O_Pestinha666 15-05-2024, 23:41
Sporting - FC Porto - Mónaco - Wolverhampton - SC Braga - Portugal: 1000 jogos. Uma marca histórica. João Moutinho - o segundo jogador mais internacional pela seleção portuguesa, apenas atrás do capitão Cristiano Ronaldo - prepara-se, de forma previsível, para atingir a marca 1000 na visita à Luz.
Depois de um começo de época atribulado - com algumas polémicas pelo meio - Moutinho, em novembro, agarrou o lugar no 11 de Artur Jorge e, a partir daí, tornou-se peça chave no conjunto arsenalista. Esta época, são já 22 jogos, dois golos e uma assistência. Um prenúncio de mais uma época regular e carregada de jogos.
De resto, algo muito usual na carreira do português. A última temporada abaixo dos 34 jogos foi em 2004/2005 - primeira época como profissional de Moutinho.
Aos 37 anos, o jogador caminha - de forma natural e gradual - para o jogo 1000 e o zerozero, após dissecar os números do atleta, falou com Tonel - o oitavo colega que mais vezes jogou com Moutinho [pode ver aqui a lista completa] - para uma conversa sobre o percurso do internacional luso.
Afirmou-se no Sporting com apenas 18 anos e «cresceu rápido» no mundo do futebol. Tonel realizou um total de 183 jogos ao lado de Moutinho, viu o «menino» tornar-se num adulto e deixou elogios à parte mental do atleta.
«O que mais me surpreendia no João era que, com 18/19 anos já apresentava uma maturidade diferente da maior parte dos miúdos da idade dele», começou por referir ao nosso portal.
João Moutinho 15 títulos oficiais |
«Ele era muito focado e dedicado à profissão e vivia - com aquela idade - apenas e só para o futebol. O João tinha uma capacidade de trabalho fora do normal. Para além disso, ele detestava perder e fazia tudo para ganhar. Ele no que se metia era bom», prosseguiu.
«O que eu mais salientava dele, não só dentro de campo mas também fora - pelos convívios que tive com a família dele - é que o Moutinho era um homem feito. Ou seja, já era um homem de família. Ele cresceu rápido, mas cresceu com naturalidade, já era muito maduro, tendo sido uma vantagem para a carreira dele, porque não queimou etapas. Isso, aliado às qualidades dele, fez o Moutinho chegar onde chegou», completou.
Sem esquecer a questão física e técnica, o ex-central do Sporting elogiou a capacidade de trabalho do jogador do SC Braga e apontou para genética «perfeita».
«O fator genético é importantíssimo. É algo que não controlamos, nem podemos trabalhar e já nascem com alguns. Todos têm a sua [n.d.r: genética], mas a do João é... [pausa] perfeita para um jogador de futebol. E depois, claro, importa destacar a dedicação dele», sublinhou.
«Eu tenho a convicção que ele, ainda hoje, é tão bom ou melhor profissional do que era aos 18 anos. O João trata muito bem do corpo, apesar de não ser um jogador forte em termos de altura ou 'contacto', mas é muito regular e tem cabeça. Acredito que vai estar mais uns anos neste patamar.»
Tornou-se rapidamente uma figura no Sporting e um dos capitães, contudo, de forma bombástica, decidiu abandonar os leões em 2010. Altura em que ficou marcado como uma «maçã podre que contaminava o grupo» após a conferência de imprensa insólita de Bettencourt. Momento também onde decidiu seguir para Invicta.
Uma transferência que deixou todo o mundo futebolístico, em Portugal, de queixo caído, sendo que, para Tonel não foi diferente: «Fiquei surpreendido, porque o Moutinho era capitão e uma referência do Sporting.»
«Em 2010 decidiu mudar de ares e nós, que estávamos a treinar, sabíamos que ele estava a forçar a saída», completou admitindo que esperava ver Moutinho muitos anos de leão ao peito.
«Eu via nele um símbolo do Sporting e alguém que pudesse fazer uma carreira longa lá, assim como criar uma marca forte. Mas isto faz parte do futebol e a verdade é que o Moutinho foi para o FC Porto e conquistou muitos títulos. Fez o seu percurso e faz parte da carreira de um jogador», sublinhou.
No FC Porto, Moutinho viveu o melhor período da carreira: três campeonatos, três supertaças, uma Liga Europa e uma Taça de Portugal. Um percurso praticamente imaculável que levou o médio luso a outros voos.
Depois de três épocas nos dragões, Moutinho seguiu para o Mónaco - onde foi campeão francês - e esteve cinco épocas nos Wolves. No último verão, o médio esteve próximo do FC Porto - chegou a fazer exames médicos - mas acabou mesmo por aterrar em Braga.
Sob o comando de Artur Jorge, o jogador de 37 anos tem sido uma das principais peças no meio campo e Tonel considera que, apesar de não estar no FC Porto, a motivação de Moutinho é a mesma.
«Não tenho dúvidas que o Moutinho está motivado por estar no clube onde está, apesar de não lutar - ao contrário de FC Porto e Sporting, clubes onde ele já passou -, de forma vincada, por títulos», elucidou.
«Com a idade que ele tem, já saiu um pouco do grupo da seleção - onde esteve muito tempo e foi importantíssimo. Mas, no SC Braga, penso que ainda tem condições para estar vários anos num nível elevado. É um jogador focado, dedicado, faz bem as coisas e vai continuar com um bom rendimento durante vários anos. Está num clube muito bom, ainda que, acho difícil lutar pelo título de campeão», finalizou.