Ex-São Bento, Yasuhito Endo volta ao CIC

Em 1997, Yasuhito Endo treinava de azul no estádio Walter Ribeiro, o CIC. O volante, que na época tinha 17 anos, vestia a camisa do São Bento. Dezesseis anos depois, o jogador retorna a Sorocaba para treinar novamente de azul. A camisa, porém, não será a do Bentão e, sim, a da seleção japonesa.

Com 33 anos e duas Copas do Mundo no currículo (2006 e 2010), Endo volta à cidade onde treinou como profissional pela primeira vez. O técnico da época, o ex-goleiro João Abelha, lamenta não poder reencontrar o volante. "Fiquei sabendo que os ingressos (para o treino) acabaram muito rápido. Não poderei ir. Fico triste, até porque ele veio ao Brasil no fim do ano passado e ele pediu para o Zé Carlos (técnico e ex-jogador), que o trouxe para cá, para que eu fosse encontrá-lo. Mas como eu trabalhava no Taubaté e tinha jogo, não pude encontrá-lo", lamenta.

A visita de Endo ao Brasil, que Abelha se refere, aconteceu em dezembro do ano passado. O jogador veio gravar um documentário para uma emissora japonesa e passou pelo CIC e também pelo Centro de Treinamentos do Humberto Reale. Na ocasião, Endo falou sobra a importância da sua passagem pelo Azulão. "Eu nunca tinha jogado em um time profissional. Foi muito importante este contato para mim", disse na época.

Zé Carlos dava aulas de futebol ao garoto no Japão e viu nele potencial e vontade. Assim, o indicou para João Abelha, que, por conta de passagens pelo futebol japonês, dominava o idioma e pode ajudá-lo. "O que mais destacava nele é algo que já vem da cultura japonesa: a vontade de aprender e de treinar", disse Abelha. "Naquela época, ele era só um garoto, não posso dizer que já via nele potencial para ser jogador de seleção. Hoje que ele faz parte da seleção, é fácil falar", comentou.

Abelha acredita que a passagem de Endo pelo Brasil foi fundamental para o jogador. "Muitos garotos fazem intercâmbio no Brasil, mas acabam não treinando de verdade. O Endo participava de todos os treinos e até dos coletivos. Ele sonhava em ser jogador profissional", disse.

Na opinião de Abelha, a marcação e a disciplina sempre foram os diferenciais do jogador. "Ele tinha um bom passe, marcava forte e conseguia dar passes longos", comentou. "Eu falo japonês, então o orientava, mas tem a linguagem do futebol, que é a repetição. E ele fazia tudo direitinho, com muita vontade", relembrou.

E os frutos desta passagem pelo São Bento são reconhecidos pelo jogador. Na vinda de Endo a Sorocaba, no ano passado, ele falou sobre o sentimento que tem pelo clube. "Meu time no Brasil é o Palmeiras, mas o São Bento está no meu coração."

Abelha no Japão

Ídolo do São Bento nas décadas de 80 e 90, João Abelha também fechou gols do outro lado do planeta e, por isso, fala com propriedade sobre as chances do Japão na Copa do Mundo de 2014.

"É um futebol que está evoluindo, que passou por um processo de profissionalização e que tem jogadores que defendem grandes times. Pelo grupo do Japão na Copa, acho que o Japão deve passar para as oitavas e que pode chegar até às quartas de final, dependendo dos adversários", avaliou. A seleção nipônica está no Grupo C e terá a Costa do Marfim, a Grécia e a Colômbia como adversários na primeira fase.

De 1989 até 1991, Abelha defendeu as cores do Honda, no Japão, e de 1993 a 1995 foi treinador de goleiros no Kashima Antlers. "Eu fui o primeiro goleiro e o primeiro preparador de goleiros brasileiro no Japão. Passei, junto com outros brasileiros, como o Zico, pelo processo de profissionalização do futebol no Japão, que ocorreu em 1993. Então, eu posso falar que hoje o futebol do Japão é muito bem organizado, graças também aos brasileiros que colaboraram para isso", comentou. (Por Rafaela Gonçalves)