu que eles haviam sido atacados por índios. Aárea foi fechada e o Incidente da Passagem de Dyatlov,como ficou conhecido, foi encoberto peloexército e enterrado nos arquivos de algum ministérioobscuro, o que por sua vez automaticamentevalida todas as teorias anteriores.Tivesse o governo falado algo como, olha, nóstambém estamos realmente confusos e vamos tentarentender o que aconteceu, mas ninguém estáprometendo nada aqui, e não estaríamos discutindoo incidente até hoje. Ainda assim, para cadaconspiração bem fundamentada, há sempre alguémbrandindo a Verdade, querendo provar queas coisas foram mais simples do que parecem, quenão houve nada de tão extraordinário na história eoutras manifestações de fraqueza de espírito. Nocaso do incidente, que os ferimentos podiam simter sido causados durante a correria no escuro, queo descoloramento do corpo e a ausência de línguaeram perfeitamente naturais e que não havia radiaçãosuficiente para causar dano e nem conspiraçãonenhuma.O que só serve para provar que a verdade é superestimada,cada um dá de comer para a ficção quebem entende e seguimos assim. Na internet, poroutro lado, o freqüentador de fóruns apocalípticosPipThePipster sugere que a freqüência do vento napassagem Dyatlov teria causado uma vibração internanos corpos dos esquiadores e destruído seusossos e os levado à loucura. Grande Pip.AndréContiétradutoreeditordaCompanhiadasLetras.TrabalhanosselosPenguin-CompanhiaeQuadrinhosnaCia.,entreoutrosprojetos.


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 11OLHA O PASSARINHOGrandes twittadasda semanaPérolas, achados e picaretagens.O melhor da filosofia em até 140 caracteresFOTO DIVULGAÇÃO“Se você acha que nunca tem sorte com bilhete da Mega-Sena, experimente comprar um bilheteda Webjet pra ver o que é azar. @fumantepassivo“O nome da atriz na propaganda do Activia: Patricia Travassos.Faz sentido. @AndreBernardes“Depois de não arrumar adversário em setembro, seleção enfrenta Irã e Ucrânia em outubro. Dá pra dizerque melhorou? @mauriciostycer“Daí vocês podem ver como a vida é injusta: comida que é coisa boa, engorda. Droga que é coisa ruim, emagrece. @imsowhore“Uns falsos esses eleitores que dizem querer ouvir propostas a essa altura.Eu quero ver é o navio pegar fogo pra comer peixe assado. @xicosa“A Playboy da Nicole para ter novidade tem que vir com ultrassom,por que, né? @HugoGloss, calma Hugo!FOTO WALLACE BARBOSA“Fiuk cortou o cabelo e vocêsaí querendo saber se vai ter segundoturno ou não. @alexnero“Espero que o Debate Globo seja mais animado que os anteriores. Chegade candidatos robotizados, queremos ver porrada! @cacarosset, calma Cacá!“Raiva. @lulusuperpop, calma, Lu!“A opinião pública, pouco importa o público, costuma ser a piordas opiniões. @radfahrerFOTO MARCOS PORTO/AGNEWS“Desabafe no twitter. Ninguém se importa. @caodadepressao, coberto de razão


12 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010ZOOMJ.R.DuranO espetáculo de umuniverso único a R$ 1,99J.R.DURAN /FILE INC.Se existe uma cidade que podese atrever a competir com o Riode Janeiro em beleza é Hong Kong.A diferença é que a beleza delanão é natural, mas construídapelos delírios do homemA uma certa altura dos anos 90 (foi no final doséculo passado, quem diria) apareceu no comércioa figura das lojas de R$ 1,99. Por um preçoaparentemente irrisório podia-se comprar coisasque eram, elas sim, totalmente irrisórias. Contêinerese mais contêineres de bugigangas plastificadasse esparramavam por prateleiras intermináveis.O prazer de se levar para casa algumobjeto que aparentemente era consideravelmentemais caro do que se imaginava estar pagandoparecia ser irresistível para muita gente. Com otempo, o encanto desapareceu. E, com o tempotambém, poucas coisas podem ser pagas hoje emdia com uma nota de um dólar.Uma delas, porém, me parece a mais surpreendentede todas. É o passeio de barco mascompleto que pode ser feito em uma cidade. Trata-sedo transporte que a Star Ferry Companyoferece a quem quiser cruzar a Victoria Harbour,em Hong Kong. O trajeto entre a ilha e Kowlon(1), o bairro no continente, se repete há mais decem anos a bordo dos barcos de desenho único etradicional. A bordo dos ferry, com o casco pintadode verde, o segundo andar de branco, sentadonos bancos de madeira espalhados pelo deck,o passageiro é transportado a um universo único.A chuva de monção, o sol do verão, a água da bahia,os cheiros, as conversas que misturam mandarim,cantonês e inglês, o vento na cara, tudoisso e muito mais está à disposição noite e dia.Se existe uma cidade que pode se atrever acompetir com o Rio de Janeiro em beleza é HongKong. A diferença é que a beleza dela não é natural,mas construída pelos delírios do homem. Algunsdos prédios mais altos e ousados do planetaestão em volta da baía. De um lado, em Kowlon, oInternational Comerce Center exibe 118 andaresque se empilham — em 484 metros — como o dedode um Lego gigantesco apontando para o céu (2).Do outro lado, na ilha, o Two International FinancialCenter tem 88 andares e 415 metros de altura(3). A luz refletida nos quilômetros de vidro espalhadosem volta da baía, a cor de jade das águasmovimentadas por todo o tipo de barcos, o cheirodos motores a diesel, a maresia, a energia de umadas cidades mais vibrantes do planeta, tudo à disposiçãopor menos de um dólar.(1) O Star Ferry começou a funcionar em 1898 entre a ilha de Hong Konge Kowlon no continente. Da primeira vez não resisti, fiz o trajeto quatrovezes. Foram duas ida e volta.(2) A partir de dezembro desta ano um Ritz–Carlton Hotel vai estar instaladonos últimos 15 andares do prédio. A piscina será na cobertura epromete dar sensação de se nadar entre as nuvens.(3) No filme The Dark Night, o mais recente da série de Batman nocinema, o cavaleiro das trevas desce pendurado em uma corda doúltimo andar do prédio até o One International Center, um poucomais baixo.J.R.Duran é fotógrafo, autor, entreoutros, de Cadernos Etíopes (Cosac Naify).No Twitter: @jotaerreduran.


EleitosÉ para sempre|Para quem quercasar, ou só darcharme na casa,cadeira da novalinha Timbó, deCarlos Motta.A propostaé simples: móvelbásico feitopara durar.O resultadoé lindo.Na Butzke, preçosob consulta.


14 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010ELEITOSFOTO REVISTA KOSMOS99%loserEdição luxuosa reúne osinstantes mais miseráveisda vida de Lima Barreto.Ironia ou vingança?TEXTO RONALDO BRESSANEMetia o pau em qualquergoverno ou autoridade,detestava futebol e nãoconseguia pegar mulher.Nasceu “sem dinheiro,mulato e livre”. Mãe morta,pai louco, emprego medíocre, opiniõesfortes demais. Escrevia muito, mas ninguémlia. Não trocava de camisa por meses.Não trocava nada por uma birita — ebebeu até cair. Afonso Henriques de LimaBarreto tinha um fogo dentro que só apagavacom água que passarinho não bebe. Alonga agonia do pai de Policarpo Quaresmafoi descrita em suas últimas narrativas,Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos.Ambos os livros (já reunidos pela Planetaem 2005) ganham agora publicaçãocujo elegante projeto gráfico chega ao requintede usar duas diferentes qualidadesde papel no miolo. Crivada de fotos e notas,prefaciada por Alfredo Bosi, com organizaçãodeste e de Murilo Marcondes deMoura, a edição luxuosa tem um quê deironia (Cosac Naify). O transplante de, digamos,“classe social” já havia acontecidocom o maior seguidor do carioca LimaBarreto, o paulistano João Antônio, quetambém teve suas obras completas publicadascom esmero pela mesma editora.Não que se deva condenar os autores,ambos grandes, a publicações toscas —mas é sempre curioso observar este fenômenoque fetichiza a penúria financeira ea obscuridade do artista em vida paracontemplá-lo na morte com um ricomausoléu. A edição colige ainda crônicasde Machado de Assis, Raul Pompéia, OlavoBilac e do próprio Barreto sobre o temada alienação mental.Enfim: “A literatura ou me mata ou medá o que peço dela”, lamenta-se LimaBarreto no início de suas notas do Diário,ao descrever a triste cena em que é forçadoa tomar banho nu à frente de todos. Detidono Hospício Nacional de Alienados apósser flagrado em surto alcoólico delirante, o“intelectual relativiza seu vexame comparando-ocom afrontas suportadas porseu ídolos”, no dizer do professor Bosi: relatandoseus perrengues somente 15diasapós a entrada no manicômio, Barreto encontranos mestres Dostoiévski e Cervantes,que também passaram pelo suplício daprisão, conforto para a desgraça e motiva-Escrito na primeirapessoa, sob amáscara de VicenteMascarenhas,um alcoólatracom altas aspiraçõesliterárias,o Cemitérioexibe sequênciasantológicasção para a escrita. O texto desenvolve-sedurante a internação de Barreto, entre dezembrode 1919 e fevereiro de 1920 — em79 tiras de papel manchado escritas em lápise caneta. Desde sempre o texto cristalinoilumina a crença de Barreto de quenão está louco: encontra-se ali por contado alcoolismo, da depressão e das tristescondições financeiras e familiares — órfãoaos sete anos, desde os vinte é obrigado alidar com os transtornos mentais do pai.Se as primeiras 60 páginas do Diário sãoum blog extraordinariamente lúcido e detalhado— Lima Barreto tem uma das escritasmais diretas e objetivas da literaturabrasileira —, as seguintes 23 são tweets esparsose descarnados, ideias soltas, anedotas,descrições e achados que o autor iráaprofundar no romance inacabado O Cemitériodos Vivos.O choque entreas duas narrativasproduz um caso insólito.No primeirolivro, Lima Barretoentrega uma confissãosincera e comoventea respeitode sua passagempelo hospício; já nosegundo o escritoraprofunda ficcionalmentea experiência— o que,longe de fantasiar ovivido, retira-lhe aautocomplacênciae torna a narrativaainda mais poderosa.Escrito naprimeira pessoa,sob a máscara deVicente Mascarenhas,um alcoólatracom altas aspiraçõesliterárias, oCemitério exibesequências antológicas,como a cenaem que descreve oengaiolamentopúblico de um doidode rua: “É indescritívelo que sesofre ali, assentadonaquela espécie de solitária, pouco maislarga que um homem, cercado de ferro portodos os lados, com uma vigia gradeada(...). A carriola, pesadona, arfa que nemuma nau antiga, no calçamento; sobe,desce, tomba pra aqui, toma para ali; o pobre-diabolá dentro, tudo liso, não temonde se agarrar e bate com o corpo em todosos sentidos, de encontro às paredes deferro (...)”. O que seria o 17º livro de Barretoficou inacabado. O autor morreu de infartoaos 41, em 1922 — mesmo ano da SemanaModernista, movimento que tomousua prosa febril como inspiração. Nestas100 páginas, raras vezes um escritor desceuaos infernos de sua autoconsciênciacom tamanha sede de viver. Ter seu testemunhocomo farrapo humano editado tãofinamente não deixa de dar ao leitor umsutil sabor da vingança de Lima Barreto.FOTO ACERVO DO IPHANEle foi forçado a tomar banho nu na frente de todos no Hospício de Alienados


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 15Extraordinário,pop e prosaicoNovos em folhaCom KarmaPop, o fotorrepórter gonzo ArthurVeríssimo desmascara a loucura sagrada da ÍndiaFOTO ARTHUR VERÍSSIMOREALISMO FANTÁSTICO“O leitor tem nas mãos algunsdos melhores contos de JulioCortázar, ou seja, algunsdos melhores contos daliteratura hispano-americanado século 20”, escreve DaviArrigucci Jr. na orelha deAs Armas Secretas (Civilização<strong>Brasil</strong>eira). Já estecortazariano resenhistaconsidera o livro do argentinouma coletânea de algumasdas melhores narrativas já escritas em qualquerépoca, em qualquer língua. Duas em especialsão brilhantes. Em “As babas do diabo”, umtradutor sai por aí com sua câmera para fotografarum dia bonito — e acaba, sem querer, registrandoum assassinato. O conto inspirou o clássico Blow--Up, de Antonioni. Outro filme, Bird, de ClintEastwood, está contaminado pela longa narrativa“O perseguidor”, em que o autor, invulgar amantede jazz, conta a vida do saxofonista Charlie Parker,um dos criadores do bebop, pela perspectivade um crítico musical que ao mesmo tempo oadmira e o inveja.Cena do mais escalafobético dos eventos hindus, o festival Kumbha MelaArthur tem um sobrenome adequado— Veríssimo já sugere alinguagem superlativa. Não é àtoa que seu grande interesse é amais paradoxal e hiperbólica dasnações, a Índia, país visitado 17vezes por este globetrotter de 49 anos. O foco éo mais escalafobético dos eventos hindus: oKumbha Mela, festival realizado a cada 12 anosem uma das quatro cidades sagradas indianas(existe algo que não seja sagrado lá?) que reúnemultidões de até, pasme, 80 milhões de pessoas.Veríssimo, cuja atuação gonzo o faz entrarde cabeçaFOTO DIVULGAÇÃOna experiênciajornalística,mostra emKarmaPop(Master Books)um lado surpreendentementepreciso.Embora sejaconhecido pe-Veríssimo abraçando a notíciaA maioria das imagens são retratosde saddhus — os homens santosque curtem uma pobreza extrema,inflingindo-se suplícios tipo vivercom o braço pra cima por 20 anoslas atuaçõesensandecidasem frente àscâmeras ou portrás de um textoatulhado deexpressões estrambóticaseestapafúrdias,tudo na primeirapessoa, nas imagens de KarmaPop estecarioca-paulistano desaparece. A maioriadas imagens são retratos de saddhus — os homenssantos que curtem uma pobreza extrema,inflingindo-se suplícios tipo viver com obraço pra cima por 20 anos, aturar uma facaenterrada no punho, enrolar o pênis numa espada,untar o corpo todo com cinzas ou usartanguinhas ridículas. Apesar de todo o inusitado,os personagens são enquadrados comsobriedade e respeito (a maioria das imagenspresentes em reportagens da revista Trip).Valendo-se de sua proverbial cara-de-pau,Veríssimo extrai desse estranho zoo humanoum inventário de celebridades do bizarro;curioso nestas aparições é sua humanidade,quando o repórter desmascara, por trás dosagrado, sua condição humorística. ComoVeríssimo olha para este mundo com óculosinfantis, torna o extraordinário tão pop e prosaicoquanto uma lata de Coca-Cola. Seriaconfortável se contaminar pela magia dossantos indianos. Nestes retratos cômicos, porém,Veríssimo demonstra sua infame vaidade— operação que torna ainda mais extravagenteuma viagem pela Índia. R.B.REALISMO JORNALÍSTICOO também argentino RodolfoWalsh é mais conhecido porum clássico do new journalism— antes mesmo de existireste termo: Operação Massacre(Cia das Letras), que recuperaum episódio obscuro ocorridosob a ditadura de 1955.Mas é em Essa Mulher (Ed. 34)que Walsh, barbaramenteassassinado pela ditadurade 1977, exibe seu grandetalento literário. São narrativas objetivas eimpactantes, cujo conflito reside sempre entre opolítico e o ético — como o conto-título, umapequena peça dramática cujo personagem principalé um esqueleto no armário militar. Completao volume um exaltado depoimento de Walsha Ricardo Piglia.REALISMO MITOLÓGICOPara fechar, mais um argentino,outro clássico, agora em novaedição: História da Eternidade,de Jorge Luis Borges (Cia dasLetras) é o livro em que o autorabandona os bandidosestereotipados de HistóriaUniversal da Infâmia paraabraçar — nestes textos queaproximam ensaio de ficção,propondo uma nova maneirade narrar —, o tempo daeternidade, recontando fábulas das Mil e UmaNoites, as metáforas islandesas e os jogos eruditosque propõem as infinitas bibliotecas como únicarealidade possível.


16 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010ELEITOSCinema em casaMerecia um OscarRodado no Pará, o premiado O Solde Meio Dia é uma ode ao silêncio,ao mistério e à complexidade da atuaçãoTEXTO DANIELA PAIVAFORA DE CONTROLERobert Altman sabia desfilar suas celebridades emsátiras do mundo dos chiques e famosos. Este filme de2008 de Barry Levinson (Rain Man) relembra os bonstempos do diretor de Short Cuts. O elenco estelaré encabeçado por Robert De Niro. Tá, isso não querdizer muita coisa para quem cansou da versão alegrinhado ator nos últimos anos. Mas, nesse caso, a não--expectativa vem a favor. De Niro está ótimo comoum produtor decadente. Fora de Controle não mostranovidades dos bastidores de Hollywood. Mas é divertidover Bruce Willis dando ataques, De Niro pagando degatão, e Sean Penn bancando o esquisitão. Ups, é filme? D.P.DROP DEAD DIVAA gente não tem essa auto-estima toda, e nem tudose resolve no final. Mas é uma delícia ver a buscados enlatados por personagens mais verdadeiros,como a nerd Betty de Ugly Betty (extinta), a nãotão bonita Meredith Grey de Grey’s Anatomy, ouesta Jane de Drop Dead Diva, exibida pela Sony.A primeira temporada fala sobre a adaptação daalminha loura e burra Deb, encarcerada na inteligentee nada esquálida Jane. Piada pronta não falta. Masquem brilha mesmo é a atriz Brooke Elliott, linda esensual com seus quilinhos extras. D.P.ROBIN HOODÉ um filmão daqueles... que você tem certeza que jáviu, que sabe o que acontece e que vai ter muitosangue, porrada e flechada. Tem também a mocinhabonitona (Cate Blanchett) e o grande aventureiro eherói (Russell Crowe), que nesse caso atende porRobin Longstride. Ele já foi o Gladiador e vocêfatalmente vai se lembrar desse papel e quaseconfundir os filmes, caso os tenha visto nos últimosanos. Pudera, são obras do mesmo diretor, RidleyScott. LUIZ HENRIQUE LIGABUEOespectador está mais do que acostumadoà rotina de filmes que escondemum grande segredo. A revelaçãofica lá para o finalzinho, como sefosse um prêmio para quem segura aexpectativa até os últimos minutosda sessão. Em alguns casos (diria até que na maioriadeles), o resultado é meio conto do vigário. Emoutros, pode não fazer tanta diferença assim.O Sol de Meio Dia, de Eliane Caffé, que estreiahoje nos cinemas do <strong>Brasil</strong>, traz o mistério do assassinatocometido por Artur (Luiz Carlos Vasconcelos,de Baile Perfumado, Eu Tu Eles, Carandiru eAbril Despedaçado). E lá vem aquela história antiga:você só vai saber o que aconteceu no the end.Mas é provável que a revelação se transforme emalgo secundário. O Sol de Meio Dia deixa a visãomeio turva ao caminhar entre o drama, a comédiae o romance.Rodado no Pará, este é o terceiro longa de ElianeCaffé, diretora de Kenoma (1998) e Narradores deJavé (2003). A fotografia coube a Pedro Farkas, filhode Thomaz Farkas, que fez filmes como A MarvadaCarne e Os Desafinados, e que traduz umacerta aridez ao lado do calor da Amazônia.A chegada às telas carrega o aval dos principaisfestivais de cinema do país. Em 2009, conquistouprêmios importantes no Festival do Rio(melhor ator, dividido pela dupla de protagonistas,Luiz Carlos Vasconcelos e Chico Diaz) e naMostra Internacional de Cinema em São Paulo(prêmio da crítica).Mais próximo de um drama do que de uma comédiaromântica na maior parte do filme, até porqueo triângulo amoroso só se configura de verdadelá pela metade do percurso, o roteiro tece aospoucos a trajetória de cada personagem. Sexo esexualidade estão nas entrelinhas, junto com abusca pela redenção e a fuga.Artur é o homem que transpira masculinidademas não sabe bem o que fazer dela por conta dopassado obscuro. Matuim (Chico Diaz, brilhante,FOTOS OCTAVIO CARDOSOChico Diaz (Matuim) ao lado de Claudia Assunção (Ciara): brilhante como um bonachãode Baile Perfumado, GabrielaCravo e Canela, OsMatadores e Amarelo Manga)se esforça para escondera insegurança até o últimofio de cabelo com um jeitobonachão, de bobo da corte.Ciara (Claudia Assunção)forma o terceiro vérticecomo uma mulher recatadaque se redescobrequando se distancia da decepçãocom a filha prostitutae do pai controlador, vividopor Ary Fontoura.A premiação em dupla deChico Diaz e Luiz CarlosVasconcelos no Festival doRio faz mais do que sentido.Este é um filme que nãoabre espaço para personagensapenas de passagempela história. Sem músicana trilha, e com longas cenas de silêncio (a aberturaé um primor), o peso e a lente da câmera estãonos atores principais.Não há espaço para personagensde passagem. Sem trilha sonora,e com longas cenas de silêncio, o pesoe a lente estão nos atores principaisChico Diaz e Luiz Carlos Vasconcelos abraçamos papéis com tamanha intensidade que se revezamem cenas, essas sim, dignas de Oscar. A brutalidadede Artur transparece no olhar apesardos gestos lentos, contidos como se a qualquerminuto ele pudesse explodir. A tristeza de Matuimé como a de um palhaço de circo, maquiadapelo exagero.O interessante do roteiro é que ele não precisarecorrer à trajetória ipsis litteris. Deixa as pontassoltas, e amarra só as que são necessárias. Acabaque o triângulo amoroso vira pano de fundo, masrende um final nada piegas e surpreendente detão brusco — um bônus para este belo filme.Luiz Carlos Vasconcelos mostra a brutalidade com o olhar


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 17FOTOS DIVULGAÇÃOJá vimosesse filmeA escritora Liz (Julia)vai à Itália, Índia e Balipor um ano, em buscado sentido da vidaJulia Roberts está lindinha em Comer, Rezar, Amar, mas suasdescobertas parecem o que a gente lê em folhetos de viagemTEXTO CRISTINA RAMALHOA mesma mocinha, a mesma bike, a mesma trombadaVocê já viu esse filme: mulherem crise, perdida entre aprocura do amor e o sentidoda vida, foge para outraspaisagens. Sofre, descobre ovalor dos amigos, a importânciadas pequenas descobertas, e quandoestá se sentindo quase a cair do galho detão amadurecida é capaz de reconhecer opríncipe. Foi assim com Diane Lane emSob o Sol da Toscana. É assim com JuliaRoberts em Comer, Rezar, Amar.Homens também renderam versão daabertura para uma existência mais descomplicadae risonha num lugar de sonho,como Russell Crowe em Um Bom Ano.Enfim, as histórias se parecem: Crowe encontrouo amor atropelando com seu carroa ciclista Marion Cotillard. Julia Roberts éa ciclista da vez em cena idêntica em Comer,Rezar, Amar, e o amor que a atropelade carro é Javier Bardem. Faz um brasileiro,Felipe, com um deslocado sotaque espanhole irresistível como sempre.Como Liz (Julia) dizno início do filme,até os refugiadosdo Camboja chorammais pelo namoroque não deu certodo que por doresmaiores. Tantoque ela medita,reza, mas largatudo para corrersorridente paraos braços do Javiergato e ricoSe o filme é bom? Como os seus similares,é leve de ver, tem cenários lindos eprotagonistas charmosos até nas lágrimas.Mas embora essa história seja real(Julia faz Liz Gilbert, escritora que narrousua viagem de um ano e virou bestseller), ebaseada num livro que quem leu adorou, asensação é de igual a todos os outros. Aomenos na tela (confesso minha falha grave:não li o livro ainda, mas quero fazê-lo),as descobertas não passam do que a gentevê em folhetos de viagem. Italianos sãoapaixonados pela vida (Liz aprende o que édolce far niente!), americanos são ambiciosos,meditar é coisa de indiano e brasileirosgostam de festa.Na verdade, eu mesma já vi esse filme, sófaltando o detalhedo Javier bronzeadono final, na minhaprópria trajetória.Sou da geraçãoda Julia, deixeipara trás o casamentopara descobriresse mundãode Deus, fuivoluntária numcentro de refugiadosem Londres,pedi uma luzinhanos templos budistasda Tailândia,me apaixoneipor uns estrangeiros,tentei convencerminha filhaa viver comigona Europa e escorreguei numas cascas debanana no caminho. E, como a Liz, acalantei(ainda o faço, ai, ai) a ideia de já jápegar minha bolsa e sair correndo paraoutras fronteiras. Mas devo dizer quetambém redescobri o amor.Taí a graça, que, imagino, o livro contecom mais inteligência: todo mundo sereconhece, docemente, em várias dasdúvidas. Como Liz (Julia) diz no início,até os refugiados do Camboja chorammais pelo namoro que não deu certo doque por dores maiores. Tanto que elamedita, reza, conecta-se com seu Deusinterior, mas larga tudo para correr sorridentepara os braços do Javier gatoe rico. E daria para ser diferente?Javier Bardem como o brasileiro Felipe: a prova de que a fé pode titubear


18 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010ELEITOSFOTOS MARIANA GALENDERO reflexo de uma árvoreseca numa poça d’água:é a série SósVira o disco, D2A homenagem é bonita, maso didatismo do samba com o rapque virou pop já deuA fotografia comocápsula do tempoSéries fotográficas criam arquitetura sem pessoas, comimagens que iludem e ampliam percepção da realidadeTEXTO LUCIANO MARTINS COSTANo cenário difuso da arte contemporânea,com a profusão de materiais,tempos e espaços, técnicas,suportes e intenções, os caçadoresde possibilidades andamatônitos. Como o artista pode seservir de praticamente tudo que há, a arte hámuito vazou das paredes de museus, galerias ecoleções privadas. E anda por aí. Por exempo,nas séries fotográficas de Mariana Galender, querecentemente chamaram a atenção do artistaplástico Daniel Senise.Dois anos atrás, quando estudava em NovaYork, ela costumava trafegar diariamente de metrôentreaescoladoInternationalCenterforPhotography(ICP), na Avenida das Américas, pertoda 43, e o bairro de Queens, onde vivia. No trechoemviaelevada,Marianasacavasuacâmaradigitale fotografava tetos, becos, fachadas. Daí surgiramas séries que ela intitulou Respiradores e Queens,e que a colocaram nos catálogos.De volta ao <strong>Brasil</strong>, Mariana segue produzindoconjuntos que compõem “territórios” próprios,criando uma arquitetura sem pessoas, ou na qualas pessoas estão retratadas indiretamente – numatela de TV, num outdoor —, ou miniaturizadas aoextremo de se confundirem com os objetos de cenárioscongelados num momento impreciso. Suas“caixas” temáticas são como cápsulas de tempo.“Os assuntos que me interessam no dia a diasempre têm alguma coisa de tempo”, observa,lembrando que, quando criança, costumava escrevercartas para si mesma no futuro, cartas deuma Mariana menina para outra adolescente, eda adolescente para a jovem Mariana. Muito antesde se interessar profissionalmente pela fotografia,também retratou a si mesma em idadesvariadas, usando a imagem anterior como fundoMariana fotografa os bastidores da realidadeNos “territórios” criados pela artistaplástica, objetos e lugares parecemdispensar a presença do humanopara outro autorretrato, e assim por diante,compondo uma galeria de espelhos que registraseu próprio crescimento.O trabalho de Mariana Galender é consideradodocumental e interpretativo. “O essencial éter uma poética”, diz a artista de 28 anos. Umdesses exemplares, na série Sós, reproduz o reflexode uma árvore seca numa poça d’água. Nabeira da poça há alguns gravetos que parecemextensões dos galhos refletidos. Imagem única,que dialoga com outras cenas solitárias. Na sérieParônimos, ela fotografa objetos e construçõesque não parecem o que são. Em Reversus, flagracenas comuns do cotidiano, mas vistas do ladoque fica oculto ao olhar do público, formandobastidores da realidade. Algumas de suas obraspodem ser vistas na Silvia Cintra Galeria, na Gávea,Rio, na Galeria Penteado, de Campinas, e noMuseu de Arte de Ribeirão Preto.Aí, “fessô”. Não queria falarnão. Mas essa aula vocêjá deu. Tô sabendo queo Bezerra era parceiro,brother desde os anos 90,quando almoçavam juntosna casa dele. Queria fazerque nem ele na música.Escrever sobre a rua, amalandragem, com umapoesia meio rodrigueana.Eu sei que o <strong>Brasil</strong> tem memória curtinha, e o legadode Bezerra da Silva, que morreu há cinco anos, faz parteda nossa raiz, da nossa história. Merece umahomenagem de respeito. Tudo certo. Mas D2, será quenão tá na hora de largar o tamborim?A galera não vai deixar o samba morrer, cara. Até porquetem uma turma embalada pelo bonitão Diogo Nogueiraque espantou a má fama disseminada pelo sucessodo pagode fuleiro. Agora cair no samba é coisa de gentefina. E tem uma rapaziada que aparece nas rodasque é meio estranha. Usa uns óculos grossos, roupamoderninha, paga de inteligente. Mas é tudo sangue bom.D2, vamos falar sério? Papo reto? O tal do samba como rap já deu no que tinha de dar. Você já fez barulho,baticum, tá tá tá. Desde que você saiu do Planet Hempem 2001 e mudou de assunto, de tom, de roupa e cortede cabelo, ficou beeem mais fácil tocar em rádio, serconvocado para uma palinha no Faustão e esbanjar tantaboa pinta que quase dá para sentir o cheiro do parfumpela TV. E pensar que essa mistura de rap com sambapipocou de leve logo no primeiro solo, Eu Tiro É Onda(1998), ainda na fase Planet Hemp. Mas virou negóciosério, fórmula encontrada e aprimorada em A Procurada Batida Perfeita (2003). Uma sonoridade que pareciaquerer botar todo mundo na mesma roda: os playboyse as patricinhas style junto com a rapaziada. Parecia,né não? Meu Samba É Assim (2006) continuou a ensinarque o velho samba é cool nas parcerias com Alcione,Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho. Depois, A Arte do Barulhotrouxe as raízes do rock de volta. Só pra variar.“Fessô”, na real? Este novo disco lançado pela EMIé bonito, você solta o gogó como se a nova e a velhamalandragem fossem as mesmas, e a fidelidade aosarranjos é homenagem digna. É quase um diploma decompetência em matéria de samba de verdade. Mas estána hora de partir para arranjar outras turmas, estudaroutros temas. Já tá ficando meio chato. DANIELA PAIVAA velha e a nova malandragem: Bezerra (à esq.) e D2FOTO MÁRCIO MERCANTE


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 19FOTO FILIPE REDONDO/FOLHAPRESSPor quevou cantarCazuzaTEXTO ANTÓNIO LOBO ANTUNES / FOTOS TERRY RICHARDSONPaulo Ricardohomenageia e provocao legado do amigo,em um show únicoe orquestrado‘Curador e iconoclasta’, o ex-RPM apresentará releituras da obra de Cazuza acompanhado da Orquestra Filarmônica <strong>Brasil</strong>eiraFOTO FERNANDO ARELLANO/AEEm alguma esquina do tempo, no início dos anos 801982. Ou seria o verão de 81/82? Naporta da Papagaio’s, na Lagoa, minhaamiga Iara Neiva, ex-RenatoKherlakian (Zoomp), mãe de Fabianae Renata, me apresentava auma figura carimbada daquelespsicodélicos verões alucinantes onde tudoacontecia. “Paul”, ela disse, “meu amigoCazuza”, e ele, subitamente, sem rede oudublê, me olhou nos olhos e desabou nochão de cascalhos. Realmente, uma entradamarcante. Prazer...Naquela época, eu e o jornalista EzequielNeves, que faleceu inacreditavelmenteexatos 20 anos após a morte de Cazuza,em 7/7/10, dividíamos duas páginasna revista Som Três, e com os dois vivi momentosinesquecíveis. O Barão Vermelhose preparava para lançar seu primeiro álbum,a Blitz estava estourada com Vocênão Soube me Amar, e o <strong>Brasil</strong> parecia renascerdas cinzas da ditadura. Como dizianosso mestre, o velho Zeca, tudo aconteciaa mil apocalipses por segundo. Rei da hibérbole,ele me apresentou àquela promisorabanda de rock brasileiro, que, tudoindicava, parecia estar chegando pra ficar.Somos grandes amigos até hoje.Sim, Cazuza era o mais louco de todos.Não dá pra imaginar. Mas ao mesmo tempo,um doce, um cara muito sensível e inteligente,na minha opinião,a melhor sínteseda Bossa Nova, MPB e Rock’n’Roll.Talvez por isso, este show que faremos,eu, minha banda, e a Orquestra Filarmônica<strong>Brasil</strong>eira (sob regência do MaestroLeón Halegua), tenha tanta importância.Sua obra continua atual, ousada, relevante,abusada, um grande artista em seu augenuma luta homérica contra a mãe de todasas guerras, aquela doença que, como adescreveu Prince, era um big disease witha little name. A rebel with a cause. We canbe heroes, just for one day! Cazuza, comoChe e outros poucos, extrapolou seu tempoe espaço, e, além de suas letras fantásticas,sua personalidade suscita fantasias e mitologiascontemporâneas capazes de atingircada cabeça pensante, independentede idade, gênero, número e grau.Muita responsabilidade, curador eiconoclasta, esta minha de reler a obrade meu velho amigo com a pompa e circunstânciade uma sinfônica. Very exciting.Mas Cazuza merece, e os novosarranjos, garanto, respeitam, oumelhor, em muitos casos, superamos originais. São apenas 700 lugaresno teatro Arthur Rubinstein, na Hebraicade São Paulo, mas tenho certezaque este espetáculo está destinadoàs grandes massas, aos parques epraias, aos espaços libertários aonde aluta de Agenor Miranda de Araújo Júnior,o Cazuza, chegou.Este ano, vocês devem ter percebido,pelo grau de caretice e redundância queimpera na cena musical, contabilizamos20 anos sem Cazuza. Não importa. Verdadeiroavatar, sua obra e sua persona permanecemverdadeiros ícones para estasgerações que, inundadas por informação,continuam sedentas por algo ou alguémque as ajudem a separar o joio do trigo.É uma questão de honra transformareste espetáculo em CD e DVD, para poderlevar todo este trabalho que estamos tendo,diga-se de passagem, super prazeroso,para todos que não possam ir até aHebraica neste sábado, véspera das eleiçõespresidenciais. Para você, queridoleitor, talvez não fosse de bom tom citarum trecho de uma letra de Cazuza queestou me lembrando agora, mas, whatthe hell, talvez ele me puxe o pé se eu nãoo fizer: a burguesia fede/ a burguesiaquer ficar rica/ enquanto houver burguesia/não vai haver poesia!Te espero no sábado, saravá!Sim, ele era o maislouco de todos.Mas ao mesmotempo umdoce, sensívele inteligente. Comopoucos, extrapolouseu tempo e espaçoPAULO RICARDOCANTA CAZUZAESTE SÁBADO NO CLUBEA HEBRAICAWWW.HEBRAICA.ORG.BRFOTO NEM DE TAL/AE


20 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010ELEITOSFOTOS DIVULGAÇÃONo deck descortina-sea paisagem milenarUm drinque diante da históriaO Mamilla Hotel, em Jerusalém,transborda luxo e tem vista espetacularpara a Torre de David, o Muro dasLamentações, a nossa civilizaçãoO spa holístico, uma alegria para os sentidosÉum daqueles cenários que figuramno rol “lugares para seconhecer antes de morrer”. Enas listinhas de estilo de revistascomo Wallpaper eCondé Nast Traveler. O hotelMamilla, bem no meio entre a velha e anova Jerusalém, tem vista abracadabrantepara monumentos da nossa civilização,como a Torre de David ou o Muro das Lamentações.Lá dentro, porém, não há o quelamentar: é hotel na categoria inesquecível,embalado que está em séculos de história,luxo minimalista e um toque deaconchego com sofás que abraçam a gentee, para o clima superexclusivo, um punha-Construção feitacom pedras típicasda região e assinadapor dois nomõesda arquitetura:o judeu canadenseMoshe Safdiee o italiano PieroMissoni, que cuidouda decoração.Até a sinagoga,aqui, tem charmeNo lobby, a combinação de pedras locais com móveis de design: chique e aconchegantedo de obras de arte da coleção pessoal doproprietário. Coisa fina em cada detalhe dasua construção, feita com pedras típicas daregião e assinada por dois nomões da arquitetura:o judeu canadense Moshe Safdie e oitaliano Piero Missoni, que cuidou da decoração.Móveis de Kartell, Cassina, HermanMiller. Uma parede de cristal líquido separabanheiro e quarto.Até a sinagoga aqui (sim,há uma) transborda charme.O resultado? Um hotel boutique de 194quartos com todos os mimos clássicos, delençóis egípcios à adega com 300 vinhos(tem vinho kosher) e a culinária impecável.Na cobertura, um restaurante para celebrara alegria dos sentidos, nos ingredientesfrescos e na visão da Velha Cidade.Agora acabam de inaugurar o spa holísticocom quatro áreas inspiradas nos elementosar, água, fogo, terra. Um lugar feitopara ser adjetivo para o corpo e o espírito.O hotel foi fundado pelo milionário AlfredAkirov, da empresa Alrov, e que acaboufazendo do pedaço uma extensãomoderna da região, batizada de AlrovMamilla, com prédios comerciais e residenciais.No passado, o bairro Mamillaabrigou um reservatório de água criadopelo rei Herodes, e um famoso cemitérioque data do tempo das Cruzadas. No século19, ali foi um importante centro comercial,unindo a velha eanovacidade. Portudo isso, o local acabou escolhido parasediar não apenas o hotel de luxo, masAcima, o quarto: uma parede de cristal líquido o separado banheiro. Mais acima, o Mirror Bar, que tem DJ.inaugurar um conceito, o de ponte entrenovo e antigo. A família Akirov estácriando uma rede de hotéis de luxo emprédios de importância histórica. Inaugura,em breve, um hotel de 130 quartosno Conservatório de Amsterdã. No anoque vem, abrirá o Café Royal Hotel emLondres, 160 quartos na mesma categoria.E daqui a pouco vem Paris, onde elesreformam agora um antigo palácio.A própria história da família é curiosa:eles eram proprietários de um hotel emIsrael, deram para o grupo Hilton administrar.Não gostaram do resultado, pagaramuma multa astronômica para ter ohotel de volta. Abriram o Mamilla e setransformaram num grupo hoteleiro dealto luxo. Estão indo bem, pelo visto.CRISTINA RAMALHOMAMILLA HOTELWWW.MAMILLAHOTEL.COM


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 21Vida corrida,cafofode respeitoFOTOS CARLOS PIRATININGAExecutivos solteiros queremapartamentos maiores, mas ondetudo esteja em um só cômodo:o escritório vai para a sala, a cozinhase abre e da banheira se vê o quartoTEXTO NATÁLIA MAZZONINo projeto de Débora,escritório na salaO banheiro é um dos pontos fortesnesses projetos: chuveiros ficam à vista,ou separados por paredes de vidro.Ter um canto bonito e modernoconta pontos na hora de impressionarexigência: queria interagir com todos os ambientes.Paredes quebradas e o escritório foi para asala, que separa os ambientes. A cozinha ficou escondidano armário ao fundo da sala de jantar. Espelhosno quarto dão a sensação de um espaçomaior, e o mármore do piso colocado nas paredesdeu um charme a mais. Para completar, jogo deluzes indiretas.O proprietário da imobiliária Axpe, José EduardoCazarin Silva, conta que executivos, em suamaioria, estão procurando apartamentos de, emmédia, 120 metros quadrados, que tenham umdormitório. A lavanderia muitas vezes é deixadade lado. Muitos preferem reformá-la e usar o espaçopara ampliar outros ambientes. “A maioriaprefere imóveis em prédios novos, que já vêm comlavanderia coletiva.”Os eletrodomésticos acompanham a onda, claro.A Electrolux, por exemplo, de olho nesse público,criou o aspirador de pó ErgoRapido super compactoe fácil de usar, e ainda o Cooktop Portátil,um fogãozinho moderno, com design clean quepode perambular de um canto para o outro. Enfim,os homens estão cada vez mais modernos. Comodiz Cazarin Silva: “Alguns apartamentos estão tãobonitos que a mulher mal entra e já se rende naporta”. Bom, isso é com vocês, rapazes.DÉBORA AGUIARWWW.DEBORAAGUIAR.COM.BRCozinha e lavanderia cabem no armário. Bagunçou, é só esconderSabe aquela ideia do sujeito solteiro,executivo, que procura um espaço pequenoe sem nada para morar? Já era.Homens estão de mudança para espaçoscada vez maiores. Apartamentosde um quarto, sim, mas apertados jamais.A chave do negócio: espaços integrados.“Esse perfil de homem pede um lugar onde todosos cômodos da casa sejam acessíveis de um para ooutro”, diz a arquiteta Débora Aguiar. É a tal plantaadaptada: a cozinha americana no meio da salade jantar, o escritório junto com a sala de estar, obanheiro com vista para o quarto.“O banheiro é um ponto forte nesses projetos.Geralmente os vasos sanitários e pia ficam reservados,enquanto a banheira ou o chuveiro possuemuma parede de vidro no quarto ou são abertos”,explica Débora.Na vida real, a praticidade funciona para o dia adia. Cozinha e lavanderia em formato de armáriona sala de estar, por exemplo, é algo simples, funcional,separa os ambientes, e pode fazer qualquerbagunça na pia desaparecer, basta fechar as portas.As fotos dessa página são de um dos projetos deDébora. O cliente, um executivo de 36 anos, quetrabalha no mercado financeiro e fez apenas uma


22 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010MOTORPara brasileiros. Bem poucosPreto no branco. O TT White é um Audi esportivo feito sob medida para nós,ou melhor, para 15 privilegiados. É a nova onda de séries especiais para cada públicoTEXTO FABIANO PEREIRAVerde, amarelo, azul e... Eis aúnica cor que, como o nomeinglês indica, o Audi TTWhite exibe vínculo com opaís para o qual foi criado. Amenos que algum aficionadoestrangeiro da Audi importe por contaprópria, pela primeira vez existe um modeloda marca que nem europeus, nemamericanos, nem chineses, nem qualqueroutro mercado vai poder adquirir. Trata--se de uma série especial limitada a apenas15 unidades, identificáveis pelo visualmais agressivo, que serão vendidas exclusivamenteno <strong>Brasil</strong>. Elaborado a partir daversão RS do esportivo alemão, o TT Whitetraz, como contraponto visual, componentesde acabamento negros, brilhantese foscos. O Audi reflete uma pequena, mascuriosa tendência de fabricantes de automóveisde luxo de criar séries diferenciadaspara mercados estratégicos.O TT White é o primeiro importado deluxo criado para agradar brasileiros comum duplo senso de exclusividade, tantopelo aspecto do carro, sem igual mundoafora, quanto pelas ínfimas 15 unidadesFOTOS DIVULGAÇÃOO BentleyContinental: para oOriente MédioNo mesmo estilo,há os Rolls-RoycePhantom Baynunahe Phantom CoupeShaheen, preparadospara os EmiradosÁrabes Unidos.Pelo acabamentoainda maisrequintado,são dignos carrosde sheikprogramadas. Mas há outros casos recentesque seguem o mesmo caminho. Os inglesesBentley Continental Flying SpurArabia e Continental Flying Spur SpeedArabia são menos específicos em relaçãoao mercado-alvo. Foram feitos para ospaíses do Oriente Médio. Ainda por ali,mas mais pontualmente preparados paraos Emirados Árabes Unidos, os Rolls--Royce Phantom Baynunah e PhantomCoupe Shaheen são perfeitos carros desheik pelo acabamento ainda mais requintadodo que o modelo de produção.O TT White foi todo “customizado”para agradar a clientela brasileira, que, diferentedo que se pratica nos países árabes,prefere de longe um acabamento mais esportivode aspecto arisco que a reluzenteostentação das séries dos modelos britânicos.Sua grade dianteira e as bases dos espelhosretrovisores externos vêm na corpreto brilhante, padrão que o aerofóliotraseiro mantém. Este é maior que o RS jáexistente e vem preso à carroceria. Contribuindopara a agressividade no estiloestão as rodas de aro 18 também na corpreta e o pára-choque frontal esportivopintado de branco. A série especial custaR$ 216. 270,00.Todo esse jeito rústico que lembra carrosde corrida ou tunados se manifesta na práticapor meio de um motor de quatro cilindrosturbinado e com injeção direta de gasolinaFSI, que entrega 200 cv de potência e28,5 mkgf de torque — este de 1800 a 5000rpm — às rodas traseiras do veículo. O propulsordianteiro vem acompanhado decâmbio S-Tronic de dupla embreagem etira bom proveito da leveza do alumínio,que constitui 69% da carroceria. O aço ficaconcentrado atrás para melhor distribuiçãodo peso. Opcionalmente, pode-se pediro sistema “magnetic ride”, em que micropartículas magnéticas circulam no óleodos amortecedores e, em milésimos de segundo,mudam a rigidez deles por conta detensão elétrica, com uma forma adequadaa cada situação. São 240 km/h de velocidademáxima e uma aceleração de 0 a 100km/h em 6,4 segundos.Somente 50 Continental Flying SpurArabia e Continental Flying Spur SpeedArabia serão construídos. O Oriente Médiohoje representa 10% das vendas de varejoda marca, com o dobro da demanda decinco anos atrás. Da fábrica de Crewe, osArabia virão com um brasão próprio, rodasdiferenciadas, mesinha envernizadacom espelho atrás dos bancos dianteiros,chave com funções limitadas para valet(como o acesso ao porta-malas e porta--luvas), entre outros mimos. Sob o capô,um motor W12 de 6.0 litros. Para poucos.O TT White, esportivo no visual, com rodas de aro 18pretas; tem câmbio S-tronic de dupla embreagem (aocentro) e um motor de 200 cv de potênciaO TT White, feitoa partir daversão RS doesportivoalemão


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 23ESPORTESCUBA VOLTA A ASSUSTARFOTO DIVULGAÇÃO / FIVBOPINIÃOGabriel PennaNinguémmereceO caminho do <strong>Brasil</strong> no Mundial de Vôlei vai ser complicado. É que a garotada deCuba cresceu e, lembrando velhos confrontos, nos venceu num partidaço por 3 setsa 2, na segunda. As estrelas foram Hernández (na cortada), de 21 anos, e Leon, de 17.BATE-BOLABob Fernandes,jornalista,autor de BoraBahêeea!Que história é essa de torcer para Santos e Bahia?Pois é. É que cresci em São Paulo, mas meu pai é um baiano deséculos, me levava ao estádio, e depois me mudei pra Salvador.Após seis anos na fila, com escala na série C, agora sobe?Rapaz, como dizem na Bahia, um bom baiano não fazprognósticos. É uma maneira de driblar os maus eflúvios.O que está acontecendo com o time dentro de casa?Sobre Bahia 2 x 4 Icasa, nada a declarar. Isso é efeito de décadasde gestão personalista e centralizadora. O clube é uma espéciede síntese do estado. Tem toda aquela paixão, alegria, mas sofrecom o mandonismo e a pilantragem predatória no seu topo.Dizem que os baianos torcem por diversão, vão ao estádionão importando se o time ganha ou perde...É a cataracterista do torcedor baiano. Inclusive, nos clássicos,é normal as torcidas entrarem e saírem do estádio juntas.Mas não deviam cobrar mais do time?Já tentei algumas vezes e fui fragorosamente derrotado naproposta de lançar o movimento “não compareça ao estádio”,contra a esculhambação. Todos foram, e fiquei sozinho em casa.O técnico Renato Gaúcho fez bem ao Bahia?Se o time está entre os primeiros, certamente mal não fez.Os erros e as culpas no Bahia são maiores, estão nas cúpulas.E o Márcio Araújo, que assumiu em agosto, convenceu?Se subir para a série A, é um gênio, se não, é uma besta.“FRASE DA SEMANADizem que sou polêmico, mas não é verdade Salvador Palaia, polêmico presidenteinterino do Palmeiras, que aproveitou licença médica de Belluzzo para dissolver a diretoria de futebol e lançar uma auditoriaFOTO DIVULGAÇÃOMUSEU DO FUTUROO cartãoamarelo do bemde Felipe MeloReceber cartões não é novidade para o destemperadovolante brasileiro Felipe Melo, umexemplar colecionador de expulsões, entre elas,uma das maiores lambanças do <strong>Brasil</strong> na Copado Mundo da África do Sul. Fora os jogos pela seleção,ele levou 13 amarelos e dois vermelhos naúltima temporada. O mais recente deles, porém,foi uma surpresa tanto para o jogadorcomo para os espectadores da partida entre Juventuse Cagliari, pelo Campeonato Italiano, noúltimo domingo. Após o fim do jogo, que terminouem 4 a 2 para a Vecchia Signora, Melo ganhoudo árbitro Christian Brighi um cartãoamarelo com uma dedicatória,como prêmio pela mudançade comportamento.Este ano, fora essa, ele foiamarelado três vezes emoito jogos: quase um coroinha.O juiz, porém, nãonegou uma fina ironia.“Para o irmão bom de Felipe,com simpatia”, escreveu.Melhor assim.Nem todo mundo se interessa porvoleibol, eu sei, mas deixe-me contaruma história. Certa vez, os jogadoresda seleção brasileira partirampara um torneio no exterior. Viajarampor toda a madrugada e chegaramno início da manhã, exauridos,malucos por uma longa jornada desono. Bernardinho, um caxias incorrigível,marcou o treino para logomais às sete horas. Perguntado sobreo porque da linha dura, justificou: “Épara eles ganharem merecimento”.Simples. Os caras se esfolam, treinamhorrores, fazem sacrifícios e,então, vão para o jogo não apenascom um preparo exemplar comotambém a íntima sensação de que jásão vencedores. Não dizem, mas sabemque fizeram todo o esforço pormerecer, o que é meio caminho andado,talvez mais, para a vitória.Claro, o percurso é árduo e nemsempre em linha reta. O Flamengo,por exemplo, sofre no <strong>Brasil</strong>eirãodeste ano para merecer o título doano passado. Dá mais trabalho.O <strong>Brasil</strong> de chuteiras deviaouvir mais o Bernardinho.Dirigentes, técnicos,jogadores e, por que não,políticos. O Lula deveriafazer metáforas com o vôleiO <strong>Brasil</strong> de chuteiras deveria ouvire entender melhor Bernardinho. Dirigentes,técnicos, jogadores, craquesou pernas de pau, e por que não,políticos e governantes. O Lula deveriafazer mais metáforas com o vôlei.Ou o Serra, até para se diferenciardo adversário. As equipes do maisvitorioso treinador do esporte brasileiro,ao contrário do que aparentam,não são talentosas, mas trabalhadoras.Por mais estranho que seja,talento lá vem em segundo plano,pois não resolve e pode atrapalhar.Uma pena que esse exemplo nãochegue aos gramados, onde tanto semistifica essa virtude inata, o domcelestial, que assim acaba se tornandoum risco. Vejamos o insufladoNeymar, com o seu eterno estilo debomba-relógio. Explodiu e, ao invésde ser punido, derrubou o treinador,que esperava apenas que ele fizessepor merecer a volta ao time. Desperdício.Assim como a diretoria doSantos, a do Galo também faria bomuso dos mandamentos de Bernardinho.Respeitou demais aqueles quedizem merecer. Preferiu medalhõesbem acabados a ter o trabalho árduode lapidar o talento bruto. Agora,tenta convencer o time de que elemerece continuar na Séria A. Quemnão merece mesmo é o escaldadotorcedor atleticano.


24 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010ECONOMIA DE PALAVRASPaulo Lima SoraggiO Piscinagatee as orelhas quebradasMinha entrada para o universo da imprensa coincidia com a saída destemundo. O jornal funcionava no cômodo administrativo de uma funerária.A redação? Um sofá, duas escrivaninhas descascando papel Contacte duas máquinas de escrever Olivetti.Os ares até que não eram muito pesados graças à floricultura que funcionavano mesmo empreendimento. Enquanto um corpo era encanteiradocom as flores da morte, eu escrevia a incrível história da inauguraçãode mais um semáforo.Nossa intrépida equipe era chefiada pelo dono da funerária, às vezeseditor. Eu era repórter, revisor, faxineiro, fotógrafo, entregador de jornal,motorista, cobrador e fazedor de café.Nas matérias datilografadas eram registrados códigos que as encaixariamnos espaços delimitados na “boneca”, uma espécie de mapa emcartolina que orientava a disposição dos textos e publicidades.A boneca e as matérias pegavam o ônibus e viajavam mais de duzentosquilômetros até o município onde ficava a gráfica. Três dias depois, recebíamosos maços do tablóide. Os colaboradores e alguns espiões de antrospolíticos iam à redação para o ritual de etiquetagem dos jornais que seriamenviados aos assinantes. Café, cigarro e conversa boa. Na Kombi dafunerária, eu percorria as principais freguesias para renovar as bancas.Eu acreditava que minha máquina de escrever poderia fazer a revolução.Lembro de uma grande reportagem-denúncia. Disfarçado de mimmesmo, percorri todas as guaritas da linha férrea que cortava a cidade.Era lá que trabalhavam os servidores municipais responsáveis porbaixar as cancelas que impediriam o trânsito durante a passagem dostrens de carga. Um leitor havia ligado para alertar que aquelas casinhasnão tinham banheiro.O regime era de 24h de trabalho por 48h de folga. Poucos vizinhoscediam seus banheiros. A maioria dos servidores procurava um matinhopara fazer das tripas coração. Depois da primeira página, o prefeitomandou construir sanitários em todas as guaritas. E fui o herói da Revoluçãodo Trono.Houve o caso Piscinagate. Eu passava em frente à academia de ginásticado filho do prefeito. Ouvi o rosnar de um motor monstro. Nofundo da propriedade, uma retroescavadeira estava dentro de um buracoretangular. Pude distinguir a plaquinha da administração municipalna dita máquina.Corri para a funerária, digo, redação, e contatei minhas fontes. Meufaro estava certo: a máquina estava cavando a futura piscina da academiareal. Eu e minha máquina fotográfica corremos por aqueles passeios estreitos.A retroescavadeira ainda urrava no buraco. Esgueirei-me réptil.Foquei o emblema do município. Pronto. Estava flagrado o uso de umbem público na piscina onde o filho do prefeito ficaria ainda mais rico.No enquadramento, peguei o funcionário da prefeitura que trabalhavacomo motorista do prefeito. Ele me viu. Eu ventei. Ele dirigiu o Comodoroda prefeitura. Eu entrei no depósito da torrefadora de café e me jogueiatrás de uma pilha de sacos. Ele perguntou aos carregadores. Eu conheciaa rapaziada.A manchete fez o promotor de justiça chamar gente grande ao fórum.O prefeito foi obrigado a pagar, do próprio bolso, o aluguel da máquinae o óleo diesel consumido na empreitada. Tirei foto do promotorpara a sequência da história. De terno bege, ele ficou parecendo o TonyMontana em Scarface. Quanto a mim, finalmente consegui sair com afuncionária da funerária, digo, da floricultura. Eu, um influente homemdo quarto poder.A cidade recebeu um político, candidato a presidente pela primeiravez. Eu cobri. No palanque, um cara alto. Cabelos e barba brancos. EraLeonardo Boff. Gaguejei diante do herói da libertação de minha fé.Mas o candidato era outro. Barba preta, meio pançudo, orelhinhasquebradas, fala grossa. “Esse sujeito nunca vai ser presidente nem de asilo”,disseram atrás de mim.Lula foi pouco aplaudido por pouca gente naquela noite.A manchetefezo promotorde justiça chamargente grandeao fórum.O prefeito foiobrigado a pagar,do próprio bolso,o aluguel damáquina e o óleodiesel consumidona empreitada.Tirei foto dopromotor paraa sequência dahistória. De ternobege, ele ficouparecendo oTony Montanaem Scarface.Quanto a mim,finalmente conseguisair com afuncionáriada funerária,digo, da floricultura.Eu, um influentehomem doquarto poderPaulo Lima Soraggi é escritor,músico e graduado em letras.


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 25PEQUENOS ABSURDOSEmilio FraiaEm caso de perda,devolver paraNa volta para o quarto, uma pensãozinha vagabunda recomendadapelo Lonely Planet (“a truly lovely hideaway”), a Simone falou qualquercoisa sobre o lugar onde havia tomado o chá de hortelã. Nos trêsdias que passaram na cidade, acabavam sempre naquele lugar. Eraum barzinho no pé da montanha. Não tinha nada de especial, pelocontrário: dentro, um homem dividia espaço com o fogão, canecas dealumínio e uma dúzia de copos. À frente, a tábua que servia de balcãodava imediatamente para uma espécie de quintal, um quadrado deterra batida onde, num canto, cadeiras de plástico subiam em umapilha tímida, algumas rachadas. Um grupo de homens ao redor deuma mesa jogava um jogo de tabuleiro com pedras brancas e pretasque por mais que prestasse atenção, Bruno não conseguia entender.O lugar só servia chá de hortelã, mais nada. Os clientes pegam umacadeira e sobem a encosta. Escolhem um lugar e esperam. Depois deum tempo, o dono do bar aparece, com uma mesinha, copos e o cháfumegante em uma das canecas grandes de alumínio. Foi um amigodo Bruno que morava em Granada que falou daquele lugar. Segundoele, tinha sido descoberto pelos hippies que, no rastro do haxixe marroquino,chegavam em grupos cada vez maiores desde os anos 60. Doalto, se vê as lavadeiras à beira do rio. Há uma agitação obscura, amesma que faz com que a gente, sem saber muito bem por quê, decidavoltar a certos lugares.Isso era mais ou menos o que estava escrito na caderneta que encontreino ano passado, numa cabine telefônica, em Hampstead.Apesar do casal ser espanhol (o que era possível deduzir aqui e alipela leitura do relato), o inglês era bastante correto, e por algum motivo,quase tudo estava em inglês. Era um desses caderninhos compradosem museu — na capa, o caracol do Matisse — e tudo indica quea última semana daquela viagem havia sido em Londres. Pareciamestar em lua-de-mel. Tinham a minha idade, um pouco mais novos,talvez. O texto da caderneta, comparado ao que acabo de contar, eramais emocional, com menos ênfase nos detalhes. Também não haviao menor indício de ironia. Talvez um humor ingênuo — do tipo detestável,mas que com o tempo entendi que soava simpático, e as pessoas,afinal, gostam de textos bem-humorados, não é mesmo?Sou formada em Letras, mas ao contrário da maioria dos meus colegas,não faço mestrado. Assim que terminei a faculdade, decidi viajar.Também não é muito original, eu sei. Estou em Londres há doisanos. Consegui emprego numa escola e moro num quarto e sala emBrent Cross. Às vezes, para me divertir ou porque chove muito, voltoà caderneta. Sinto um certo desprezo pela história toda, principalmentepor causa da mulher, Simone. Quando conto o episódio paraamigos ou gente desconhecida, não falo dela. Ou, em alguns casos,dependendo do meu humor, ela aparece pouco, ou uma única vez:para fazer um comentário sem importância sobre o lugar do chá dehortelã, e só.Para mim, na maior parte do tempo, o Bruno está sozinho. Enquantoespera o chá, faz círculos na areia com um pedaço de galho. Namontanha em frente, há uma mesquita semidestruída. Na rua, umhomem vende repolhos (ficavam empilhados a sua volta, como sefossem emparedá-lo). Ao lado, um cego tentava vender um único limãoenrugado. Não demorou e o dono do bar aparece, trazendo ocopo com folhas de hortelã, o chá na caneca de alumínio. Volto semprea esse ponto, e cada vez tento pensar num final diferente para ahistória. Em praticamente todos, eu pego o telefone e ligo para o númeroanotado na última página da caderneta. Do outro lado, atendeum homem. Então combinamos a devolução, no sábado, que é o meudia de folga.Pareciam estarem lua-de-mel.Tinham a minhaidade, um poucomais novos,talvez. O textoda caderneta,comparadoao que acabode contar, eramais emocional,com menos ênfasenos detalhes.Também não haviao menor indíciode ironia.Talvez um humoringênuo — do tipodetestável, masque com o tempoentendiquesoava simpático,e as pessoas,afinal, gostamde textos bem--humorados,não é mesmo?Emilio Fraia, 28, é editor da Cosac Naify, jornalista (foi repórter dasrevistas Trip e piauí) e autor do romance O Verão do Chibo(Objetiva /Alfaguara), em parceria com Vanessa Barbara.


26 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010VIDA


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 27“Não vou abrir umrestaurante paraimportar arenquesvelhos e fazer ummuseu gastronômico”Simon Lau CederholmTEXTO LUIZ HENRIQUE LIGABUEFOTOS CRISTIANO MARIZLoiro, olhos azuis, pele vermelha curtidaao sol do cerrado e sotaque pronunciado.Tecnicamenteeàprimeiravista,umgringo.A foto acima não mente. E nome e sobrenomeconfirmam a tese: Simon Lau Cederholmé dinamarquês de nascimento. Mas,depois de ter chegado ao país em uma viagemépica de bicicleta nos anos 80 — de Caracasao Rio de Janeiro —, descobriu que suavocação era a de ser brasileiro. O Simon virouSimão, como gosta de ser chamado. Enão é que quase 20 anos depois de chegarpor aqui Simon se tornou rei do <strong>Brasil</strong>? Nocomeçodestemês,entreoutrosprêmios,foieleito o chef do ano pelo Guia Quatro Rodas.Antes do reconhecimento, Simon já eraconhecido, entre os cozinheiros, como odesbravador do cerrado. Em um congresso,apresentou a baunilha do cerrado para aclasse gastronômica paulistana. Mais. É umdos grandes entusiastas desse terroir, repletode guarirobas, pequis, carne de porcoe saberes populares. O chef é um verdadeiroembaixador do cerrado, função quetrouxe do antigo ofício, a arte da diplomacia— foi adido cultural e depois vice-cônsulda Dinamarca em Brasília. Seu restauranteAquavit funciona em uma casa modernistano Lago Paranoá e é a cara dele.Além de ser também sua residência, é umprojeto assinado pelo então arquiteto SimonLau Cederholm. Pois é, a arquiteturaconversa com a gastronomia, “elas sãofruto da mesma sensibilidade artística”,ensina Simon. Conheça nas páginas a seguirum pouco de uma Brasília cheia de saborestípicos do cerrado, mas com um levesotaque dinamarquês.


28 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010SVIDASeu envolvimento com a cozinhavem da infância?Minha mãe é russa e nos finaisde semana todos cozinhavam. Issosempre foi uma coisa relacionadaà família e as crianças ajudavam desdecedo. Minha mãe falava: “melhor elesfazerem bagunça agora e aprenderem(a cozinhar), pois isso vai ser útil”.Adorávamos acordar meus pais como café da manhã no domingo. Nos anos70, minha mãe começou a trabalhar.Tínhamos 10 anos nessa época, elesaumentaram consideravelmentea mesada e a cada dia um dos filhos eraresponsável por fazer as compras,cozinhar e deixar tudo brilhando depois.A comida saía gostosa?Meus pais contaram que no início erahorrível, mas aprendemos com o tempo.O que saía melhor era o meu predileto,tortellini ao molho branco.Qual é o prato de sua infância?Os da minha avó. O que eu mais gostavaeram os pirog, pequenos salgadinhosrecheados com carne, ovo e dill.Também gostava muito de blinis, que elafazia em fevereiro, época de carnaval.As ovas de salmão chegam na época maisfria. Comprávamos ovas frescas no portoe não custavam nada.Como foi que a cozinha profissionalapareceu na sua vida?Aos 15 anos, comecei a lavar louçaà noite em um restaurante da mãede uma amiga. Era um restaurante dealta gastronomia e eu achava fantástico.Pensei em ser cozinheiro, mas meuspais não achavam uma boa ideiatrabalhar como operário. Eu tinha aoportunidade de cursar a universidade,coisa que meus pais não fizeram. Elesfalaram para eu estudar primeiro edecidir depois. Fui fazer arquitetura.Durante todo o tempo continueitrabalhando como cozinheiro.Como ouviu falar do <strong>Brasil</strong>?Estudei em uma escola particularsuper de esquerda. A ideia era ensinaros alunos a serem revolucionáriosatravés do conhecimento. Existiamvários projetos, como os do TerceiroMundo. Lembro de um livro noqual tínhamos que fazer comparaçõesentre Cuba e <strong>Brasil</strong>. Assistíamos a ummonte de filmes sobre o <strong>Brasil</strong>, e quandocheguei aqui já sabia o que era Sucam,Incra, Funai. Naquela época, Cubaestava bem mais em alta do quehoje, e o <strong>Brasil</strong> era um mau exemplode desenvolvimento.Você chegou ao <strong>Brasil</strong> de bicicleta.Conte um pouco sobre essa viagem.Tinha um amigo e nós viajamos debicicleta para todos os lugares, Grécia,Turquia, Escandinávia, e resolvemosfazer uma viagem de Los Angeles àCaracas. Quinze dias antes, fui visitaroutro amigo que perguntou se eu sabiaquem era João Gilberto, aquele do Girlfrom Ipanema. Ficamos a noite inteiraescutando o disco, aquele famoso danoite do Carnegie Hall de 1962 (BossaNova at Carnegie Hall), e fiquei doidocom essa música na cabeça. Liguei prameu outro amigo e falei para começar emCaracas e descer até o Rio de Janeiro.Sabia o que vinha pela frente?Não sabíamos de nada. Tínhamos ummapa, fomos nos lugares mais malucos,cheios de garimpeiros. Não sei como nãoaconteceu nada. Achei a Venezuelamuito civilizada pro meu gosto, cheiade famílias indo para a Amazônia demotor home. Mas Roraima há 25, 30anos atrás, era mato, foi do jeito quehavia imaginado, exótico. Não podíamosatravessar uma reserva indígena.As pessoas falaram que eles atacavame pensei: “Meu Deus, posso ser morto poríndios! Prefiro mil vezes morrer assim doque atropelado em Copenhague em umdia de chuva”. Atravessamosde jipe, mas depois conhecemos o <strong>Brasil</strong>pedalando. Fomos até Manaus, pegamoso barco até Santarém, descemos o rioTapajós até ele cruzar coma transamazônica, entramos nelae seguimos até Altamira, lotadade garimpeiros, e chegamos em Belém.De lá descemos todo o litoral.O que te impressionou nos brasileiros?Aqui encontrei pessoas mais abertas,mais sorridentes, e que não travam umaluta de status ao se encontrarem.As pessoas olham nos olhos quandoconversam e isso faz com que você sesinta muito bem recebido socialmente.Acho que os brasileiros têm uma altaautoestima. Isso torna a convivênciamuito mais fácil.Há quanto anos você está no país?A primeira vez que coloquei o pé aquifoi em 1986, fiquei 10 anos indo e vindoe, em 1996, me mudei para Brasília.Conheceu a Amazônia, se apaixonoupelo Rio de Janeiro, e escolheu morarem Brasília. Por quê?Porque conheci Luiz Otávio (sócio noAquavit). Queria ser arquiteto e elearrumou um estágio. Vinha para cá emMeu Deus, posso sermorto por índios!Prefiro mil vezes morrerassim do que atropeladoem Copenhagueem um dia de chuva


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 29Na horta do Aquavit, Simãotem em mãos a flor comestívelcapuchinha. Em segundo planohá uma profusão de alecrim e,ao fundo, folhas largas de taioba


30 | Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010VIDAtodas as férias. Aí abriu vaga para adidocultural na Embaixada da Dinamarca ecomecei a trabalhar aqui.Como era a vida de diplomata? Isso teajudou a entrar no mundo da cozinha?Fazia exposições de arte, até fui curadorde uma exposição de designdinamarquês na Pinacoteca de SãoPaulo. Mas o tempo todo eu mantinhao sonho de abrir um restaurante. Umdia, fui assistir Simplesmente Martha, saído cinema e tomei a decisão: Simão (elegosta de ser chamado de Simão), vocêestá com 38 anos. Chegou a hora de terseu restaurante. Voltei para Copenhaguee fiquei seis meses trabalhando feito umdoido para me atualizar.Quando nasceu o Aquavit?Voltei e comecei a fazer jantares para fora.Morava na casa que hoje é a do caseiroenquanto construía a da frente. Abri orestaurante bem aos pouquinhos, nocomeço era só sexta e sábado, e foi indo...Como você vê Brasília?Brasília é uma obra de arte. Uma cidadeinteira, bem-sucedida, feita sob amesma filosofia. É um paraíso. Recebomuitos arquitetos dinamarquesesque ficam emocionados.Enxerga paralelos entre elae as cidades dinamarquesas?Na Dinamarca os bairros modernistassão para a classe operária. É engraçadover bairros parecidos, mas que aqui sãochiques. Ninguém com granana Dinamarca mora em um prédiode concreto dos anos 60. O Modernismoaqui tem muito mais status.Como o arquiteto convive como cozinheiro?As profissões têm muito a ver. Você usaa sua sensibilidade para criar um pratoou para desenhar uma casa. Sãoos mesmos ingredientes: criatividade,execução perfeita e bagagem cultural.Quem são suas referências no mundogastronômico?Erwin Lauterbach. Ele começouo movimento nórdico que hoje estáganhando prêmios. Foi o primeiro a usarprodutos bem dinamarqueses.Até a década de 80, a alta cozinhadinamarquesa era a francesa.Que produtos são esses?Os que as avós usavam. Temos um certorefinamento no uso de batatas. As maisnovas são colhidas no final de maio,junho, cremosas, fantásticas.Ele começou a servi-las no restaurante.Fez assim com muitos outros produtos,como os peixes locais, que erammenosprezados. Trabalhei no seurestaurante, o Saison, ele é minhareferência. Sempre fico pensandoo que ele acharia das coisas que faço.O que é a cozinha nórdica?Há cerca de 10 anos, um grupode cozinheiros, entre eles o ErwinLauterbach, fizeram o ManifestoNórdico, uma lista de como deveria sera cozinha nórdica, que priorizou o usode produtos locais, de preferênciaorgânicos. Criou a obrigação docozinheiro pesquisar, estudar e resgatartécnicas e produtos antigos. Tambémsurgiu como uma reação contra produtosde fora e a industrialização na comida.A nova cozinha dinamarquesatem sotaque espanhol?Acho que essa é a diferença entre ErwinLauterbach e René Redzepie (chef doNoma, eleito o melhor restaurante domundo, segundo a revista Restaurant),da nova geração. Lauterbach continuatrabalhando na escola francesa comprodutos dinamarqueses, usa a nouvellecuisine. René foi para Barcelona. Dessaconexão entre as técnicas espanholase os produtos dinamarqueses, nasceua nova cozinha nórdica.O que você busca nas suas criações?Fiz mais ou menos a mesma coisa.Quando cheguei ao <strong>Brasil</strong> conheciaas técnicas francesas e as tradiçõesdinamarquesas. Procurei traduzir issousando produtos daqui.Você é um divulgador do cerrado?Você tem que usar o que tem à mão.Não vou abrir um restaurante paraimportar arenques velhos e fazer ummuseu gastronômico com a tradição daDinamarca.A ideia foi bem recebida?Sofri um pouco com preconceito. Pequié o maior exemplo, fiz um pratoinspirado na feijoada da Helena Rizzo(chef do restaurante Mani de São Paulo).FOTO ARQUIVO PESSOALSaí do cinemae tomei a decisão:Simão, você estácom 38 anos.Chegou a horade ter seurestauranteFOTO ARQUIVO PESSOALSimon, já meio Simão, em um de seus trabalhos nas cozinhas dinamarquesas, em 2003Esferifiquei (técnica espanhola) pequie servi com arroz negro de Goiáse torresmos. Servimos como amuse--bouche e não contamos o que era.As pessoas falaram: “Porra, Simão. Vocême fez comer pequi, e o pior é queestava uma delícia”. Isso foi umavitória. Mas é um exemplo extremo.Como eu só ofereço um menu, aspessoas ficam induzidas a provar coisasque não comeriam em um cardápionormal. Isso é legal porque atravessamalguns limites.No mundo politicamente correto,ainda há espaço para foie gras, baleia,atum e tartaruga?Devemos ter claras as consequênciasdo que fazemos. Nunca serviria algo queestá em extinção. Não vou servirtartaruga selvagem. A reação com foiegras é um pouco exagerada.Você queria um restaurante chique?Meu sonho nunca foi ter um restaurantechique. Queria um lugar para brincarcom as criações sem ter tantos limitesfinanceiros. É muito mais divertidoum restaurante com uma propostagastronômica.Mas o Aquavit, afinal,é um restaurante de luxo?Não é um restaurante de luxo. Não temosum monte de funcionários, louçasfantásticas, mas, para compensar, temosa vista, a arquitetura e as obras de arte.Queria o ambiente do restaurantedescontraído. Não acho que para comerbem você deva ter um monte de regrasfrancesas antigas. Quero um lugar ondese coma bem e ponto.Um Simon jovenzito e franjudo em viagem (de bicicleta, é claro) à Bulgária, Grécia e Turquia, em 1982Quais são os encantos do cerrado?Vejo o cerrado não só como natureza, mascomo terroir. O milho do Centro-Oeste éincrível, o melhor da faceda Terra. Os produtores que vendemo milho na feira perguntam o que você vaifazer com ele. Para pamonha não pode sermuito verde, para refogar o melhor é onovinho, branquinho. Isso é a culturagastronômica na sua essência. Uso muitoessas tradições. O palmito guariroba é omais conhecido, mas tem a baunilha, queé grande estrela do cerrado.


Outlook | Sexta-feira, 1.10.2010 | 31Como é ter um dos melhoresrestaurantes do país fora do eixogastronômico?Quando contei do projeto, me disseramque eu ia quebrar a cara, que “ninguémquer comer essa comida aqui”. Queriamcarne e risoto. Como chef você tema responsabilidade de abrir os olhosdas pessoas. Não é só um negócio.Não seria mais fácil e recompensadorter um restaurante em São Paulo?Não sei. Agora que fui eleito chef do ano(pelo Guia Quatro Rodas) será fácil dizerisso. Você não precisa estar no centrodo furacão se faz algo legal. E outracoisa. Em Brasília há pessoas muitosofisticadas, altos funcionários,que viajam, conhecem os melhoresrestaurantes do mundo. Existeum mercado para a alta gastronomia.O que muda no cotidianocom prêmios comoesse do Guia Quatro Rodas?Dá energia, porque um restaurantepequeno é muito trabalhoso. Issoé o combustível para continuar,para a equipe toda foi fantástico,eles enlouqueceram.Quais grandes políticosfrequentam o Aquavit?A Marta Suplicy vinha muito. Mas aquinão é lugar frequentado por políticos.Meus clientes são funcionários públicosde alto escalão, o pessoal do Congresso,do Itamaraty e, agora, turistas quequerem conhecer o Aquavit.Ainda se sente um gringo no <strong>Brasil</strong>?Depende. Uma coisa que adoro noPaladar (caderno de gastronomia doEstadão) é que sou tratado como goiano.A única coisa que atrapalha é o meusotaque.Onde se sente mais em casa, no <strong>Brasil</strong>ou na Dinamarca?Cada vez o <strong>Brasil</strong> está mais a minha casae a Dinamarca, menos. Sou cada vezmais exótico quando vou para lá. Achodifícil voltar, mas adoro passar férias.Já se naturalizou?Isso é outra história. Se eu me naturalizarperco minha cidadania dinamarquesa,sinto que ainda não estou preparado paraisso. Sou dinamarquês, não há comonegar.O que você gosta de comer?O que mais gosto é quando dona Neusa(mãe de Luiz Otávio, sócio dorestaurante) faz comida. Ela é goianae cozinha muito bem, é uma fontede inspiração. Ela faz arroz com suãe banana frita, e faz todos os grandesclássicos brasileiros, bobó de camarão,pato no tucupi, uma delícia. Adorotambém bife de patinho bem batido comarroz, feijão, farofa, ovo frito e saladade tomate.Em Brasília há pessoasmuito sofisticadas,que conhecemos melhoresrestaurantesdo mundo. Existeum mercado paraa alta gastronomiaa fruta tão deliciosa como essa não podiamatar. Comemos dez, era caju! Eu nuncatinha visto um caju antese ele conquistou meu coração.Que grande prazer você tem quandonão está na cozinha?Receber. Como durante a semananão tenho tempo de ver meus amigos,faço muitas festas no domingo.Mas o que gosto muito e não tenhoconseguido fazer é ir ao cerrado, viajarpara a Chapada dos Veadeiros,Pirenópolis e Goiás Velho (cidadede Goiás). Em janeiro, vou paraBoipeba (na Bahia), onde realmenteconsigo relaxar. Também adoro oCarnaval do Rio de Janeiro. Desfilohá quase 20 anos.Como você imagina seu futuro?Estou com esse conceito do Aquavithá seis anos. Fico com vontadede abrir alguma coisa no Plano Piloto.Ter aqui como um lugar de criaçãoe, lá na cidade, algo mais acessível.Quero ter um restauranteonde não abra mão dos meus princípios,mas que não tenha que usar produtosde luxo.Você pensa em ir para São Paulo?Sempre que chego em São Paulo mequestiono sobre por que não venhopara onde tudo acontece.Mas olha isso aqui (aponta paraa janela com a vista para o Lago Paranoá,a mata verde e a cidade ao fundo).Por que iria deixar isso aqui?E as frutas?Lembro quando a manga chegou naDinamarca, nos anos 70, mas elastinham gosto de maçã de tão verdes. Naviagem de bicicleta, na grande savana daVenezuela, acabou a água e vimos umaárvore com uma fruta vermelha e umpequeno nó embaixo, linda. Nãosabíamos o que era. Ficamos em umdilema entre morrermos de sede ouenvenenados. Provei uma e conclui queMAKING OFUm final de semana em Brasília. Foi nessas condições, em plena seca do Centro-Oeste, que esta reportagemsurgiu. Desembarquei no sábado para um almoço inspirador. Dona Neusa, sua filha Sílvia e a faz-tudo Rosângelapreparavam um típico almoço goiano. Arroz com pequi, filé picadinho na ponta da faca, feijão, milho e salada.Delícia. Simon tem razão, Dona Neusa (mãe de seu sócio) é cozinheira de primeira. De lá seguimos parao restaurante, afastado da cidade, pois a preparação da Festa de Babette nos esperava. Mais um banquete.Na manhã seguinte, duas horas de conversa (gravadas) renderam a entrevista. Outro almoço com Dona Neusa,sol na piscina, e o repórter dá adeus ao cerrado, antes das chuvas acabarem com os 123 dias da seca de 2010.


FIM DE PAPOSimon e equipe a todovapor para reproduziros pratos do cinemaA festa do chef BabetteFoi na estante de uma loja que nasceu a ideia.Bastou uma simples batida d’olhos no DVD de AFesta de Babette, e o elã se deu: “Taí. Vou fazero jantar da Babette”. Simon, conhecido por suacriatividade — todos os meses, há seis anos,refaz completamente o cardápio do Aquavit —,vira um artesão, um executador de receitas.Ele e sua brigada, registre-se.Se não foi tarefa simples chegar às receitas daescritora dinamarquesa Karen Blixen queaparecem no conto que deu origem ao filme,imagine, então, executar pratos clássicose sofisticados do século 18. Esse menu,de cinco movimentos, pede todas as iguariasdestinadas aos nobres e barões de então:tartarugas, caviar, foie gras, trufas negras,queijos, frutas e vinhos, comme il faut. Por isso,há seis anos, virou um concorrido eventobrasiliense. Há fila de espera e custa R$ 350.Para transpor esse cardápio ao mundo dosmortais, o chef foi obrigado a fazer algumasconcessões (ovas de salmão no lugardo verdadeiro caviar e vinhos mais baratos queo nada prosaico Clos de Vougeot 1845, servidono filme), tudo para fazer da Festa do Simon umprazeroso banquete anual. O ritual começa coma projeção do filme, enquanto a brigada faz sairdas panelas os cheiros aprisionados na tela.Terminada a sessão de cinema, estômagosa postos, todos os 35 convidados seguem paraa mesa. A sopa de tartaruga chega como abrealas, é deliciosa e feita com tartaruga certificadapelo Ibama. Os blinis Demidoff trazem o milagreda multiplicação: fazem você diminuiro tamanho da garfada à medida que a comidavai desaparecendo, tudo na tentativa deprolongar a degustação. E chegam asemblemáticas cailles en sarcophage. E não é queas codornas ficam mais simpáticas quando estãogordas, recheadas com foie gras e trufas negras?Salada, queijos e babá ao rum seguem, cada umcom seu encanto, os prazeres da noite.O cafezinho vem avisar que festa terminou,infelizmente. Ano que vem tem mais.IMAGEM REPRODUÇÃO

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